sábado, 11 de agosto de 2012

Sensações pós regresso

O meu primeiro dia aqui na terrinha do Sol nascente foi muito curioso. Muito diferente do meu regresso ao Brasil, a sensação que tive foi muito boa. Gostei de estar voltando pra cá. Parece que tudo se resolve com mais facilidade para mim quando estou do lado de cá.
Estava ansiosa para ver o meu novo apartamento e quando cheguei no prédio já gostei da localização. Quando entrei no apartamento gostei mais ainda. O apartamento é single de apenas um quarto, como a muitos apartamentos aqui no Japão , mas é super espaçoso e bem conservado.
Como eu já havia postado antes, até para abrir a conta no banco não tive dificuldades. O senhor da Fresh Service (meu novo contratante) que me acompanhou ao banco como intérprete havia comentado comigo minutos antes de abrir a minha conta de que ele sempre encontra impecilhos para abertura de contas de brasileiros naquele banco e que talvez fosse necessário procurar outro.
Lá fomos nós no banco e não tive problema algum. O detalhe é que no Japão todos os bancos, administradoras de cartões de crédito , e outras instituiçoes sempre exigem que o próprio cliente preencha o seu cadastro , mesmo que seja em letras romanas. Se a pessoa conseguir escrever pelo menos o nome em Katakana e o endereço, já é uma grande coisas. Aliás, eu me lembrei agora que o cadastro da internet foi o atendente japa que preencheu. Sei lá se vai passar...aiaiai. Semana que vem quando eu for novamente entregar meu cash card para compor a minha documentação terei que lembrar de consultar o atendente sobre esta questão.
Á parte destes detalhes , o mais curioso mesmo foram as minhas sensações . Eu até sonhei, todas as noites. Incrível. No Brasil eu não conseguia sonhar de forma alguma e aqui parece que eu liberei o meu subconsciente. Uma grande corrente de sensações e recordações tomou conta de mim. Recordações de coisas que eu vivi quando eu estava ainda morando aqui. Parecia um filme rodando na minha cabeça. Tá certo que eu também tive sensações e recordações logo que cheguei ao Brasil, mas não foram muito boas. Por mais que eu me esforçasse a não pensar , eu pensava.
Não quero estar afirmando aqui que o Japão é o melhor lugar do mundo para se viver e que o Brasil não tem lá os seus encantos. Esta é uma observação particularmente minha, de experiências únicas vividas por mim, como pessoa e indivíduo.
Durante todo o período que vivi no Japão, os acontecimentos felizes foram maiores do que os de toda uma vida no Brasil. Isto inclui também os relacionamentos afetivos que vivi enquanto estava no Japão, não necessariamente com japoneses ou brasileiros. Claro que vivi grandes dificuldades também aqui do outro lado mundo, mas tive também momentos muito felizes de plena satisfação com a vida, coisa que nunca ocorreu para mim no Brasil. Realizei parte dos meus sonhos de adolescente aqui em terras nipônicas e sou muito grata ao Japão por isto. Um dos meus sonhos era o de morar em uma kit bem clean e moderna, o segundo era o de conhecer a Europa. Falta realizar apenas mais um sonho...ou melhor, dois.
Vivi grandes descobertas nestes ultimos anos e eu estava aqui, do outro lado do mundo. Acredito que a minha maior e mais importante descoberta foi a de conhecer a mim mesma.
Enquanto vivemos condicionados a uma vida "normal" , e em sociedade, não sabemos nunca se estamos realmente fazendo aquilo que queremos fazer, ou se são apenas condicionamentos pre-determinados pela sociedade onde estamos vivendo. Aquela neura de ter que "ter" para "ser", em detrimento a outros aspectos da vida que também são essenciais. Aff! que neura!
Para quem gosta de liberdade e ser aquilo que é sem ter que usar máscaras e nem tão pouco estar preso a convenções e expectativas sociais, a melhor escolha é ser sempre um "estrangeiro". Isso não quer dizer que nós como estrangeiros não devemos respeitar a cultura e os costumes dos povos que nos aceitam em sua casa, mas é diferente. Respeitar por livre e espontânea vontade é uma coisa, ter que respeitar por falta de escolha é outra bem diferente. As sensações são distintas. E tem brasileiros aqui no Japão que ainda não entenderam a condição de ser um estrangeiro aqui no Japão e se prendem muito nos preconceitos e dificuldades de adaptação à cultura local por não respeita-la.
Tenho plena consciência do preço que pagarei por viver em terras estrangeiras: da solidão, dos trabalhos sem qualificação, do preconceito, dos terremotos, do machismo local, da língua local e de todos os limites e desafios que teremos que enfrentar por sermos "estrangeiros".
A vida é feita de escolhas (tem gente que não tem) e viver como um estrangeiro não é tão ruim assim quando sabemos aproveitar desta condição para nos enriquecer de alguma forma. Quando digo "enriquecer", não me refiro a apenas questões materiais. É preciso sempre tentar equilibrar as nossas necessidades tanto materiais quanto espirituais.
Ninguém pode ser feliz 24 horas. Ninguém pode ser 100% realizado em todos os aspectos da vida, mas nem por isso devemos nos render. Tô otimista pra caramba , né? São fases...

2 comentários:

Rudinei disse...

Boa sorte na nova jornada! ;)Mesmo achando que quem tem essa coragem nem precisa de muita sorte hehe! Força aí...

Viajante disse...

Opa! Obrigada Rudinei!
Um pouquinho de sorte é sempre bom....:-))))
Bjs