sexta-feira, 21 de julho de 2017

O Sol




"O Sol invadiu o meu coração, de repente , me invadiu de paz..."

Fiz um trocadilho da canção "Paz" da Zizi Possi para expressar o bem que ele faz, o Sol.

Estamos em pleno verão aqui no Japão, o Sol à pino com uma temperatura à cerca de 30 graus e aquela umidade terrivel que nos faz suar até estando parados na sombra de uma àrvore. Mesmo assim , eu não poderia deixar de aproveitar o bem que ele nos faz.

Uma voltinha de bicicleta ( cerca de 1 hora e meia) , o Sol rachando os miolos, aquele ventinho fresco, quase morno , batendo  no rosto e eu de shorts e camiseta pedalando pela cidade. Seria uma coisa óbvia em qualquer país do ocidente, mas as japas aqui se cobrem dos pés a cabeça para sair no verão. Talvez por esta razão elas sejam tão introvertidas e aparentem ter o corpo franzino. É falta de arroz com feijão , bife acebolado e Sol.

Sem duvida alguma o Sol muda os nossos animos, e com certeza o povo brasileiro é assim todo extrovertido e alegre por causa do excesso de Sol o ano todo.

Uma paradinha para almoçar e a tarde vou dar aquele ligeiro passeio até a praia.

Sol e bicicleta, nada mais saudável!

Namastê!

segunda-feira, 10 de julho de 2017

Gente kurai



A palavra  "kurai" em japonês significa escuridão. Podemos usar esta palavra para nos referirmos a locais, situações ou pessoas. O povo japones  é sem duvida alguma muito civilizado ,e eu tenho uma profunda admiração e respeito por este modo de ser dos japoneses . Porém,como nem tudo na vida é perfeito, a falta de sorrisos e atitudes  espontâneas desta raça me incomoda profundamente.

Nos ultimos dias tenho topado com gente que não cumprimenta , gente que não sorri, gente exageradamente timida, e gente que esconde o rosto atrás daquelas mascaras cirurgicas. Tem japa que usa mascara da hora que chega ao trabalho até a  hora de ir embora. Alguns eu nunca vi o rosto.

Claro que nem todo japonês é assim, mas de certa forma é uma caracteristica comportamental bem frequente por aqui.

O impacto deste tipo de convivio tem mexido um pouco com os meus animos, ao ponto de me causar um certo mal estar geral. É muita gente "down"! E como eu sou uma antena parabólica , tenho absorvido toda esta carga negativa . Talvez eu esteja ficando igual à eles .

Aqui no Japão começou o verão e eu não vejo a hora de ir à praia . Sabe-se que a maioria das mulheres japonesas fogem do Sol como quem foge do diabo, e mesmo em pleno verão a mulherada sai de chapéu, camisa de manga longa e sombrinha . Praia então, nem pensar.

Mas será que evitar tanto assim o Sol não seria um ponto negativo ? Afinal, todo mundo precisa de vitamina D , e passar meses, ou anos evitando o Sol não só causa problemas fisicos como psicológicos.

A grande maioria dos japoneses sofrem de dores por todo o corpo, e ao envelhecer começam a ter uma grande perda ossea. Alguns idosos começam a ficar com a coluna curvada. E as epidemias de gripes, viroses, e alergias estranhissimas que este povo contrai com frequência? Por onde anda a imunidade deste povo?Nem vou comentar aqui sobre os japas , ainda jovens, que se trancam em seus quartos e não saem de lá nem com reza braba, e nos altos indices de suicidio ne?

Vitamina D nesse povo! Pelo amor !!!

Quero voltar a viver em Okinawa. Lá o povo é muito mais alegre. 

A razão? Sol o ano todo e muita praia maravilhosa! 




quarta-feira, 5 de julho de 2017

A realidade japonesa


Passaram-se mais de 10 anos desde a primeira vez que ingressei em uma grande empresa japonesa de fabricação de vidros especiais. Para dizer a verdade,  é a maior industria japonesa . Entre idas e vindas , creio que esta seja a quarta vez que retorno para a mesma empresa.

A cada ano , ou a cada regresso , tenho notado muitas alterações no aspecto funcional da empresa , em virtude de novas leis trabalhistas e de demandas do mercado que já não são mais as mesmas desde a crise Global de 2008 .

O aspecto que mais me chama a atenção é o nivel de inteligência dos novos funcionários , na sua grande maioria de japoneses tercerizados. Segundo o supervisor da minha empresa contratante , a tendência agora no Japão é a de as empresas terceirizadas ( hakkens) começarem a contratar pessoas totalmente despreparadas e de um nivel de inteligência baixissimo . Não que seja uma estratégia para escapar da falta de mão de obra japonesa, na realidade é aquilo que se tem a disposição no atual mercado de trabalho japonês.

Para os contratantes japoneses acostumados a trabalhar com a força de trabalho dos brasileiros , ficou apenas a saudade, e a esperança de que os descendentes brasileiros regressem ao Japão.

Durante este um mês desde que regressei , percebi uma certa dificuldade em me comunicar com os novos funcionários contratados japoneses. Cheguei a pensar que o meu nivel de comunicação em japonês tivesse decaido e que eles não estivessem entendendo a minha pronuncia.

Ontem, precisei falar com o meu chefe para comunicar a ele que eu não estava conseguindo passar instruções simples de trabalho para os meus novos colegas de trabalho . Por mais incrível que pareça , ele automaticamente entendeu que o meu problema era o mesmo problema que ele enfrentava , ou seja, se fazer entender em lingua japonesa. Alguns japoneses mais antigos de trabalho até fazem piadas com a situação , dizendo que a maioria dos novos contratados ( apesar de japoneses) não são fluentes em japonês por não serem capazes de entender instruções simples sobre o trabalho.

Portanto, chego a conclusão de que compreender 100% da lingua japonesa nem sempre é um pre-requesito . Obviamente que é necessario saber ao menos 30% de japonês e o restante dos 70% ser dividido entre intuição e raciocinio lógico.  Coisa que brasileiros tem de sobra e japoneses não tem.

A imagem que  o mundo tem do Japão e de seu povo é totalmente ultrapassada nos dias de hoje. Os jovens japoneses que deveriam ser a nova força de trabalho japonesa tem se resumido em uma população apática e sem grandes ambições. Muitos jovens que saem para o mercado de trabalho japones preferem fazer bicos ( arubaito) do que ingressar em um trabalho vitalício e fixo. Aqueles poucos que tem ambições e capacidade intelectual normalmente  são automaticamente promovidos e transferidos para outras localidades.

Não vamos desmerecer os grandes nomes da industria japonesa do passado, mas a realidade japonesa de hoje é bem diferente...