sexta-feira, 28 de junho de 2019

Permita-se ser chato!



Entrei em uma fase de chatice e rapugentice total com a minha Venus aspectando em desarmonia com Saturno e Urano. . Outros aspectos de Saturno , Urano e Plutāo andam rondando o meu mapa há meses , e por mais que eu me esforce está dificil manter o bom humor , a positividade e a paciência. Principalmente nos relacionamentos .

Capricornianos , crias do Senhor do tempo , dficilmente são expansivos , alegres , simpáticos e sociáveis. Há periodos que estamos mais sociaveis , mais aventureiros e alegres , mas em geral  o carater Capricorniano é "terra" , seco por natureza. E quando estamos passando por alguma fase de insatisfação, não  importa se no trabalho, na familia  ou com a saúde . Todo bom Capricorniano vai se render as cobranças de "Chaturno" , por os pés no chão e começar a ruminar pensamentos extremamente realistas  e destrutivos.

O sopro de Saturno chega dos céus como uma tempestade , levando  para longe tudo que atrapalha no caminho, tudo que incomoda . Tudo que  vá contra o nosso momento "chaturnice". Permita-se ser chato! Não vá contra a sua propria natureza com o intuito de ser politicammte correto e amado socialmente. Há momentos na vida que precisamos enfrentar o pior de nós mesmos , aquilo que evitamos mostrar ao mundo com aquela velha insegurança de não sermos aceitos e amados.

Seja chato! Assuma o direito de se mostrar ao mundo como se sente . Este periodo passará . E se neste periodo ninguém te suportar . Foda-se! Abraçe a solidão , o travesseiro,  e converse com aquele bom e velho amigo : o livro de cabeceira.



segunda-feira, 24 de junho de 2019

A maldade humana



Ultimamente ando com preguiça de "pessoas" . Será que é alguma patologia tratável , ou é crônica?
Quando eu começo a observar demais o comportamento das pessoas em geral, bate uma impotencia ao perceber que o ser humano tem em si um instinto irracional , diferente  do instinto dos animais que chamamos de irracionais. A maldade anda a solta por todos os lados  e nem é uma questão de sobrevivencia ou de defender o seu territorio. É maldade gratuita mesmo. 

No meu trabalho , por exemplo,  aquilo que impera é a falsidade, nua e crua , para quem quiser ver. Entre os japoneses a ingrenagem que comanda os relacionamentos é a  falsidade exacerbada. Entre os brasileiros a inveja. E como é que uma pessoa que não é falsa e nem invejosa sobrevive em um mundo como este? Eu me finjo de morta e só me lamento  em silêncio. 

Ler as ultimas noticias do Brasil e do mundo também me causam impotência e frustração quando leio os comentários maldosos que as pessoas são capazes de fazer só porque estão protegidas atrás de uma tela de um computador ou celular qualquer. A maldade corre à solta , com direito a palavras  xulas e erros gravíssimos de português. 

É nestas horas que sinto uma vontade imensa de ir viver em uma ilha deserta, e ter como companhia apenas um cãozinho . Bem educado de preferência. 






domingo, 9 de junho de 2019

Paz e gratidão



Às vezes me deito no chão do meu apartamento ( tô dormindo no chão por opção) , olho ao redor , o espaço pequeno , porém com as paredes delicadamete decoradas com leques orientais e respiro fundo. O sentimento que toma conta de mim é de paz e gratidão . Me espreguiço no meu futon ( espécie de colchonete japonesa) e agradeço pelo meu pequeno espaço. O espaço ou cantinho que eu sempre sonhei ter um dia pra mim. Uma kitnet bem moderninha e pre-mobiliada.

Em meus mais de trinta anos de Brasil , vivendo em uma cidade como São Paulo , nunca tive a oportunidade de poder ter o meu proprio apartamento. Meu salário nunca alcançava para tanto. Também nunca pude tirar férias de verdade , as minhas férias eram férias forçadas , todas as vezes que eu ficava desempregada e tinha que ficar em casa , saindo toda a semana pra procurar um novo emprego.

Hoje , aqui em terras nipônicas posso afirmar que a minha vida começou a fazer um pouco de sentido    desde o dia em que decidi me aventurar sozinha no país do Sol nascente. Demorei um tempo para entender que o meu lugar é aqui. Pelo menos é o lugar onde tenho conseguido conquistar meus sonhos que nem eram assim tão mirabolantes. Um apartamento só para mim, um salário que pague todas as minhas contas , trânsito zero , e poder planejar coisas simples para um futuro próximo.

Por toda a minha vida tive problemas dentários e já estava perdendo todos os meus dentes , as vezes passava meses com vários dentes provisórios por não ter dinheiro para um bom tratamento. Isto chegou a afetar a minha autoestima, nem sorrir eu não sorria mais de vergonha dos dentes. O japão me proporcionou uma economia razoável para tratar meus dentes com um especialista em implantes e estética dentária. Imagine se eu com o meu salário minguado no Brasil teria a possibilidade de pagar uma verdadeira restauração bucal com um especialista? Nunca!

Às vezes nos esqueçemos de agradecer estas pequenas conquistas porque parecem insignificantes, mas o fato é que tratar os meus dentes com um especialista me custou muito caro, mas me devolveu a minha autoestima . Hoje sorrio sem medo de ser feliz. O Japão me ajudou a reconquistar a minha autoestima. Tenho até medo de voltar a viver no Brasil e não ter condições de pagar um dentista e voltar a ter os mesmos problemas de antes. Aliás, passei por esta experiencia quando estive no Brasil por um ano e meio , na tentativa de refazer a minha vida por lá. Tive um probleminha nos dentes e não pude pagar o dentista com o meu salário brasileiro. Tive que retornar ao Japão , trabalhar e retornar depois de um ano e meio com condições financeiras para tal. Da ültima vez deixei quase 20.000 reais no meu dentista , entre cirurgias , enxertos ósseos e novas proteses.

E as viagens ? Ahhh, viajei muiiito estando aqui em terras niponicas. Pela primeira vez na minha vida pude programar uma viagem para a Europa por vinte dias. Depois tiveram outras viagens também. Eu simplesmente amo viajar , e por mais que a situação não esteja lá muito boa para se fazer dinheiro aqui em terras niponicas sempre dá para economizar um pouco e programar ao menos uma viagem por ano. Basta economizar um pouco do salario todo o mes.

Não sei ainda por quanto tempo poderei continuar trabalhando na fabrica onde estou no momento. Eu simplesmente amo trabalhar lá. A fábrica fica a uns cinco minutos a pé do meu apartamento e como eu ja conheço todo mundo e todo mundo já me conhece bem há anos , quando vou trabalhar é como se eu estivesse em casa , uma extensão da minha casa. Agradeço a Deus todos os dias por poder estar trabalhando lá de novo. Já fui e voltei várias vezes . Já fui demitida e já pedi as contas várias vezes. Que Deus me permita estar neste emprego por mais alguns anos. Me sinto realmente em casa.

Às vezes bate uma solidão , são muitos anos vivendo essa vida de nomade , sem a familia , sem muitos amigos e já a alguns anos sem um namorado. É meio triste em epocas de datas festivas tipo o Natal , mas tudo bem. A paz de não ter que conviver com os problemas alheios já compensa a solidão. Não é que eu queira me isolar do mundo , é apenas a minha realidade . Vida social é uma coisa meio escassa por aqui , principalmente quando se é um pouco seletivo demais.  Mas quer saber? Nunca estive tão em paz comigo mesma.

Tem sido muito frequente eu ser tomada por esta sensação de paz e gratidão . Já não me incomodo mais com o silêncio e até a aprecio. Minha rotina semanal e meio chatinha sim, de casa para o trabalho e vice-versa. Aos finais de semana compras de mercado , roupas para lavar, faxina na casa e muitas horas a toa sem nenhum programa pro domingo. Mesmo assim , está bom assim!

Apesar da minha vidinha rotineira , amo estar em casa aos finais de semana . De vez em quando vou ao parque aqui perto pra relaxar debaixo da sombra de alguma árvore , bem perto de um lago. Agora que vem chegando o verão com certeza vou a praia , e se ninguem quiser ir junto eu vou sozinha de bicicleta.

O que quero relatar aqui é que não é preciso ter medo de estar sozinho (a) quando se está em boa companhia, ou seja, na nossa propria companhia. O Japão me ensinou a apreciar a minha propria companhia. Aqui , em terras niponicas , até aquilo que dá errado , no final dá certo . Pelo menos tem sido assim desde que pisei em terras niponicas . Passei por muitas dificuldades , mas tambem vivi longos periodos abençoados .

Hoje , é muito frequente eu sorrir para a vida e dizer : - eu sou feliz!

Obrigada Japão! I love you!


domingo, 2 de junho de 2019

A meia idade



Para quem já chegou na fase dos "enta", aquela que a gente entra e não sai nunca mais , sabe o quanto  é difícil se desapegar de valores que tinhamos no passado. De certa forma somos naturalmente "forçados" a nos adaptar à nova fase.

Ontem me encontrei com uma amiga que conheci em Hamamatsu, ela já passou dos sessenta anos , e justamente era o dia de seu aniversário. Na verdade nem estava com vontade de sair , mas pensei comigo : - Porque não fazer uma pessoa um pouco feliz? Fui ao encontro e ainda levei um presentinho pra ela.

Foi bem agradável a nossa conversa . Falamos sobre as nossas dificuldades aqui no Japão , os sonhos , planos para o futuro. Mas o que pegava sempre no meio da conversa era a tal da "idade" . Mesmo que não fosse a intenção , a conversa sempre pendia para a questão da idade. Não é questão de ser pessimista com a propria realidade , mas existem os ciclos da vida que passam , e pedem uma nova postura. Não dá mais para fingir que o nosso corpo e os nossos neurônios funcionam como hà dez ou vinte anos atrás. Não dá mais para ter a mesma vaidade dos vinte ou trinta anos. Nem tão pouco esperar que muitas portas se abram . É uma fase em que nós mesmos devemos abri-las com muita consciência. Não dá mais pra brincar de "cabra-cega".

É uma das fases mais "complexas" que estou vivendo , sem duvida alguma. Muitas portas começam a se fechar e  a única  alma que insiste em bater a nossa , é a tal da Dona  realidade. Dá até um certo desespero em pensar que já vivemos tanto , mas ainda falta muito à ser vivido. Não como antes , mas atendendo as nossas necessidades do presente , sem ignorar o futuro. Ahh, o futuro, este assusta nesta fase dos "enta" . Não há mais tempo para cometer erros de escolha.

Nesta complexidade dos "enta" , alguns sonhos devem ser definitivamente enterrados , outros renovados ou adaptados . O perigo nesta fase é o de acabar enterrando todos os nossos sonhos , e o resultado de tal escolha não será outro do que a estagnação. Sim, é muito fácil estagnar a própria vida nesta fase. Potanto, o bom senso ainda é o nosso melhor parceiro de vida.