quarta-feira, 5 de julho de 2017
A realidade japonesa
Passaram-se mais de 10 anos desde a primeira vez que ingressei em uma grande empresa japonesa de fabricação de vidros especiais. Para dizer a verdade, é a maior industria japonesa . Entre idas e vindas , creio que esta seja a quarta vez que retorno para a mesma empresa.
A cada ano , ou a cada regresso , tenho notado muitas alterações no aspecto funcional da empresa , em virtude de novas leis trabalhistas e de demandas do mercado que já não são mais as mesmas desde a crise Global de 2008 .
O aspecto que mais me chama a atenção é o nivel de inteligência dos novos funcionários , na sua grande maioria de japoneses tercerizados. Segundo o supervisor da minha empresa contratante , a tendência agora no Japão é a de as empresas terceirizadas ( hakkens) começarem a contratar pessoas totalmente despreparadas e de um nivel de inteligência baixissimo . Não que seja uma estratégia para escapar da falta de mão de obra japonesa, na realidade é aquilo que se tem a disposição no atual mercado de trabalho japonês.
Para os contratantes japoneses acostumados a trabalhar com a força de trabalho dos brasileiros , ficou apenas a saudade, e a esperança de que os descendentes brasileiros regressem ao Japão.
Durante este um mês desde que regressei , percebi uma certa dificuldade em me comunicar com os novos funcionários contratados japoneses. Cheguei a pensar que o meu nivel de comunicação em japonês tivesse decaido e que eles não estivessem entendendo a minha pronuncia.
Ontem, precisei falar com o meu chefe para comunicar a ele que eu não estava conseguindo passar instruções simples de trabalho para os meus novos colegas de trabalho . Por mais incrível que pareça , ele automaticamente entendeu que o meu problema era o mesmo problema que ele enfrentava , ou seja, se fazer entender em lingua japonesa. Alguns japoneses mais antigos de trabalho até fazem piadas com a situação , dizendo que a maioria dos novos contratados ( apesar de japoneses) não são fluentes em japonês por não serem capazes de entender instruções simples sobre o trabalho.
Portanto, chego a conclusão de que compreender 100% da lingua japonesa nem sempre é um pre-requesito . Obviamente que é necessario saber ao menos 30% de japonês e o restante dos 70% ser dividido entre intuição e raciocinio lógico. Coisa que brasileiros tem de sobra e japoneses não tem.
A imagem que o mundo tem do Japão e de seu povo é totalmente ultrapassada nos dias de hoje. Os jovens japoneses que deveriam ser a nova força de trabalho japonesa tem se resumido em uma população apática e sem grandes ambições. Muitos jovens que saem para o mercado de trabalho japones preferem fazer bicos ( arubaito) do que ingressar em um trabalho vitalício e fixo. Aqueles poucos que tem ambições e capacidade intelectual normalmente são automaticamente promovidos e transferidos para outras localidades.
Não vamos desmerecer os grandes nomes da industria japonesa do passado, mas a realidade japonesa de hoje é bem diferente...
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