domingo, 17 de março de 2019

Talentos ocultos


Algumas pessoas já nascem com um certo "dom" para as artes. É o caso de algumas pessoas que desde a infancia ja manifestavam certas tendencias artisticas ligadas a musica, desenho , artesanato ou outras habilidades . Eu desenvolvi a arte de desenhar lá pelos 10 ou 12 anos. Confesso que eu mesma me surpreendia com a  facilidade com que eu desenhava nas aulas de educação artistica.

Incentivada por amigos fui estudar desenho publicitario aos 15 anos de idade. Eu mesma pagava o meu curso em uma das mais renomadas escolas profissionalizantes de artes da época. O tempo passou, e após um ano de estudo fui obrigada a desistir do curso por falta de incentivo dos meus pais e principalmente de grana. Não tinha dinheiro nem para pagar os dois onibus que eu pegava para ir a escola. Quem dirá a mensalidade de um curso que era igual a de muitas faculdades na época.

Enterrei meu sonho de me tornar desenhista publicitária e o desenho se tornou apenas um hobby, uma terapia.

Nas aulas de desenho aprendi que para traçar linhas suaves e deixar a mão deslizar pelo papel era preciso exercitar com rabiscos antes de começar qualquer desenho. Concordo que a leveza é importante para traçar linhas harmoniosas , mas nem sempre ela vem da pratica . Vem da alma.

Muitos meses enferrujada e sem desenhar. Nåo tinha vontade. Mas, eis que surgem do fundo de minha alma adormecida alguns traços espontaneamente. Fiz uns tres desenhos seguidos sem nem piscar os olhos.



sexta-feira, 15 de março de 2019

A astrologia não é para os fracos




Faz mais ou menos uns dez anos que venho consultando o meu mapa astral para me aconselhar sobre eventos que estão acontecendo no presente e me precaver no futuro. Sou daquelas que não gosta de dar tiros no escuro e a astrologia tem me ajudado muito. Porèm, o problema de consultar com frequencia o nosso mapa astral e saber das tendencias futuras de antemão, é que nem sempre estamos preparados para saber tamto.

Os aspectos positivos são sempre bem vindos e muito bem vividos por mim . Tendo o conhecimento futuro de que algum aspecto favorável se aproxima eu tenho a possibilidade de potencializa-lo e viver ao maximo tal momento , mas quando è o oposto, ou seja um aspecto ruim , eu tendo a potencializa-lo com um sentimento de negativismo.

Todo o aspecto , bom ou ruim, tem sempre alguma lição a nos ensinar e isto faz parte da nossa evolução pessoal. O perigo está em  interpretar aspectos desafiadores como por exemplo um periodo muito sobrecarregado no trabalho com possibilidade de adoeçer, ou a perda de algum ente-querido. Ninguèm quer antecipar uma doença . Ninguém quer saber se um parente proximo irá morrer. E como administrar este lado negro da astrologia que desenha nos céus aquilo que já estamos criando em nosso subconsciente?

A unica maneira que eu conheço para não sofrer por antecipação ao ler um aspecto negativo sobre nós mesmos é ativar a mente positiva , rezar e encarar a fase de peito aberto.

Decididamente a astrologia não é para os fracos. É preciso estar muito consciente de quem somos e para onde vamos porque tendências existem .



sábado, 9 de março de 2019

Vizinho japaonês



Nos noticiários nikkeis aqui da terrinha dos samurais é frequente ler noticias sobre desentendimento com vizinhos acabando em tragédia. Em uma das ocorrências um japonês esfaqueou o seu vizinho por estar fazendo churrasco no seu quintal com alguns amigos. Se o vizinho churrasqueiro fosse brasileiro eu até entenderia o incomodo porque brasileiros são bem ruidosos. Mas o fato ocorreu com dois vizinhos japonese e durante um final de semana. Em outro caso , um japones tocou fogo no apartamento do vizinho porque o vizinho era barulhento.

Apartamentos no Japão tem as paredes finas , talvez em função do material usado para evitar grandes desastres com os terremotos , ou por ser mais barato mesmo. Sei lá! O fato é que na maioria dos apartamentos japones ouve-se até o peido do vizinho, o rônco, as conversas ao telefone, e etc.
Não dá pra ser feliz assim ,ne!

Por mais que sejamos cuidados em não fazer barulho , algum barulho irá ecoar para o vizinho de cima , ou debaixo , ou dos lados. E se deixarmos a janela aberta o som pode ecoar pela vizinhança inteira. Falar mal do seu vizinho do lado no patio do predio também não é recomendado. A conversa pode ecoar , mesmo que se estava no terreo.

Os japoneses por costume são bem silenciosos , os carros não são barulhentos , e as pessoas costumam falar em tom baixo mesmo caminhando nas ruas. Com exceção de algumas estudantes japonesas que não falam, elas gritam, quando em grupo.

Cidades mais movimentadas podem ser mais barulhentas , mas as cidades no interior do Japão são bem silenciosas e nem durante o dia ouve-se muito barulho . Aqui na cidade onde eu moro é um silencio total do amanhecer ao anoitecer.

Com tudo isso, sou obrigada a não falar ao telefone de madrugada com familiares do Brasil, não levar amigas para o apartamento á noite , não secar o cabelo com o secador depois das 22:00 hs , não tomar banho a noite , não lavar louça, não assistir a tv , e muito mais. Minha vida está reduzida a alguns videos do youtube no ipad no volume medio. Mesmo assim o meu vizinho de cima parece se incomodar. Ele começa dar chutes no piso que mais parecem com um terremoto.

Minha gente! Mais silencio do que isto? Só se eu fose muda e surda. A solução que encontrei foi de dormir no chão, mais longe do teto para poder assistir a alguns filmes e videos . Talvez eu compre um phone de ouvido para o meu ipad e smarthphone quando eu quiser dormir na minha cama assistindo filmes.

Se o meu vizinho fosse brasileiro , bastava bater na sua porta para conversar e encontrar uma maneira de solucionar o problema. O dialogo é sempre a primeira tentativa. Pode não funcionar , mas seria uma tentativa. No caso, o meu vizinho é japonês . Um rapaz entre seus vinte e trinta anos , solteiro e que trabalha em turnos alternardos. Ninguém o visita, ninguem liga pra ele . E nos finais de semana ou em feriados ele nunca volta para sua casa, como a maioria dos japoneses fazem aqui. No minimo ele é um estressado porque ele passa seus dias de folga no apartamento lavando roupas e em silencio total dentro do apartamento. Qualquer pessoa ficaria estressada com este tipo de vida, trancado dentro de um cubiculo e em silencio. O cara podia sair para praticar algum esporte , mas parece que ele só sai para trabalhar mesmo.

E o que que eu faço com um vizinho desse?

Devo respeitar o silencio após as 22:00hs , mas nem poder assistir aos meus videos em volume medio? Já pensei em jogar na sua caixa de correio um par de tapa ouvidos. Ou telefonar para a administração dos apartamentos para intermediar um dialogo. Mas, não sei se resolveria. Japoneses são pessimos para administrar conflitos.

E a saga continua...

Hoje é domingo, 14:42 hs. O meu vizinho está em casa lavando roupas e provavelmente ele vai passar o dia em silencio trancado no apartamento fazendo , sabe- se lá o que? Provavelmente curtindo o proprio stress e esperando que eu faça um minimo de barulho depois das 22:00hs para ele poder despejar todo o seu stress chutando o piso do apartamento. ..


domingo, 3 de março de 2019

Outros mundos




Viajar sem duvida alguma abre a nossa mente para novos horizontes, nos faz entender que não existem verdades absolutas quando o assunto é crença e culturas locais de uma sociedade.

Para aqueles que vivem fora do seu país de origem , a maneira mais simples de se inserir dentro de uma cultura diferente à aquela que fomos acostumados é entender que cada país tem a sua cultura e não cabem comparações do que é certo ou errado. As diferenças são gritantes de uma cultura a outra.

Podemos até não concordar com certos hábitos e crenças , mas sem duvida alguma devemos respeita-la. Talvez seja isso que falte a mentalidade de muitos brasileiros que vivem apenas a realidade local sem ter olhos para o que ocorre fora de seu quintal, de seu bairro, de sua cidade , de seu país.

A internet está aí para quem quiser viajar virtualmente e ampliar a propria visão. Somos privilegiados , pois em algumas culturas até o conteudo de informações virtuais é controlado pelo governo local.

Não há desculpas para quem não se informa e não se atualiza. As ferramentas estão aí para serem usadas de mil maneiras. Desde comunicar-se com um parente , um amigo ou simplesmente ler noticias atualizadas sobre o país que vivemos e o país que decidimos deixar.

Todas as vezes que eu me comunico com amigos e parentes do Brasil noto que a maioria nem tem idéia do que ocorre fora das fronteiras brasileiras. Até nas redes sociais , os comentários que algumas pessoas fazem é de um entendimento tão limitado que chega a dar dó dessa gente que não tem a minima capacidade de interpretar um texto ou compreender as diferenças que existem entre culturas.

Não cabe a mim estar criticando os interesses e a visão limitada das pessoas. Quem sou eu ! Mas , devo admitir que pessoas com uma mente muito mais aberta e curiosa são mais interessantes para uma troca de idéias e um bate papo fluido do que aquelas que vivem apenas a realidade de seu quintal.

Aqui em terras niponicas, a maioria dos brasileiros (eu estou inclusa) , vive uma rotina estafante , entre casa , trabalho e comunidade de estrangeiros. Quase ninguém se relaciona com nativos locais. O que é um erro. Ninguém melhor do que um nativo local para nos ensinar a compreender a cultura local. E não pense que esta nova amizade será como aquela que fizemos no passado , em nosso país. Cada cultura tem os seus costumes e forma de se relacionar em sociedade. Isto não quer dizer que é melhor ter um amigo local do que um patrício, é apenas o entendimento de que podemos fazer novas amizades com pessoas de uma mentalidade totalmente diferente quando se respeita o espaço do outro.

Ontem conversei por horas com um senhor indiano pelo Skype. Não que o tipo me interesse, mesmo porque ele parece ser daqueles indianos safadinhos que buscam aventuras em terras estrangeiras. Dei um voto de comfiança ao tipo porque desde o inicio ele foi bem sincero ao dizer que é casado. No evoluir de nossa conversa percebi que realmente ele estava em busca de uma "amiguinha" japonesa , pois ele tem negócios no Japão e viaja sozinho frequentemente por terras niponicas a negocio. Papo vai- papo vem, e eu sempre tentando me desvencilhar de suas cantadas , começei a perguntar a ele sobre yoga, a religião hindu , comércio exterior e obviamente astrologia. Segundo ele, todo hindu ja fez um mapa natal para saber sobre seu destino e karma. Então aproveitei para lhe pedir a sua data de nascimento e saber melhor sobre qual karma ele estava vivendo nessa vida. Se eu tivesse pedido a data de nascimento para analise astrologica a algum ocidental descrente sobre a astrologia com certeza ele não me levaria á sério. Pedir para analisar o mapa natal de um indiano ou um conhecedor do assunto astrologia é o mesmo que pedir para ele se despir diante de ti. Pelo menos é assim que eu me sinto quando alguem me pede para analisar o meu mapa natal.

A partir desta troca de confiança, o papo fluiu mais leve e sem aquele foco inicial dele de encontrar uma "amiguinha" para se divertir em terras nipônicas. Falamos sobre os beneficios do yoga , sobre karma , destino , religiosidade e espiritualidade. Ele me confessou que seu karma é "bad" . Eu como boa brasileira e tiradora de sarro sujeri a ele que se casasse com uma bananeira ( como na novela da globo) para diminuir o seu karma "bad" . Também  sujeri a ele que ele se mudasse para o rio Ganges , ja que ele ia todos os anos banhar-se no rio para limpar-se de seus pecados. Talvez eu tenha ido longe demais com o meu humor sarcástico, afinal, é a cultura dele e deve ser respeitada. Mas, eu não resisti!

Não tenho nenhuma paixão pela cultura hindu e nem tão pouco interesse de ir conhecer o Taj Mahal, ou as cidades sujas e o transito confuso da India. Talvez nem o yoga da forma como é praticada na India me interesse , mas esse papo de mais de tres horas (em ingles) com a ajuda do google tradutor me fizerem entender que existem mil verdades no mundo , mas nenhuma é melhor do que a outra, e que karma é algo que não se altera facilmente, porém , a escolha de como vive-la é totalmente nossa.

Para muitas pessoas do meu convivio esta minha mania de falar com pessoas de outras culturas pela internet é coisa de gente que não tem o que fazer. De certa forma é verdade, as minhas relações aqui em terras niponicas é limitada a uma meia duzia , e eu quase não saio de casa por inumeras razões pessoais. Frequentemente é falta de interesse mesmo. Aquilo que é coloquial demais ou superficial demais não prendem muito a minha atenção. Prefiro o desconhecido , o inusitado das relações humanas. Apesar de ser bem cautelosa e ter sempre algum interesse pessoal . Nem que seja apenas para praticar uma nova lingua . Coisas de Capricornianos!

Todos os contatos que fazemos na vida tem um significado, mesmo que seja virtual, mesmo que seja momentâneo. Depende muito da nossa capacidade de absorver tais interações . Às vezes um estranho pode te dizer aquilo que nenhum conhecido seu foi capaz de te dizer. Às vezes o entendimento que temos de determinadas situações cai no julgamento de nossa mentalidade condicionada a nossa herança cultural.

Namastê!