quinta-feira, 30 de abril de 2015

Cobrador da NHK




Hà anos que eu venho driblando os cobradores da NHK , a rede de tv do governo japonês. Pra dizer a verdade eu não conheço nenhum japonês que pague ao governo pelas imagens da NHK. Aqui no Japao todo e qualquer ser vivo que tenha televisão em casa é obrigado a pagar uma taxa ao governo.

Os cobradores da NHK são como aqueles vendedores de enciclopédia , ou testemunhas de Jeová que batem a sua porta nos momentos mais inadequados. Aliás, não existe momento adequado para eles, serão sempre recebidos com uma certa hostilidade.

Quem mandou eu abrir a porta? 
Eu nunca abro a porta para estranhos . Olhei pelo buraco do visor e um senhor  de uns cinquenta e tantos anos , todo bem vestido estava do lado de fora. Quem poderia imaginar que era um cobrador da NHK?

Normalmente eu sempre me escapo dizendo que não entendo direito o japonês e me recuso a pagar algo que eu não entenda. Perco um tempão discutindo com o cobrador e peço a ele que volte no dia seguinte. Claro que no dia seguinte eu não abro a porta nem que haja um terremoto.

Desta vez, o cobrador foi mais esperto e rápido do que eu imaginava. Quando eu disse que  não estava  entendendo o japonês, ele disse que falava fluentemente em inglês, eu retruquei que não entendia o inglês. O cobrador mais que depressa sacou de sua pasta um folheto ilustrado e traduzido em português. Fiquei sem reação...pedi para ele voltar no dia seguinte pois estava atrasada para o trabalho ( era verdade) , mas ele com o seu gatilho rapido sacou de sua pasta uma maquininha de leitura de cartão de débito. 

Não sei como ? Em menos de 5 minutos este senhor conseguiu aquilo que outros em 10 anos nunca conseguiram, me cobrar a taxa de transmissão da NHK. 

Bem...eu me rendo. Eu vou pagar, caso eu não mude de idéia até o primeiro vencimento em junho...

quinta-feira, 16 de abril de 2015

O meu Brasil brasileiro...


Hoje passei o dia todo meio maus por culpa de uma noticia que li, aliás, não tem uma noticia boa nos noticiários brasileiros. A gente estando fora dessa " baderna" que se tornou o Brasil, vivendo em terras estrangeiras, vemos o Brasil com outros olhos. Muito mais críticos , sem dúvida alguma.

A notícia que me chocou foi da travesti que foi surrada e humilhada na prisão. Não é o caso de afirmar que ela mereçeu toda esta humilhação , e nem de querer defender a pobre. Sim, a pobre que nasceu homem, de pele negra e homossexual. Já imaginaram quanto preconceito este ser passou na vida?

Fiquei o dia inteirinho pensando na questão da violência no Brasil e dei graças a Deus por estar vivendo em um país onde a violência é praticamente inexistente, e onde jamais presenciariamos um ato de violência de tamanha grandeza. E não me refiro apenas a violência que a travesti sofreu, me refiro a violência deste caso em um contexto geral, desde a agressão que ela efetivou agredindo fisicamente a uma idosa e a violência que ela mesma recebeu em resposta a sua conduta. 

Então começei a pensar nas mazelas do meu  país, desde a violência, cada dia mais absurda, a corrupção, a falta de educação das pessoas ( no sentido literal ) , a intolerância, a falta de civismo. Não deu em outra, bateu uma tristeza muito grande.

Meu Deus! O que fizeram com o meu Brasil? 

Será que se Ary Barroso ainda estivesse vivo,  seria capaz de compor a Aquarela do Brasil com tamanha   inspiração?


sábado, 11 de abril de 2015

Pessoas e pessoas

                           Kit Kat da Nestlé, ou será Kito Kato da Nesutsuré?

Assim como  Ed Mota em seu discurso  preconceituoso e infeliz sobre a gente "simplória" que vai assistir a seus shows internacionais . Eu também ando sem paciëncia com a gente simplória que trabalha comigo. 
 Pra dizer a verdade até entendo o desabafo de Ed Mota. Tem vezes que è complicado manter a educação e a conduta corretamente social quando lidamos com gente sem educação e  sem respeito pelo outro . Obviamente que se eu fosse um cantor tão " internacional" como ele, não faria a idiotice de dizer em público aquilo que penso, mas como eu não dependo dessa classe de gente " simplória", e nem tão pouco sou " internacional" como ele, figura pública, me dou o direito da revolta. 

Pior do que gente " simplória" que não tem educação e um comportamento inadequado  em certas ocasiões , é ter que suportar gente sem cultura alguma em terras nipônicas.

Valha- me Deus! Não suporto mais a minha colega japa me corrigindo todas as vezes que eu pronuncio alguma palavra em inglês correto. Sim, aqui no  Japão eles têm uma pronúncia estranha do inglês que é quase indecifràvel , mas que para eles é o correto. Tipo , Mc Donalds que aqui se pronuncia " Maku Donarudo" . E ai de você se pronunciar da forma correta, impreterivelmente alguém vai te corrigir e ainda rir do seu erro de pronúncia. 

Outro dia fui fazer um comentário " simplório" ( os assuntos são sempre simplórios) sobre um chocolate muito famoso aqui no Japão, o Kit Kat. Aqui no Japão é pronunciado Kito Kato. Ahhhh pra quê fui pronunciar da forma correta? 

Claro que me corrigiram e ainda riram da minha cara ( ai que nervoso) , dizendo que estava errada a pronúncia , e como o produto era japonês , a pronúncia deveria ser no estilo japonês, ou seja, " Kito Kato". 

Como eu não tenho muita paciência com gente que se " acha" superior mesmo sem cultura alguma( assim são a maioria dos japoneses) , eu soltei  esta:  - Se você ainda não percebeu, a empresa fabricante do chocolate é Suiça ( Nestlé) , portanto, a pronúncia correta é " Kit Kat" , em inglês correto , ou então, devemos perguntar a algum suiço qual a pronúncia correta. Silêncio Total...

Fora estas situações linguísticas ( não tenho mais paciência) , existem outras mil que nem vale a pena descrever, mas vou citar mais uma dessa gente " simplória" japonesa que cansa a minha beleza. 

No Japão, a beleza está na juventude, ou seja, passou dos 30  o povo já começa a te chamar de velha demais pra isso e pra aquilo. Isso também enche o meu saquinho. 

Outro dia fui comentar com os meus colegas japas que havia encontrado um ex- colega de trabalho japa no supermercado, mas como ele estava acompanhado da esposa achei melhor não abordá-lo porque japa é cheio de frescuras e convenções, e como eu não conheço sua esposa, não saberia ser " natural" ao abordá-lo na presença de sua esposa. Ahhhh, pra quê que eu fui dizer isso?

- Imagina, você é muito velha , ninguém vai se importar. Comentário " simplório" e infeliz da minha colega de trabalho japa. 

Primeiro: apesar de eu ter a mesma idade dessa japa infeliz, eu não tenho a aparência envelhecida dela ( gorda , cabelos com raízes brancas e mau hálito), e nem tão pouco a sua mentalidade envelhecida precocemente. 

Segundo : eu me referia ao comportamento cultural japonês de abordar a um colega de trabalho japonês em companhia de sua esposa ou família e não o fato de eu ser mais velha do que a esposa dele ou ser velha demais, ou ser desinteressante para os padrões japoneses em função da idade. Tenho predicativos  demais que não interferem com o passar dos anos, muito pelo contrário, a experiência me enriquece. 

Enfim! Sem paciência alguma com essa gente " simplória" do lado de cá! Ufff! 

Bom, pelo menos a discussão " simplória" e sem conteúdo sobre o chocolate suiço foi um pouco cultural . Agora os meus colegas de trabalho japas já sabem que o famoso chocolate é de marca suiça e não japonesa. Até percebi um certo ar de decepção da minha colega japa ao saber que a marca do famosissimo chocolate não era de um fabricante  nipônico. Mania de achar que o mundo é  Made in Japan.