quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Encostos



Não sei dizer se são "karmas" de vidas passadas ou se são encostos que me perseguem por onde quer que eu vá. Tem sempre alguma alma vegetaviva encostando em mim. Será que estou pagando dívidas de vidas passadas, ou é alguma  lição que eu tenho que aprender nesta vida?

Tem certas pessoas que colam, grudam na gente de uma forma tão estranha ...

Eu normalmente simpatizo ou antipatizo com as pessoas pela energia que elas me transmitem. A mentalidade é outra coisinha que me atrai ou repele, mas por incrível que pareça sempre tem algum vegetal querendo se encostar em mim.

A minha vida inteira discuti com o meu pai por sua mentalidade estreita e negativista. Agora em terras nipônicas estou tendo que cruzar com pessoas com uma mentalidade igual ao do meu falecido pai, ou  muito próxima . 

É bem verdade que os japoneses tem uma cultura bem distinta à nossa, a começar pela falta de fé em Deus. Isto já é uma grande diferencial que não pode nunca ser ignorado nos relacionamentos. Eu não poderia jamais me relacionar bem com uma pessoa que não crê em Deus e que não sabe o significado da palavra fé e esperança. 

Aqui em terras nipônicas já ouvi tanto absurdo sair da boca dessa gente de dentes esverdeados  ( japones não gosta de escovar os dentes ) , que às vezes chega a doer profundamente na alma. 

Imagine alguém dizer que gostaria que os seus pais morressem logo para que parem de incomodar e dar despesas? Absurdo! Mas eu ouvi isso da boca de uma colega de trabalho japonesa. 

Ontem mesmo, conversando com uma amiga vegetal japonesa que vive estressada por que não tem tempo para dormir em função dos seus afazeres de casa , me disse que era melhor que ela morresse logo para ter um pouco de paz. Absurrrrrrrrrdo! Absurrrrrrrdo!!

Minha gente! Como é que uma pessoa pode ficar proferindo este tipo de comentário em relação a sua  própria vida ? 

O choque foi tanto ao ouvir isso dela que fiquei " maus" a noite inteira . Eu acredito que as palavras tem poder e por mais que eu estivesse deprimida ou estressada , eu evitaria ao máximo utilizar este tipo de expressão. Sei la! é como estar afirmando uma vontade nefasta, isso não é de Deus por nada!

 Será que a maioria dos japoneses tem esta mentalidade? Se for assim, está explicado por que ocorrem tantas desgraças neste país . O inconsciente coletivo funciona de tal forma que pode até derrubar a bolsa de valores quando os investidores são negativos . Quem dirá uma nação toda?

O pior é que tem gente que não sabe viver de outra forma , se não estiver cansado, atarefado, estressado ou infeliz, parece que a vida perde o sentido. Estes, é melhor deixar para  lá e se distanciar ao máximo para não  se impregnar  com tais energias. 

As vezes eu me pego reclamando da vida, resmungando, ruminando.  Não tem jeito, é o caráter Capricorniano, mas evito ao máximo proferir certas palavras . Aprendi com o tempo que até aquelas palavrinhas que usamos como força de expressão e que parecem ser tão inocentes são extremamente nefastas .

 Negativismo é outra coisa que eu evito ao máximo, por mais que o meu caráter Capricorniano esteja sempre propenso, busco formas para alterar o meu estado de espírito. Que seja me isolando para meditar, que seja um belo banho de banheira com sais de lavanda, que seja ouvindo música relaxante, mantras ou qualquer outra coisa. 

O problema da humanidade é a ignorância. Quanto mais soubermos como a vida funciona, como o mundo gira e como o Universo funciona como a um todo, mais  benefícios poderemos  obter em momentos de crise ou estress. 

Doi, doi fundo na alma perceber que 99,9% dos japoneses ( gente brava e honesta) é pessimista com relação a algum ponto de suas vidas. Triste realidade nipônica! Tão sabios, tão discrentes . 

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Seria um dia como a outro qualquer...



Esta semana eu andei assistindo muitos filmes sobre caēs fiéis e seus tristes destinos. Não poderia deixar de assisitir novamente , " Sempre a seu lado" , com o sempre maravilhoso Richard Gere. E como se não me bastasse a tristeza que se apodera de mim quando assisto filmes com enredos muito tristes , lá fui eu querer sofrer mais um pouquinho. Verter lágrimas de comoção . 

Tentei baixar a então famosa  versão japonesa , ou a història original de Hachiko o cão fiél, que se intitula "Hachiko monogatari" ,traduzindo: A história de Hachiko. 

Não consegui fazer o download no meu ipad, como sempre, mas consegui assistir o filme japones legendado em português na íntegra no youtube. Ainda bem que eu entendi todos os diálogos em japonês por que o meu Ipad ma-ra-vi-lho-so muda a visualização dos videos após uns 5 minutos e não se enxerga mais nada nitidamente. 

A história é duas vezes mais triste do que o remaker com o Richard Gere, talvez por ser mais detalhada  e relatar a verdadeira história de Hachiko que viveu e morreu  em um subúrbio de Toquio. 

Já eram mais de 7 da manhã e eu estava assistindo o  filme com uma toalha de rosto ao lado para enxugar as lágrimas. Chorei tanto que meu nariz entupiu, meus olhos incharam e ainda para piorar mais a situação, a tristeza era tanta que não consegui mais dormir. 

É masoquismo demais assistir a filmes com histórias tristes relacionadas a um cão e seu dono às 7 da manhã , chorar a manhã inteira , ficar com insônia por causa da tristeza e no mesmo dia ainda ter que levantar e ir trabalhar . 

Não deu em outra, nem fui trabalhar. Como? com aqueles olhos inchados e a cara abatida de quem não dormiu a noite inteira?

E se eu fosse trabalhar? Como explicar que eu estava assistindo a um filme as 7 da manhã , chorei o filme inteiro ( na verdade, da metade para o fim) , e ainda caí em depressão sentindo todas as dores do corpo e da alma do pobre cão fiel?

Talvez se eu nunca tivesse provado do amor destes bichinhos eu nem me afetaria tanto, mas só quem provou do amor, do afeto ,da lealdade e obediência destes seres iluminados poderá entender a tristeza que me abateu . E chefe entende essas coisas? Não, nenhum chefe entenderia. 

No momento em que eu assistia o,filme fui entendendo porque estes seres maravilhosos vivem menos do que  nós, os seus donos. Na realidade, nenhum cão suportaria  a perda de seu dono por que o senso de lealdade e apego desses bichinhos é diferente ao do ser humano. 

Sentimos a perda de nossos amiguinhos de estimação quando eles se vão, mas podemos sobreviver a esta perda, em contrapartida um cão só tem a seu dono . É dependência demais para morrerem depois de nós. 

Hachiko teve um triste destino, sua felicidade durou pouco mais de um ano , o restante de sua vida foi dedicada a espera de alguém que não voltou nunca mais. O seu dono que se foi antes dele. 

Triste histórica verídica não? 
Hachiko se tornou tão famoso no Japão por sua lealdade e espera pelo seu dono que ao falecer o Imperador do Japão decretou um dia de luto. 

É linda demais esta história . Vale a pena assistir a versão original japonesa: Hachiko Monogatari. 
Mas não esqueçam de assistir no final de semana , de preferência na sexta ou no sábado para não ter que faltar no serviço ;-)

Os invernos da alma





Eu aqui sozinha do outro lado do planeta convivendo comigo mesma , tenho percebido que as pessoas andam muito mais carentes do que eu. Para mim, estar só é apenas uma condição. Eu estou só por que realmente estou só, não é uma solidão que brota do nada em meio a uma multidão. 

Fizemos as pazes, eu e a solidão, e por muitas vezes dou graças a Deus por poder ter estes momentos de paz com ela. Não que eu goste , mas preciso dela de vez em quando. De certa forma, creio que eu me protejo detrás dela. 

A grande maioria das pessoas fogem e evitam ao máximo a presença dela, buscando estar sempre entre muitas pessoas e criando situações de apego. Na maioria das vezes o efeito è sempre contrário a aquilo que buscamos. É neste momento que bate aquela solidão braba e não há quem consiga preenche-la. 

O mundo anda muito egoísta, ocupado com os seus afazeres , metas e outras questões mundanas . Nem param um minuto para olhar dentro de sì mesmos , ou para aquele  amigo que está precisando de apenas um pouco de atenção. Passar finais de semanas sozinho? Nem pensar! 

Muita gente não sabe nem o que fazer quando se depara consigo mesmo, a sòs. Sentir-se bem mesmo estando sozinho é um grande passo para o autoconhecimento. Pena que muita gente ainda não se desvendou, não se conhece, e pior, não se aceita como è.

 Feliz é aquele que mesmo estando só ou em meio a uma multidão consegue equilibrar bem os seus ânimos e ser feliz , na medida do possível. A felicidade não é uma condição, é um estado de espírito que nem sempre estará presente em nossas vidas. Nestes intervalos, o que a substitui é a paz. 

Não vejo a felicidade como a uma meta obrigatória na vida  . Alcança-la tem lá os seus percalços. Manter o equilibrio emocional e espiritual é mais que necessário enquanto nos dedicamos a esta busca. 

Aqui, do outro lado do mundo começou o Outono e logo logo começa o inverno. Eu odeio os ventos gèlidos do inverno japonês , e com certeza os meus ânimos vão mudar junto com a nova estação. Considero ser um ciclo normal. Seria no mínimo  estranho eu estar esfuziante e pronta para ir a praia de bikini em pleno inverno, não é mesmo?

A vida é cíclica, e assim é a natureza e tudo aquilo que faz parte dela. Porque nós seres racionais haveríamos de vive- la na direção contrária?

E que venha o inverno, com todas as suas noites frias, que nos levam a introspecção . Sempre como uma condição passageira...

domingo, 27 de outubro de 2013

o homem europeu

Estava pensando em um titulo para este texto...
Tive que englobar o titulo do texto para toda a União  européia e seus alegados  . Isto è um avanço. É a globalização mostrando os seus efeitos, nesta época em que ninguém deve mais pensar que o mundo se resume apenas  ao seu quintal. 

O meu conceito sobre os homens mudou muito ao longo das minhas incursões pela cultura européia e japonesa. Desde pequena o meu sonho era conhecer a Europa , mesmo sem nem saber como era por lá. Não deu em outra! Amei cada cidade, cada paisagem. E a cultura? Cada prato de comida, cada restaurante, cada praça, cada construção, cada produto à venda nos supermercados retratavam a cultura local. Claro que não poderia faltar a interação com o povo nativo, e após alguns "laboratórios" que fiz em terras estrangeiras o meu conceito sobre homens mudou e muito. Não me refiro ao tipo físico, apesar de ter uma pequena queda pelos tipos caucasianos. Me refiro a mentalidade, a forma de viver a vida. 

O homem europeu é curioso, é viajado, é desportista, fala várias línguas e tem verdadeiro orgulho de suas origens. O mais curioso é perceber que tanto um operário quanto um executivo são igualmente cultos, falam mais de uma língua e sempre guardam histórias fantásticas de suas viagens por países  que nós brasileiros nunca tivemos nem curiosidade em conhecer. 

Quando eu estive na Suiça conheci um alemão, restaurador de telhados, ou seja, um operário ou obreiro como eles dizem por lá. O cara já havia viajado pelo mundo todo, mas a sua paixão era a Índia , a sua moto esportiva e o seu paraglider. Autodidata, ele falava três línguas fluentemente . O operário alemão é interessante. ou não é? 

Não quero estar generalizando, nem todos os operários europeus são interessantes ou inteligentes, mas eu tenho o dedo bom ( olho bom?) . Um outro alemão que tive o prazer de conhecer foi um instrutor de voo de paraglider . Ele além de ter um bom cargo como administrador de uma rede de lanchonetes suiča, nas horas vagas voava pelos céus suiços portando sempre algum turista por uma quantia modica de 100 francos. Aquilo que ele arrecadava nas suas horas vagas era sempre destinado a uma instituição de caridade. É interessante ou não é?

Conheci vários outros tipos, tanto pessoalmente quanto virtualmente e aquilo que me causa sempre uma ótima impressão é o respeito com que eles nos tratam . Eles podem até ser um pouco invasivos e te cantar logo de cara, mas nunca vão se referir a sua bunda como se ela fosse uma mercadoria. São corteses na medida certa. 

Na Itália levei algumas cantadas enquanto andava na rua, è claro que tem alguns que te chamam de gostosa na cara dura, mas as abordagens em geral sempre eram para ir "prender um café", um convite para jantar ou coisa do gênero. Os italianos são mais abusados sim, mas é uma minoria européia. 

Bom, só posso falar sobre aquilo que vivi, jamais seria imprudente ao ponto de afirmar que eles são os melhores da  face da terra, mas vamos concordar que eles são bem interessantes sob um aspecto cultural. 

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Universo Poliglota



Nestes últimos meses teimei em aprender uma nova língua: o alemão. E como se não me bastasse "tentar" aprender esta língua sozinha , estou relembrando um pouco de inglês. O meu inglês é básico , portanto, nenhum avanço até o momento. Ao mesmo tempo, me surpreendi ao perceber que não tive nenhuma dificuldade com a leitura e a tradução de textos básicos. 

O problema maior é estar no Japão, falando japonês todos os dias e lendo muitas matérias em espanhol e italiano. Tudo naturalmente, sem forçar nada. Já se tornou um hábito quase que diário. 

Não sei dizer ao certo se este meu " habito natural" de ler em espanhol e italiano,  escrever em português e falar em japonês , tudo ao mesmo tempo , me prejudicaria no aprendizado de novas línguas. Até o momento não. 

Quando eu estudava o espanhol , no meio do aprendizado, o meu português desandou. Misturava tudo e sempre tinha que parar para mudar a tecla " sap" antes de escrever algo em português. Na terceira lingua ( fora o japonês) , eu já percebi um melhor controle do meu cérebro . Já não misturava tanto as línguas, em compensação esqueci a segunda língua. 

Creio que a maior dificuldade para quem quer aprender várias línguas seja a imersão na nova lingua sem desaprender as outras. No momento que começamos a pensar em outra língua ( lá pelo nivel intermediário) . Aí o bicho pega!

Estou tentando fazer novos contatos através do facebook para aprender o alemão , e como o meu inglês é ainda básico, estou me utilizamdo do italiano para me comunicar com os suiços . Esta é uma raça interessantissima . Eles falam no mínimo 2 linguas , ou 3 , ou 4 , ou mais. 

A língua predominante na Suiça interna é o alemão, mas eles utilizam mais um dialeto alemão que ninguém entende. Na Suiça francesa , obviamente é o frances, na parte italiana, o italiano , e nos Alpes , ou Grisões o tal do romanche. Com tanta diversidade linguistica , alguns suiços ainda aprendem o inglês que é para ter um meio termo entre tantas línguas. É ou não é , um povo interessante?

Além de serem um povo praticamente poliglota , é um povo muito educado que beira a frieza se comparada a algumas outras raças que eu conheço. Porém com uma vantagem, são muito mais sérios e confiáveis sob vários aspectos. 

Bom, vejamos se eu terei progressos no alemão assim como tive no italiano, me utilizando de redes sociais para aprender línguas estrangeiras. É incrível como o aprendizado de uma nova língua nos abrem novos horizontes . Parece que uma coisa vai levando a outra e isso não tem fim. 

Alias, aonde será que eu vou parar se eu aprender a me comunicar em alemão, heimmmmm????

Bis später!!

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Jovens idealistas

o

    Malala Yousafzai - adolescente paquistanesa indicada para o Prêmio Nobel da Paz 2013


Outro dia eu estava lendo uma matéria sobre aquela garota paquistanesa que foi indicada para o Prêmio Nobel da Paz de 2013. Chorei!

 Malala Yousafzai , foi baleada na cabeça , enquanto defendia os direitos dos jovens e das mulheres a  terem  acesso aos estudos. Um grupo de fanáticos  do talibã  assumiu  a tentaviva de calar brutalmente a garota. Uma  organização fundamentalista islâmica formada por "loucos fanáticos" . 

No meu conceito, quem se utiliza da violência para pregar e defender ideais religiosos só pode ser louco. 

Quando eu começei a ler a notícia sobre a garota paquistanesa , me emocionei tanto que quase chorei. Eu sei que parece meio idiota eu estar me comovendo e chorando ao ler alguma notícia que nem tem nenhuma ligação direta com a minha vida e nem tão pouco com o país onde nascí , mas a atitude dessa garota me comoveu profundamente. 

As garotas de 15 , 16 anos que eu conheço são na maioria meninas que estão preocupadas apenas com os seus estudos, os paquerinhas , as baladas e sexo casual. Aquela famosa ficada que às vezes dura apenas uma noite de muitos amassos e sexo fácil. 

Tem também aquela ala das garotas cibernéticas que estão 24 horas plugadas na net , publicando em seus blogs e vlogs , todo tipo de assunto nerd. Estas em particular são muito inteligentes e criativas . 

Ultimamente tenho percebido tambèm muitas garotas religiosas, na maioria evangélicas que na minha opinião são jovens em busca de parâmetros para viver, não  é tanto a busca por um bem estar espiritual que eu percebo nessas garotas.  São as famosas neo-evangélicas. Será que existe esta palavra? Acabei de inventar. 

Fiquei pensando aqui com os meus botões , qual seria a diferenča entre a garota paquistanesa e o resto do mundo?

O que levaria uma garota de 16 anos a se engajar com tamanha coragem em defesa dos seus direitos 
e de outras crianças ?

Claro que eu não poderia estar comparando a vida no Paquistão, à vida no Brasil. Viver no Brasil, apesar dos pesares ainda é o Paraíso . Não existe povo mais livre no Planeta do que o povo brasileiro.
 
No Brasil, as pessoas são livres para eleger os seus governantes , depois se arrependerem , e ainda manisfestar em praça pública o seu descontento. Expressar  de forma explícita o que pensam  em redes virtuais sem serem perseguidos por grupos extremistas. Defender suas opções sexuais sem serem banidos da sociedade , ou até mesmo levados ao cárcere. Mulheres podem estudar, trabalhar e competir com igualdade no mercado de trabalho. 

Isto é o Paraíso da liberdade  de expressão e do direito de ir e vir! 

Mas será que para termos uma juventude mais consciente do seu papel no futuro de sua pópria nação é preciso viver experiências no Inferno? 

Talvez , seja um mal necessário...

Parabéns a jovem Malala que veio a este mundo com uma missão  cármica de profundo valor ao seu povo e não à passeio . 







quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Eu era feliz! E eu sabia!


                                     Hotel em Gstaad - Berna - Na Suíça alemã 


Dizem que devemos perder algo para dar valor. Não creio!

Já perdí muitas coisas na vida que eu adorava e valorizava, antes mesmo de perde-las.  Aos poucos fui aprendendo a arte do desapego para não sofrer com tais perdas. 

Nas minhas incursões pela Europa, eu descobri que apreciar " o belo" é fundamental para o meu bem estar emocional. Mais precisamente a natureza. Uma praia deserta em um dia ensolarado, um bosque, jardins, montanhas , lagos,  flores e mais flores. 

A arquitetura local também é outra coisa que me fascina. Nada de prédios modernos , apenas o toque romântico das casas  , das ruas arborizadas e seus jardins coloridos , já tinham o poder de mudar meus ânimos. 

E pensar que eu vivi toda a minha vida enfurnada dentro de ônibus, metrôs , prédios, elevadores e asfalto  por todo o lado. São Paulo é a típica cidade grande, caótica em todos os sentidos. Era praticamente impossível perceber a chegada da Primavera em São Paulo.

 Não é que não existam áreas arborizadas em São Paulo, mas era a coisa mais difícil encontrar uma área verde com flores . Seria falta de imaginação dos paisagistas paulistanos? 

Não, com certeza o povo roubaria as flores e a manutenção seria um gasto inútil. Imagina! Natureza pra quê?

Para mim, a vida se resumia a isso. Prédios, carros, trânsito caótico, assaltos e shopping centers. Decididamente, eu não era feliz em São Paulo. Me sentia sufocada. 

Na Suiça conhecí  o outro lado da vida. A da Natureza em harmonia com o concreto. Paisagens e mais paisagens naturais que contrastavam com as casas de forma harmoniosa. Um chalé suiço por mais rústico que seja, tem sempre uma sacada na janela com flores na Primavera. 

E o céu? O céu que eu conhecia de São Paulo era cinzento, quase sem estrelas. Há anos que eu já havia perdido o costume de olhar para o céu. Não se via nada!

Na Suiça conhecí a verdadeira cor do céu . Um azul celestial que se confundia com a cor dos lagos . Parecia uma coisa só. Era lindo demais para ser verdade. 

Até mesmo o inverno rigoroso tinha lá a sua beleza. Desta vez a cena principal era das montanhas com seus picos brancos de pura neve. 

Mais uma vez a astrologia vem se confirmar na minha visão de mundo. A minha Vênus na casa 9 , não deixa dúvidas de que o meu amor se expressa nas coisas belas e na mentalidade local. 

Eu era feliz, e eu sabia...



terça-feira, 8 de outubro de 2013

O retorno de Saturno


Saturno, o regente do signo de Capricórnio, ou Cronos o deus grego que comia seus filhos . 

 
Para um bom observador, da sua própria vida, é exatamente aos 29 anos de idade que percebemos uma grande mudança interior que muitos a chamam de a "crise dos trinta". Porém, 29 ainda não é 30. 

É justamente aos 29 anos de idade que ocorre o retorno de Saturno , e junto com ele vem aqueles questionamentos . O que fiz até hoje? Quando vou me casar? E os filhos? E a vida profissional?

É aos 29 anos de idade que começamos um novo ciclo, a chamada maturidade. Eu , até completar 29 anos de idade não me julgava uma mulher. Era sempre muito difícil me descrever ou me aceitar como uma mulher. Me sentia ainda uma garota que dependia da aprovação dos meus pais para tudo.

 De repente, sem nem me dar conta, as coisas foram mudando radicalmente e fui obrigada a assumir os meus 29 anos com mais responsabilidade e independência do que ha um ano antes do retorno de Saturno. 

Não são apenas as cobranças externas que nos levam a um estado de maior responsabilidade com a própria vida, são as pressões internas que nos fazem mais conscientes da nossa individualidade em relação à família , ou a qualquer outro símbolo que represente a autoridade sobre nós. 

Apesar do ciclo ser assustador para muitas pessoas , Saturno ( O Senhor do Tempo) nos dá em troca uma maior liberdade de sermos finalmente nós mesmos, as custas de muitas escolhas ( certas ou não) , que dependem tão e somente de nós mesmos. 

Dá medo deixar o lar, a segurança do nosso porto seguro. Ao mesmo tempo, tais desafios são ciclicamente necessários para a nossa evolução . 

Saturno , o pai severo , nos ensina a trilhar nossos próprios rumos e por vezes, de forma radical ( para não dizer cruel) , nos corta o cordão umbilical , nos jogando para a vida. 

Você não cresceu ainda apesar dos seus vinte e tantos anos? Então, espere e verá o "retorno de Saturno" te dando uma " mãozinha" . 

domingo, 6 de outubro de 2013

Coisas do Japão - Religiosidade

         
                Torii. O grande santuário xintoísta de Hiroshima- Patrimonio Mundial- Unesco 


Dizem que não existe um meio termo para gostar do Japão. Ou você ama, ou você odeia. 
Tem gente que ama e aos poucos vai se decepcionando, tem gente que odeia e aos poucos vai se identificando e compreendendo melhor a cultura japonesa. 

Para compreender esta raça , teriamos que ir bem longe, na era Meiji , e saber quais eram os princípios filosóficos desta gente Samurai. 

Eu fui até a Segunda Guerra Mundial e parei por alí. É muito complicado entender a filosofia Samurai. Pior do que compreende-la é aceita-la. Não existe um Deus benevolente em nenhuma citação, e para mim que creio em um " poder" que está acima de tudo e de todos , é complicado entender por exemplo, o xintoísmo que coloca o homem , as forças da natureza e os espíritos no mesmo patamar. 

Tanto o xintoísmo , como o budismo japonês, em algum ponto se assemelham.  Porèm ,  o ponto que diferencia esta  crença  japonesa em relação ao cristianismo é que em momento algum se fala em compaixão.

 Enfim, nenhuma destas filosofias orientais me toca a alma , e para mim, uma religião  por mais sabedoria que pregue   e  não possua  a capacidade de elevar o seu crente a um estado "divino" de benevolência e compaixão, não é religião. É apenas filosofia. 

Talvez o grande nùmero de suicídios no Japão tenha a ver com esta cultura dos espíritos ( ante passados) e do pouco valor que dão a vida , visto que, no Japão o aborto é legalizado. 

Bom, nem vou comentar mais detalhes por que  eu sou leiga no assunto religiosidade japonesa. E para dizer a verdade, nem me interessa saber . Qualquer religião que pregue a morte e a vida como a uma coisa una e não respeite a vida como a  uma dádiva divina , não serve para mim. 

O melhor presente que um ser humano pode receber em vida, é a própria vida. 

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

O melhor lugar no mundo para desaprender o inglês


Todo mundo sabe que o Japão ainda está em plena fase de superação da crise desencadeada em 2009. A passos de cagado, mas está se recuperando. 

Apesar dos esforços, o país perdeu muito mercado para os países vizinhos. No caso a China e a Coréia do Sul. Enquanto os outros tigres asiáticos estão enriquecendo o povo japonês anda passando por grandes apertos. 

Eu sou de opinião de que o grande problema do Japão é a sua mania nacionalista de achar sempre que são os melhores em tudo,  e dentro desta economia globalizada este tipo de postura não serve para absolutamente nada. 

Imagina um povo que não faz questão de aprender uma outra língua ?

Aos poucos os japoneses estão acordando , e tenho  visto muito incentivo da mídia para que os japoneses aprendam pelo menos o inglês.  Eu acho que é um pouco tarde , mas os jovens japoneses de hoje tem uma mentalidade um mais aberta. Um pouco perdidos, mas a mentalidade está mudando aos poucos. 

Aqui onde eu trabalho, a grande maioria dos japoneses com cargos altos não falam muito bem o inglês e todas as vezes que eles vão transferidos á trabalho para a Tailândia, é um tal de usarem a comunicaçao hurt to hurt, ou um intérprete. Japonês gosta de comodidade.

Todos eles dizem que não há a necessidade de saber falar o inglês porque na filial da Tailândia tem sempre um tradutor. Ahhh, me poupe! 

Essa mania de japonês fazer turismo por tudo que é canto do mundo em ônibus fretado com guia turístico já deu o que tinha que dar. 

Não foram poucas às vezes que eu cruzei com grupos de turistas japoneses em aeroportos da Europa. Todos com guia turístico. Se eles se perdem do grupo não são ao menos capazes de pedir nenhum tipo de  informação no balcão de embarque .  Coisa mais arcaica!

Mesmo que eles saibam o bàsico do inglês a pronúncia dos japoneses é algo incompreensível. E ainda tem japonês que teima comigo que a pronúncia deles está correta. 

A exemplo de algumas redes americanas aqui no Japão como o Mc Donalds que eles teimam em chamar de Maku Donardo, ou o Seven Eleven que é mais conhecido como Sebún Erebún. Eu sofri muito para aprender a pronunciar o meu lanche preferido do Mc Donalds aqui no Japão, o Fuiré o fixaaaa, com o "a" arrastado, ou seja, Filet-o-fish

E aquela palavrinha básica que todo mundo conhece, o stop

A primeira vez que eu ouvi uma japonesa pronunciar esta palavra em inglês eu fiquei sem saber se ela falava em japonês ou em algum dialeto local. E ainda levei uma bronca: - Você não sabe inglês , não?

Mas como é que eu vou adivinhar que "sutopu "quer dizer "stop "em inglês japonês?

Eu  sofria  muito para fazer feed-back ( fuido baaku, em inglês japonês) para o setor de produção de lentes da fábrica onde eu trabalho. A cada lote analisado os inspetores devem fazer feed-back por telefone . E quem diz que eles compreendem a minha pronúncia do alfabeto em inglês?

Outra coisa que por vezes me irrita, são alguns japoneses que reclamam sobre aquilo que eu posto no facebook. Mas minha gente! eu sou brasileira, é normal que eu poste em português sobre assuntos que interessem apenas a mim. Meu facebook não é feito para um público específico. Aliás, nem é público. No meu facebook tem espanhois, peruanos, turcos, filipinos ,japoneses, brasileiros e muitos italianos. 

O mínimo que posso fazer é postar alguma coisa em inglês . Assim todo mundo entende, ou será que não??

Não tà entendendo nada? Coloca no google

Abaixo, algumas palavras em inglês muito utilizadas no Japão que para mim é mais parecido com algum dialeto estranho. 

Inglês               inglês japonês

Brother             burazaa
grand mother    guran mazaa
grand father      guran fadaa
boyfriend          boyfurendo
skirt.                 sukaato
shirt.                 shiyatsu
pants                pántsu
orange juice      orendí djuisu
bra                    burá ou buradjyaa
belt.                   beruto
iPad.                  aipaato

Link para o video de Shimura Ken ( comediante japonês) ensinando inglês para estrangeiros http://youtu.be/FFZ21et-vhY

terça-feira, 1 de outubro de 2013

As senhoras risadinha


Não dá para descrever o Japão como a um país alegre e de gente otimista, muito pelo contrário , os índices de suicídios no país dos comedores de miojo lamen são alarmantes. 

Um entre cada 10 japoneses tem pelo menos um conhecido , ou familiar que cometeu suicídio por inúmeras razões.Desde adolescentes que sofrem bulling nas escolas , personalidades da mídia , empresários falidos e idosos. 

Se eu for pesquisar a árvore genealógica dos meus antepassados com certeza irei encontrar alguém que cometeu tal ato. 

Apesar desta " cultura" japonesa de se suicidar por " honra" , ou seja, a honra perdida em alguma esfera da vida, existe uma porção de japoneses , muito mais frequente nas senhoras japonesas , uma característica no mínimo curiosa : elas riem de tudo. Às vezes eu fico meio sem ação nestas horas porque a impressão que tenho é totalmente inversa. E pior, elas continuam rindo mesmo que você esteja falando sério e a conversa não tem um prosseguimento normal. Fica só na risadinha. 

Dà vontade de perguntar: - Tá rindo do que?

Talvez seja uma forma , na cultura local, de demonstrar interesse mesmo sem estar interessado. Para mim que vivi muito mais a cultura brasileira do que a japonesa, e agora  estou fazendo o caminho inverso, por vezes tenho a impressão de que japonês é uma raça falsa. Riem o tempo todo para você, mas pelas costas estão sempre fazendo algum comentário crítico, ou planejando um suicídio. 

A questão deste comportamento japonês está no conceito japonês de que nunca devemos demonstrar nossas emoções em público. A partir do ponto de vista ocidental, uma pessoa não pode ser tão dissimulada assim sem ser desmascarada no decorrer de algum relacionamento, porém, aqui no Japão é muito difícil desvendar a verdadeira personalidade de um japonês. Só convivendo entre quatro paredes. 

Existe um " exagero", no comportamento japonês de ser sempre cordial, principalmente com estranhos , ou colegas de trabalho. Bom, nem todos são assim, não dá para generalizar, mas a cultura existe, e para nós que tivemos uma orientação ou vivência mais ocidentalizada fica dificil saber quem é amigo de verdade e quem está apenas sendo cordial. 

Até hoje não sei dizer se as minhas amigas japonesas me aceitam somente pelo fato de eu ser filha de um japonês legítimo, ou se elas me aceitam assim como sou, uma estrangeira. Creio que vou morrer com esta dúvida.