terça-feira, 27 de julho de 2010

Desapegando

Fase estranha essa a minha. Penso que andei exagerando nos meus exercícios de desapego que aprendi no budismo. Por incrível que pareça depois de um ano tentando entender o tal do desapego que eu tanto lia nos livros de budismo, acho que absorvi gradativamente o entendimento sem nem perceber. Desapeguei geral!
O desejo de ter e possuir é aquilo que leva o homem ao sofrimento. Desejar mais do que aquilo que podemos ter em um dado momento é o que nos causa a ansiedade, a frustração e a dor.
Então...eu aprendi a não desejar mais do que eu posso ter, e aprendi também a controlar a minha ansiedade, coisa que me causava terríveis dores nos ombros e insônia. Mas, será que eu não ando exagerando no meu desapego?
Não sinto falta de nada e de ninguém em especial, quer dizer, não sofro mais por antecipação e as minhas crises (seja lá qual for) não duram muito tempo. Me resolvo rapidinho.
Como tudo na vida, tudo que é demais não é bom e o meu desapego já está beirando a auto-suficiência e a frieza de sentimentos. Aiai...alma capricorniana aqui me tens de regresso.

sábado, 24 de julho de 2010

romantismo ecológico

Amor ecológico entre o crocodilo e a ave- palito

Alguém nessa vida já te disse que esteve simbióticamente bem com você?Pra mim disseram.Pois é! acho que ouvi essa palavra em alguma aula de biologia, ou coisa do gênero, mas nunca me passou pela cabeça que alguém nessa vida fosse capaz de referir-se a quimica entre casais de forma tão ecológica.Puro romantismo ecológico, ou o que?

Simbiose é uma relação mutuamente vantajosa entre dois ou mais organismos vivos de espécies diferentes. Na relação simbiótica, os organismos agem activamente (elemento que distingue "simbiose" de "comensalismo") em conjunto para proveito mútuo, o que pode acarretar especializações funcionais de cada espécie envolvida. A simbiose também é chamada de protocooperação [carece de fontes?].

Há alguma indefinição nos conceitos associados a este termo. Assim, dever-se-á ter presente que a simbiose implica uma inter-relação de tal forma íntima entre os organismos envolvidos que se torna obrigatória. Quando não existe obrigatoriedade na relação, dever-se-á utilizar antes o termo/conceito protocooperação."

Cooperação, Protocooperação ou Mutualismo Facultativo é toda relação ecológica harmônica, em que ambas as espécies são beneficiadas mas uma pode viver independentemente da outra.

A protocooperação é uma relação benéfica para ambas as espécies, embora não lhes seja indispensável. Os seres associados mantêm certa independência: apenas se beneficiam das associações mais ou menos duradouras que estabelecem.

Exemplo de protocooperação:

A relação que ocorre entre as aves-palito e os crocodilos: freqüentemente existem sanguessugas e restos de comida entre os dentes dos crocodilos. Por causa disto, o crocodilo abre a boca e permite que a ave-palito pouse dentro dela para se alimentar dos restos de comida e das sanguessugas. Assim, o crocodilo fica livre desses "incômodos" e a ave-palito obtém alimento de maneira fácil e segura (porque o crocodilo não fecha a boca, e nenhum predador da ave-palito se aproxima do crocodilo).

O amor é frágil


Para aqueles que ainda pensam que o amor chega pronto , firme e forte, como se fosse feito por encomenda, por favor, caiam das nuvens. O amor é frágil , assim como uma taça de cristal onde se bebem os melhores vinhos. Porém, uma vez que caia ao piso, ele se parte em mil pedaços. Juntar os cacos é praticamente impossível.
Amadurecer essa emoção dentro de nós requer muita persistência , dedicação e responsabilidade.Éh!, eu penso que amar e se deixar amar é uma questão de pura responsabilidade.
Não podemos jogar com tais emoções, pois não existem regras, nem vencedores e nem perdedores.Todos nós queremos ser amados, pelos nossos filhos, pelos nossos pais, e por alguém que esteja disposto a se entregar. Veja só, que grande responsabilidade...
O amor é frágil, delicado, honesto, sincero e mutante. Engana-se quem pensa que o amor pode viver, respirar e sobreviver por sí só.
Antes de querer (desejar) alguém que te ame de verdade, perceba se está realmente preparado para vivencia-lo com toda a honestidade , responsabilidade e zelo por tais emoções.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

34 graus

Na terra do sol nascente as estações do ano se dividem claramente e é possível saber exatamente quando uma estação começa e a outra termina , ao contrário do Brasil , que nunca sabemos quando é primavera e quando é verão.
Este ano o verão japonês está de amargar desde junho , e o pico maior do calor será em agosto. Meu Deus do Céu! Será que eu vou aguentar ir de bicicleta todos os dias pro trabalho debaixo de um sol de 34 graus rachando a minha cuca?
Hoje abri a janela do quarto e da cozinha pra fazer o vento ventilar um pouco dentro de casa, mas em 2 minutos eu desisti da idéia e como sempre fechei tudo e liguei o ar. Imagina, ventilar a casa com um golpe de ar quente e úmido?
Tudo que é demais faz mal, e esse calor excessivo que tem feito neste periodo está me derrubando...:-(
Que Deus ilumine e proteja todos os fabricantes de ar condicionado...:-)

quarta-feira, 21 de julho de 2010

IJIME

Não, eu me recuso a aceitar que isso seja apenas uma herança cultural. Quando eu vim pela primeira vez aqui na terra dos samurais com a minha filha morria de medo dela sofrer o tal do IJIME, ou seja, retalhação, humilhação e exclusão do meio social. Ouvia falar tanto que fiquei quase neurótica com medo de manda-la a escola japonesa. Dito e feito, ela sofreu "ijime" na escola japonesa e pela primeira vez na vida eu a vi tão triste, tão envergonhada de ser brasileira e quase depressiva. Graças ao bom Deus, nem todos os japonêses tem um coração de pedra e o maior apoio que ela recebeu na época foi da sua professora japonesa.
Me lembro que conversamos muitas vezes por telefone e ela me pedia sempre mil desculpas em nome dos japoneses pelos maus-tratos que a minha filha havia sofrido na escola ,e se desculpou também pela falta de eficácia da própria escola de conter esse tipo de problema. Enfim, esse mal já é cultural e o "ijime" não é coisa só de crianças do primário, a coisa vai longe até mesmo no ambiente de trabalho.
Hoje , percebi o quanto os japoneses sabem ser cruéis quando nao gostam de alguém, ou simplesmente não vão com a cara de alguém, gratuitamente sem nem mesmo conhecer o alvo do seu "ijime".
Como é que pode? Pessoas adultas com mais de 30 anos fazendo retalhação às mais jovens e principalmente às novatas só porque não foi com a cara?
Duas garotas que trabalham comigo foram retalhadas e literalmente excluidas (uma japonesa e uma brasileira) socialmente. O "ijime" ainda nem começou, mas a meta é faze-las pedir as contas. O mais surpreendente (desprezível) é saber que os chefes estão torcendo para que as duas se demitam e ainda ficam fazendo comentários maldosos pelos corredores.Gente!Não é mais fácil e mais civilizado demitir as duas ?De onde é que vem tanta maldade?
Não ir com a cara de alguém é normal, mas perseguir, debochar e retalhar não faz parte do meu mundo. Coisas do primeiro mundo...
Giapponese sangue del mio sangue...ma vaff....e poi io che sono preconcettuosa? Ma vaff...anche voi che pensano così...

domingo, 18 de julho de 2010

Recordar é viver


Já percebi que eu vivo entre o passado e o futuro, o presente parece algo que se empurra com a barriga esperando algo melhor.Tudo bem, pode ser um momento (longuissimo) que estou passando, como se fosse uma longa fase de transição. Felizmente não só de espera se fez a minha vida nesta longa transição.Vivi muito!
As recordações que tenho desta fase (ainda de transição) são as melhores que tenho de toda a minha vida. Parece até que eu vou morrer amanhã falando desse jeito, mas a verdade é , que quando temos algo de bom para recordar ,quando trazemos esse "algo" do passado ,essas mesmas recordações nos impulsionam a querer viver as mesmas sensações que ficaram no passado ,porém ainda vivas na memória. Feliz daquele que tem boas recordações , que sente saudades de alguém, ou de algum lugar, ou até mesmo de um momento.
Vou vivendo o meu presente (mesmo que empurrando) de olho no futuro , com a certeza de que mesmo aquilo que ficou para trás pode ainda fazer parte de um futuro bem proximo...e se não o for, não importa, já faz parte da minha história...:-)

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Sakê hodai


O sakê é uma bebida alcóolica tipica japonesa ,mais conhecida por aqui como nihonshu que significa "típico do japão".A fabricação do sakê tem mais ou menos o mesmo processo de fermentação da cerveja, e o seu teor alcóolico é de 18 à 20%. Para nós brasileiros seria a famosa cachaça.
Bebe-se o sakê quente em pequenas taças , ou diluido com água e gelo.Pode-se beber cowboy também. Ao gosto do cliente.
O sabor?Lembra arroz embebido em alcóol com açucar...:-)
Amanhã é dia de encher o caco de sakê com os amigos japas .A alegria da japonesada é poder encher a cara de sakê até perder o rumo de casa, mas como todo japonês é muito precavido e "certinho", mesmo quando estão bêbados, todos vão voltar de taxi, ou de daiko, que é uma espécie de taxi com motorista particular que conduz o carro do bêbado. E se por àcaso um bêbado for pego dirigindo o seu carro, o estabelecimento que forneceu a bebida também é multado.
Imagina se isso pega no Brasil?Seria um tal de bêbados dando o calote e bares se unindo pra entrar com uma ação conjunta na justiça contra a nova lei. E como fazer para identificar o estabelecimento que o bêbado comprou a bebida?
Se cú de bêbado não tem dono...declaração de bêbado vale?

sábado, 10 de julho de 2010

De repente...

De repente me deu saudades do tempo em que eu ouvia Lulu Santos cantar, "De repente Califórnia".Ahhh... tempo bom aquele. Naquela época (anos 80) , penso que o mundo andava muito musical, com uma musicalidade muito particular que marcou uma época e uma geração: a minha.Me inspirei nas canções românticas de Lulu Santos pra trilhar os meus sonhos de adolescente. Eu penso que o Lulu e suas composições me induziram a viver as minhas loucuras: "- Tolice é viver a vida assim, sem aventura. Deixa ser pelo coração. Se é loucura então,melhor não ter razão." (O último romântico)
Bem, o meu destino não era a California (eu tentei), mas levei meus sonhos pra tantos outros destinos...
Como diz Lulu Santos: " Na minha vida ninguém manda não,eu vou além desse sonho. A vida passa lentamente, e a gente vai tão de repente que não sente saudades do que já passou..."(De repente Califórnia)

redirecionando


Outro dia falava com uma amiga japonesa e ela me perguntou se eu realmente pensava em ir embora daqui.Respondi imediatamente:-Mochiron!(obviamernte).E ela me questionou o porque da vida no Japão ser assim tão kurushi(sufocante) para nós brasileiros e descendentes.
A verdade é que nós nipo-brasileiros não viemos ao Japão por amor a cultura, a mentalidade local, ou com planos de trocarmos a nossa pátria tropicalesca pela pátria do sol nascente.A vida parece que não avança...nem no aspecto profissional, nem no aspecto pessoal.O povo japonês é muito metódico em tudo e até mesmo as opções de diversão no arquepélogo são as mesmas ha anos, e ninguém parece estar sedento de muitas mudanças.Coisa normal no Brasil, as mudanças, as transformações, as tendências que se fazem sentir claramente : a abertura.Enfim...só não avança no Brasil quem não quer.Em contra-partida ,no Japão não existe essa abertura em nenhuma área. A começar pela dificuldade da língua que nos limita a levarmos uma vida de semi-analfabetos no primeiro mundo.
Após a crise mundial,agora um pouco estabilizada, muita coisa mudou por aqui, e a primeira coisa que os japoneses fizeram é fechar mais portas ainda para os estrangeiros que vivem aqui.Se as portas já eram poucas, agora existem menos ainda.
Percebo que, o fato de eu ser descedente direta de japoneses ,meu pai é japonês legítimo de fukushima-ken, e falar a língua local, ainda me respeitam um pouco e não me julgam apenas como mais uma estrangeira que está tirando um posto de trabalho que poderia ser ocupado por uma japonesa legítima.Sorte a minha?
Nos últimos mêses estou repensando e redirecionando a minha vida(a curto prazo), para poder regressar ao Brasil. Definitivamente a forma que os japoneses encaram a vida e a vivem não me agrada em nada. Falta tempo pra viver...é muito estranho ,mas é assim.
Bem...a mentalidade local é a do primeiro o trabalho, depois o trabalho e quando sobra um tempo,mais trabalho. É a mentalidade local e enquanto vivemos aqui devemos respeita-la...ou deixa-la...