quinta-feira, 26 de julho de 2012

Silencios ocultos


Quando eu era criança as minhas emoções eram tão intensas e os meus pensamentos tão conflituosos que quando eu ficava por alguns minutos pensando, pensando, e ruminando com os meus botões eu tinha a certeza de que eu estava me comunicando com as pessoas , ou seja, eu achava que tinha falado algo que nem cheguei a falar e esperava sempre que as pessoas me entendessem, e quando elas não me entendiam eu ficava "irada". Nem me lembro quantos anos eu tinha quando percebi a diferença entre "falar" verbalmente e o "falar" mentalmente. Para mim era a mesma coisa e não entendia por quê as pessoas ignoravam as minhas falas silenciosas.
Cresci e aprendi a diferença entre verbalizar e mentalizar, mas confesso que eu ainda penso e sinto muito mais do que falo ou expresso em gestos. Hoje, na idade pseudo-madura , aprendi a fingir que não estou mais sentindo aquelas emoções intensas e que já não tenho mais aqueles pensamentos conflituosos de quando eu era criança. Aprendemos a camuflar as emoções, mas como eu sempre digo e afirmo: A nossa essência sempre será a mesma. Apesar da calma aparente e do auto-controle adquirido em anos de leitura, meditação e isolamento, tem momentos que a "chispa" aparece e não dá para fingir e silenciar a "ira". Queria poder ter mais controle sobre isso, mas nem tudo na vida é perfeito. Ao menos eu já não atiro mais vasos contra a parede e não sofro mais de insônia. É uma grande evolução.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Quando partir é preciso...


Me lembro da primeira vez que deixei o Brasil, ainda no check-in do aeroporto os minutos passavam velozmente e já era hora de entrar naquele corredor da morte, a imigração. Me despedi rapidamente e nem olhei para trás. Olhar para trás é fatal. No saguão de espera, alí sim, os minutos pareciam uma eternidade e eu não via a hora de embarcar para passar logo aquela agonia típica das partidas. Porém, na primeira vez a minha filha estava comigo e não foi tão difícil assim, apenas a ansiedade me corroria a alma. Na segunda vez, na terceira, na quarta , na quinta e tantas outras vezes, em tantos outros aeroportos, já começei a me acostumar com esta agonia das partidas e partir se tornou algo normal.
Desta vez parece que sinto aquela mesma agonia "não tão normal" da primeira vez. Será que eu mudei?Será que desta vez não terá volta?
Não existe partida sem chegada e o que me consola sempre nestas minhas idas e vindas é que toda chegada é um novo recomeço. Alguma coisa sempre muda, não só na paisagem, mas dentro de nós, à cada partida e chegada. Nem sempre com a volta marcada.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Meu destino "5"


Certa vez, fiz por curiosidade uma projeção do meu futuro numerologico , e um número me chamou a atenção: o "5". E não é que esse número permaneceria ditando os rumos do meu destino até na velhice?
Bem, ainda não estou velha, mas estou caminhando lentamente, a passos de cagado e um dia vou ficar bem velhinha de cabelos brancos , bengalinha , touquinha de lã na cabeça pra disfarçar os poucos fios de cabelo brancos que me restarão , e etc. Este é o destino de todos, mas imagine uma velhice regida pelo número 5? O número 5 me inspira muita instabilidade e isso não é muito bom para uma velhinha. Ao mesmo tempo, eu não vivo sem isso, não propriamente a instabilidade em sí, mas eu preciso de movimento, preciso de mudanças radicais, senão a vida me parece muito estagnada com a mesmice do dia-à-dia. A rotina me mata. Sinceramente, eu invejo aquelas pessoas que são estáveis, que trabalham na mesma empresa por mais de 10 anos, que vivem ao lado da mesma esposa , ou esposo, ha anos e nada muda este "status quo". Eu não serviria nunca para ser uma funcionária pública por exemplo, acho que morreria com tanta estabilidade.
Tá certo que muitas mudanças radicais estressam e requer uma alta dose de "coragem", para enfrentar tantas mudanças e novas possibilidades, mas talvez seja esta adrenalina dos primeiros meses de mudanças radicais que me alimentem a alma. Eu preciso disso, e coragem é o que não me falta para viver o novo, o desconhecido, o imprevisível e até mesmo , o improvável.
Lá vou eu de novo para a terra do sol nascente, e desta vez vou mais para so Sul do país, um pedaço que eu ainda não conheço, Osaka. O povo de Saitama nos arredores de Tokio é frio e stressado, o povo de Shizuoka é super hiper amável e simples, agora, vamos ver como são os japas de Osaka, a cidade da máfia japonesa, a yakuza...aiaiaia. Vidinha incerta.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Se eu pudesse...

Se eu pudesse eu fugia desta terra e das obrigações civis. Estou falando da burocracia que é viver, e morrer também em sociedade. Melhor seria se voltassemos a era das barganhas, aonde todo mundo trocava qualquer coisa sem precisar pagar por nada e nem comprovar a procedência.
Não me bastasse o pouco tempo que me resta para agilizar a minha documentação (visto) e a minha viagem que está programada para o final do mês, agora estou tendo que correr contra o tempo para dar entrada no inventário do meu falecido pai. Eu nem preciso dizer que não tenho aqueles papéis que às vezes são verdinhos, às vezes rosadinhos , com marcas d'agua e que representam numerários para barganhar com advogados e cartórios. O que me resta então? Madrugar na porta de uma casa que se chama: Defensoria Pública, munida de um "zilhão" de documentos para tentar dar início ao tal do inventário gratuito, que de gratuito não tem nada. Gratuito para mim é quando não se paga absolutamente nada, o que não é o caso aqui. Se a justiça é gratuita para quem declara ser pobre , como é que o pobre, além de já ter sofrido uma perda familiar, ainda tem que levar uma facada na hora de pagar o imposto de transmissão causa mortis?
Está explicado porque pobre continua pobre mesmo depois de receber uma herança. Simplesmente porque ele não tem condições de pagar os impostos para receber tal herança. Nas novelas da Globo é sempre tão chique ser "herdeiro". Rico deixa testamento e o contesta quem pode. Pobre deixa legados, aceita quem quiser.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Os aspectos que me impelem


Destino para mim é algo que já estava pré-determinado desde o momento que nascemos e nada pode muda-lo, quer dizer, podemos tomar outros caminhos mais curtos ou mais longos, este é o nosso livre-arbítrio. Na realidade o livre-arbítrio não passa de aprendizado, caminhos que escolhemos para seguir o nosso destino. Não que eu não acredite em milagres, mas para que isso aconteça é preciso ter muita fé em sí mesmo e muita disciplina. Fé é pura disciplina . Quem diz acreditar em Deus e não pratica a oração está apenas fazendo uma afirmação . Sem a prática não pode exister fé, e mesmo com a prática alguns não conseguem nunca atingir este estado de espírito.
Estou acompanhando os aspectos que me regem neste periodo (como sempre) para saber se estou caminhando para o rumo certo, ou seja, se eu não estou remando contra a maré. Nem sempre aquilo que pensamos e queremos executar em nossas vidas está pronto para ser vivido . Compreendi perfeitamente esta questão neste um ano que se passou. Tentei mudar o meu destino rumando para terras européias (era aquilo que eu mais queria), e mais uma vez compreendi que o nosso livre-arbítrio é limitado até certas circunstâncias. Podemos tomar atitudes imediatistas e drásticas para mudar o nosso destino, mas nem sempre é o momento certo para se abrir mais uma porta. Ou seja, nem sempre estamos preparados para vivenciar tais escolhas , e aí começam as dificuldades . Vence quem está preparado, perde quem apenas ousou provar o poder de seu limitado livre-arbítrio.
Einstein não acreditava em livre-arbítrio. Para ele, o Homem é livre de fazer o que quer, mas não é livre de querer o que quer. Se ele que era um homem inteligentíssimo e pensava assim, quem sou eu para contesta-lo.
Por mais que eu tentasse fugir do meu destino, o universo me forçou a voltar para o Brasil e eu não conseguia entender o por quê? Foi preciso um tsunami , ameças nucleares e um suiço "maluquinho" para me cuspir de volta ao Brasil. Hoje compreendo que vim para viver parte de meu destino (maktub) que já estava escrito (Plutão na casa 8). Algo relacionado a mortes e legados. Vim ao Brasil, por força do destino para enterrar o meu pai e dar o último adeus. Por mais que eu tivesse tentado sair do Brasil (desesperadamente) durante este periodo eu não conseguia por vários fatores.
No final do mês tenho uma viagem programada para voltar ao país do Sol nascente. Estou usando o meu livre-arbítrio outra vez, mas desta vez os astros me impelem. Nao era bem o que eu queria, mas se devo percorrer mais este longo caminho para alcançar meus objetivos, que assim seja. Maktub.

domingo, 1 de julho de 2012

Matto = Doido



Albert Einstein também era "doido". Doido com foco.
Significado de doido:
adj. s. m.
1. Que perdeu a razão.
2. Extravagante.
3. Temerário.
4. Insensato.
5. Arrebatado, muito contente.
6. à doida: doidamente,
estouvadamente.
7. DOUDO
De tanto ouvir as pessoas se referirem a mim como "doida", eu precisei pesquisar na net para poder entender melhor que tipo de doidera é essa que eu tenho. São tantos os adjetivos que não sei bem aonde eu me enquadro melhor. Bem, de todos esses adjetivos o único que eu discordo é o da insensatez, o resto confesso que sou um pouco de tudo, principalmente o "estouvado". Eu até incluiria um outro adjetivo: impetuoso.
Analisando o significado da palavra percebo que não há nada de depreciativo, muito pelo contrário são características encantadoras em uma pessoa porque a torna "original". Ao mesmo tempo o ruim de ser "original" é não ser " previsível",portanto, aos olhos dos outros nos tornamos temerários, ou seja, aquele a quem não se pode confiar 100% em função da impetuosidade e das atitudes tresloucadas. Por exemplo, na vida profissional isto não é um ponto à favor, e pra dizer a verdade nem mesmo na vida afetiva porque um "tresloucado" toma atitudes imediatas (instintivas) sem consultar a ninguém. Não porque seja um egocêntrico e autosuficiente, mas porque não dá tempo de avisar ninguém à tempo . Na realidade, quase ninguém concorda porque o "impetuoso" ou "doido" anda constantemente na contra-mão sem nem se importar se alguém um dia criou regras para o trânsito. Não quero afirmar aqui que um "doido" não respeita as leis de trânsito, é apenas uma alusão.
Resumindo em poucas palavras (depois de tanto blá,blá,blá), o doido faz aquilo que dá na telha e não mede as consequências. Assim sou eu.