quinta-feira, 27 de abril de 2017

Vida em comunidade



Não sei se a vida em comunidade de estrangeiros é igual no mundo todo, mas aqui em terras nipônicas , os brasileiros se relacionam apenas com brasileiros , salvo algumas exceções. Existe a barreira da língua , em primeiro lugar, e os costumes de cada cultura que dificultam uma maior aproximação.

Talvez o fato da cultura asiática ser totalmente diferente de todo o resto do mundo crie uma barreira para uma aproximação e interesse maior por parte dos brasileiros que vivem aqui em terras nipônicas.  Esta é uma das explicações , mas também pode ser pelo fato do brasileiro não ter nenhum interesse em vivenciar e aprender com novas culturas. A exemplo disto , é o fato da maioria dos brasileiros nem imaginarem  como é a cultura e a economia de países vizinhos da América do Sul. Não vamos generalizar, mas a grande maioria tem esteriótipos e pouco conhecimento. Eu também me incluo.

Eu nunca imaginei que o Panamá fosse um país com boa qualidade de vida , por exemplo, até ouvir comentários de brasileiros que conheceram o país. Aliás, eu tive que olhar no google maps para saber  onde se localizava o país. Ignorância geográfica.

Voltando aos brasileiros que vivem aqui no Japão, é compreensivel que se formem comunidades de iguais, mas aquilo que eu não consigo aceitar é o fato do brasileiro não ter o minimo interesse em ampliar seus horizontes e cultura através desta "oportunidade" de viver em terras nipônicas.

A cultura japonesa é riquissima , e muitos estrangeiros viajam ao Japão atraídos excepcionalmente pela cultura local, enquanto nós brasileiros, temos a oportunidade de viajar à trabalho por tantas cidades japonesas e nos fechamos dentro de comunidades locais de brasileiros sem interagir com nativos japoneses e seus costumes locais.

Outro fato que me incomoda muito nas comunidades de brasileiros em terras nipônicas é a falta de interesse por assuntos locais , como a econômia japonesa, que aliás, reflete diretamente na indústria , setor onde a maioria dos brasileiros atuam. Também percebo um desinteresse total por notícias sobre a economia brasileira. Desde que eu voltei do Brasil, hà pouco mais de um mês, as únicas  pessoas que me perguntaram sobre a situação atual do nosso país, foi uma amiga que vive nos Estados Unidos e outra que vive na Inglaterra.

Eu me pergunto: Onde está o interesse e o foco dessas pessoas que não se interessam nem pelo país onde vivem, e nem pelo país de onde vieram?

Viver em comunidade é algo que nos traz conforto sim, mas fechar-se para o mundo não é uma boa opção quando vivemos como estrangeiros. A vida se torna totalmente estagnada , limitada e sem direção.

" O mundo é do tamanho das linguas que conhecemos " . Uma boa opção ( fundamental) para quem vive no estrangeiro é aumentar o conhecimento da lingua e da cultura local. Aprender outras linguas também é interessante , como o inglês. É a partir de uma nova lingua que adquirimos novos conhecimentos e novos horizontes.

De que tamanho é o seu mundo?


quinta-feira, 20 de abril de 2017

A pegada brasileira



Outro dia eu estava tentando convencer a uma amiga de trabalho brasileira , que está encalhada, a procurar em sites de relacionamentos homens estrangeiros. Eu mesma já conheci uns 4 pessoalmente.
Ela me falou da dificuldade em se comunicar em outra lingua , o que gera muitos mal entendidos e dá muito trabalho para estar usando o google tradutor a todo momento. Mesmo assim continuei insistindo porque aqui no Japão está cada vez mais raro encontrar brasileiros solteiros , sem filhos , com algum projeto de vida a dois em mente e que queiram um relacionamento serio.

A minha amiga titubeou e disse: - Mas brasileiro tem pegada.

Por um segundo fiquei muda. Não tinha nenhum argumento à favor dos estrangeiros que eu havia conhecido no passado. Alguns italianos e um suiço.

Os italianos são muito romanticos e passionais, mas nem todos tem aquela "pegada" . Pelo menos os que eu conheci eram até bem respeitosos e cavalheiros. Apaixonantes, sem dúvida alguma, mas não dà para fazer comparações com os homens brasileiros.

O único suiço que conheci e com quem mantive um  relacionamento de dois anos, entre idas e vindas do Japão para a Suiça , e com quem quase me casei, também não sabia o que era uma "pegada". Os suiços são bem mais contidos. Não quero generalizar mas o meu ex-suiço era um homem sério, profissionalmente competente em sua àrea de atuação ( consultor alimentício ) , ótimo cozinheiro ( ex-chef de cozinha ) , organizadíssimo, e um ótimo administrador de suas finanças. Porém, ele era um "iceberg" ambulante, além de neurótico.

Meus últimos relacionamentos com brasileiros foram em terras tupiniquins hà anos atrás e devo admitir que "a pegada" brasileira faz a diferença. Mas como nem tudo na vida é só isso, e para se viver um relacionamento à dois pleno , com projetos para o futuro   é preciso existir a confiança no outro. No quesito confiabilidade os europeus ganham disparado, na minha humilde opinião.

Talvez seja uma questão simplesmente cultural. Europeus em geral são mais objetivos quando se interessam por alguém de verdade, enquanto o brasileiro vai "ficando" até ter certeza do que quer.

Diferenças à parte, com pegada ou sem pegada . Atualmente aquilo que me preencheria em uma relação é a confiabilidade e a cumplicidade.

Sem estes dois quesitos ainda fica valendo aquele velho ditado: "Antes só do que mal acompanhada".


quarta-feira, 19 de abril de 2017

E a vida passa...





Abril de 2017. Como o tempo passou rápido!

Nem sei mais dizer a quantos anos atrás mudei a minha vida radicalmente, quando decidi vir provar os meus limites sozinha em terras nipônicas. Talvez 13 ou 14 anos atrás.

Muita coisa aconteceu durante este periodo de quase 15 anos , e se eu fosse contar os detalhes, teria que escrever um livro.

Decididamente , eu não sou mais a mesma pessoa . Aliàs, a cada ano eu me transformo, não somente no aspecto fisico com o passar do tempo. Uma ruguinha aqui, uma flacidez alí, alguns fios de cabelos brancos , e assim vai. A minha maior mudança tem sido na minha personalidade, o modo como eu reajo ao mundo. Como eu sempre digo e afirmo, a nossa essência é sempre a mesma, mas com o tempo aprendemos a lidar com os aspectos negativos e a valorizar os pontos positivos .

De toda esta mudança , aquilo que realmente faz a diferença neste processo é o fato de ter me conhecido melhor. Hoje posso ser eu mesma , sem ter que querer agradar a ninguém , e nem seguir os ditados de uma educação limitante e antiquada que recebi de meus pais. Tambèm não os culpo mais por nenhuma falta . Assim como não me culpo mais por nenhuma falta que eu tenha feito na criação e educação de minha unica filha. Quanta culpa eu sentia por não ser perfeita.

Os meus relacionamentos em geral também mudaram bastante. Estou muito mais seletiva e aprendi a não aceitar mais qualquer  coisa apenas para suprir necessidades afetivas. Também não me importo mais com probleminhas do dia-a-dia . Se não deu para resolver hoje, não guardo o estresse para o amanhã. Aprendi a controlar a minha ansiedade. Cada coisa a seu  tempo.

A vida fica muito mais facil e menos estressante quando não guardamos problemas dentro de nós. Resolve-se hoje ou não se pensa na questão. Simples assim. A vida se apresenta muito mais organizada , mesmo em tempos difíceis, e a nossa mente agradece.

A unica coisa que ainda não consegui mudar são os meus sonhos para o futuro. Sempre tem uma idèia  meio fora do comum borbulhando na cabeça. Creio que este seja o meu combustível, os meus sonhos.

Sonhos para mim são projetos de vida , sem essa de ficar sonhado acordado sem nem ao menos mentalizar e direcionar a vida ( aos poucos, sou capricorniana) para a concretização de nossos sonhos.

E é isso. Hoje acordei pensativa. Pensando no quanto eu amadureci com as minhas experiências . E concluo   que, viver é se desafiar todos os dias. É testar  os nossos limites, apesar da preguiça, que vai tomando conta do nosso corpo. Eu ando bem preguiçosa, mas nunca desanimada.

Como eu disse , tem sempre uma idéia nova borbulhando e isto é o que me impulsiona na vida, mesmo que eu tente...tente...e não consiga concretiza-lo . O que vale mesmo é o esforço de tentar . Muitas vezes o processo é muito mais rico do que a finalização de algum projeto.

Namastê!

sábado, 15 de abril de 2017

Ansiedade, o inicio do mal



Entre 10 pessoas que eu conheço , pelo menos mais da metade sofre de ansiedade, cada um a sua maneira. Alguns sofrem de insônia, outros são trabalhadores compulsivos , do tipo workaholic, outros  exageram em compras , outros comem além do necessário, outros são dispersos, e assim vai a lista.

São poucas as pessoas com quem posso sentar tranquilamente , tomar um café e jogar uma boa conversa fora. Parece até que elas  estão plugadas a uma tomada de 220 voltz e não podem relaxar e se desligar do mundo por alguns momentos. Estão sempre a um passo à frente mentalmente. Isto quando não estão fazendo outra coisa enquanto você tenta conversar com ela, do tipo mexer no celular à cada minuto.

Pior ainda são aquelas pessoas que começam a falar pelos cotovelos sobre algum assunto banal e nem percebem que de repente você está a fim de "se comunicar" com ela , e não te interessaria saber se a vizinha da casa da direita comprou um carro novo, ou se o marido dela está saindo com a vizinha da casa da esquerda. Tem aquelas pessoas também que não sabem puxar o gancho de nenhum assunto e sempre esperam que você comece a falar .

Todas estas  interações causam uma certa ansiedade . Você não consegue se expressar como desejaria e nem a outra pessoa . Ninguém ouve ninguém , de verdade.

Com toda esta falta de "qualidade" na comunicação interpessoal, a ansiedade começa a se instalar aos poucos , refletindo em nossa alimentação, no sono, no humor , e na incapacidade de viver o hoje. Pessoas ansiosas sempre estão algumas horas à frente, alguns meses, ou anos. Se fossem visionários seria ótimo, mas a grande maioria se perde entre o hoje e o amanhã, em uma desordem mental que reflete no dia à dia de forma improdutiva.

A ansiedade pode ser a porta de entrada para outros males , como a depressão, dependendo da autoestima de cada um. Aprender a domar a nossa mente é imprescindível para a nossa saúde fisica e mental.

Existem muitas terapias alternativas que nos ajudam a equilibrar as nossas emoções , mas para mim o segredo está no vazio. A capacidade de manter-se em vácuo mental por alguns minutos aprende-se praticando todos os dias. É como a disciplina de nos exercitarmos fisicamente todos os dias, ou três vezes por semana. No começo é dificil , a mente começa a divagar sem o nosso consentimento, porém com a pratica ela se condiciona a obedecer nossos comandos.

No começo , para os mais dispersos , um bom exercicio é fechar os olhos e imaginar que uma nuvem branca está tomando todo o nosso corpo, ou concentrar-se na leitura de uma pagina de um bom livro e tentar visualizar o texto como se fosse um filme. A cada pàgina uma nova visualização mental do texto. Porém, tal exercicio não é para absorver o conteudo do livro em si, é apenas um exercicio para concentrar a nossa atenção apenas no ato de ler uma página de um bom livro sem deixar que a mente disperse.

Namastê.


sexta-feira, 14 de abril de 2017

A nossa antipatia de todo dia



Simpatia nunca foi o ponto mais forte do caráter Capricorniano, não é mesmo? Claro que depende muito do ascendente e da Lua para compôr a nossa personalidade nos contatos sociais, mas em geral o Capricorniano é meio sisudo mesmo.

Aquele ar de superioridade que se nota até nos mais pequenos gestos, a sobriedade ao se vestir e ao se expressar. Marca registrada de todo bom e "vero" Capricorniano. Quem não tem estas caracteristicas "bom" Capricorniano não é. Pode estar sendo dominado por um outro signo qualquer em seu mapa.

Para um Capricorniano ser simpático e afável, depende muito da impressão que ele deseja causar nas pessoas, não é algo natural que vem de seu âmago. Se ele tem algum interesse , ele será extremamente afável e empático, mas se ele não tem nenhum interesse , será totalmente frio , distante e impessoal . Às vezes até com um certo toque de sarcasmo , que lhe proporciona um prazer sádico ao perceber que afastou alguém desinteressante de seu convivio.

Calma , minha gente! Capricornianos não são essa "coisinha" ruim que 90% da população imagina. É apenas a seletividade excessiva destes nativos que os fazem "aparentar" um certo grau ( alto) de antipatia . Quando um Capricorniano admira alguém, é totalmente leal a essa pessoa , e quando se apaixona é super dedicado ,paciente e amoroso. Capricornianos sabem separar o joio do trigo.

Este serve, aquele não serve . E assim o Capricorniano vai organizando a sua agenda telefonica por ordem de "serventia" . Pragmáticos em quase tudo, não há mal algum em separar a roupa suja da roupa limpa, ou o velho do novo, ou o útil do obsoleto.

Feita esta organização nos relacionamentos em geral, aqueles que restam são os verdadeiros relacionamentos empáticos . Simples assim.

Portanto, a antipatia Capricorniana que para muitos é desagradável, para outros é apenas uma forma de viver relacionamentos mais verdadeiros, sem gastar tempo e energia com "algo" que não acrescenta .

Sinta-se privilegiado se passou pelo crivo de um antipático Capricorniano. É sinal de que você é uma pessoa muito interessante. Não há termômetro melhor para medir o quanto somos interessantes, ou não...




quinta-feira, 13 de abril de 2017

Sede de vida



Sei lá , se sou eu que tenho algum problema de inconformismo com as rotinas , ou se as pessoas em geral é que estão muito habituadas e conformadas com o proprio padrão de vida ( ou modelo) inalteráveis  por anos à fio,  sem se darem conta de que o tempo passa rápido demais quando nos perdemos na rotina de nossa  zona de conforto.

Se tem filhos, tem que se privar de sair. Se tem  namorado , não pode sair com amigos. Se trabalha demais , não pode perder tempo lendo um bom livro. Se é casado , não pode mais manter os mesmos hobbies de quando solteiro. Se é pobre , não pode ser culto. Se é gordo, não pode pensar magro. Se nasceu em um país , não pode absorver a cultura de outro país. Se é velho , tem que ser senil.

As pessoas  em geral , vão se adaptando tanto a modelos e padrões , que nem se quer conseguem mais vislumbrar novos  horizontes. Colocam limites em absolutamente tudo, e assim a vida passa.

Por onde anda a criatividade desse povo? Ou será que são realmente felizes assim?

Buscar a autorrealização nem sempre tem a ver com conquistas materiais, ou um relacionamento idealizado e perfeito . A vida não se resume apenas em questões financeiras e sentimentais.  Ela nos oferece um leque de opções , desde novos conhecimentos culturais, filosóficos , à novos  estilos de vida .  É incrivel como as pessoas não se interessam por nada que não faça parte da sua rotina habitual.

Pessoas rotineiras me cansam mais do que um trabalho rotineiro...