terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Solitude

O


Você é daquelas pessoas que odeia o silêncio e não consegue fazer nada de divertido se não estiver cercada de pessoas? 

A sua propria companhia te provoca momentos insuportáveis de solidão e um grande vazio existencial?

Então, repense a sua vida. 

Não quero estar afirmando que viver uma vida solitària seja a melhor opção de vida, muito pelo contrário, atividades em conjunto com outras pessoas sempre são muito saudáveis, quando as companhias são agradáveis. E quando não são? Você se tranca no seu quarto e fica curtindo uma deprê do tipo, ninguém me ama, ninguém me quer?

Sou adepta do "antes só do que mal acompanhada" , e quando as pessoas que me cercam não são lá muito interessantes eu prefiro estar na minha propria companhia , que aliás, "me gusta muchissimo". Aquilo que me incomoda frequentemente é o fato das pessoas , em sua grande maioria não entenderem que eu estou muito bem resolvida com a minha vida afetiva, e estar sozinha ( no momento) não é algo que me cause preocupações. Se por acaso, eu encontrar alguém que  me provoque alguma sensação mágica de empatia instantânea com certeza não a deixarei escapar . Enquanto este alguèm não aparece, estou muito bem sozinha , obrigada. 

Talvez, a minha busca espiritual esteja impedindo que eu me relacione com qualquer tipo de pessoa, ou talvez a minha falta de tempo , ou talvez eu simplesmente não queira mais apostar muitas fichas em um relacionamento que não seja sólido. Enfim, podem ser varias as razões , mas lá no fundo , a verdade é que eu não encontrei ninguém que me causasse algum interesse sübito. 

Aventuras romanticas sempre são bem vindas, mas atè neste caso sou extremamente seletiva. Tem que ser atrativo, tem que ter mais de 1,80 m ( atè 1,72 m passa) , tem que existir quimica , e principalmente uma boa compreensão espiritual. Enquanto  nada me estimula para sair do meu casulo, eu sigo curtindo muito estar em casa , cuidar das minhas coisas, decorar o apê, ler, escrever, estudar inglês, cuidar da pele, fazer yoga e me aprofundar em assuntos astrológicos. Ultimamente ando com uma coceira de aprender a tocar violão. Todas as vezes que passo em frente a loja de instrumentos musicais eu fico namorando um violão da Yamaha. 

Já fico me imaginando, tocando violão em alguma praia deserta , pele bronzeada ( menos o rosto) , uma flor no cabelo e sentindo a brisa do mar tocando  o meu rosto. 

Quando eu retornar da minha viagem ao Brasil , vou organizar a minha vida novamente e comprar aquele violão , nem que seja para ele ficar pendurado na parede , me lembrando que ainda tenho muitos sonhos por realizar. 

Acompanhada , ou não. Talvez de um poodle apricot, talvez de alguém que valorize as mesmas coisas que eu. Talvez de um velho amigo, um parente. Não importa, aquilo que realmemte importa para mim , neste estagio da vida , é poder estar em paz comigo mesma e vivendo tudo aquilo que eu mais desejei na vida. Paz e tranquilidade , vida serena e sem complicações, sentada embaixo da sombra de um coqueiro em alguma praia paradisíaca. Compartilhar este sonho com alguém muito especial seria maravilhoso, mas vive-lo sozinha , comigo mesma, também não me desagrada nem um pouco. 


quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Coisas do Japão



Aqui no Japão ocorre um fenômeno muito estranho com as mulheres japonesas  na faixa dos  cinquenta anos, que ainda não consegui identificar a causa. São as bokê obasans , ou seja , as senhoras com perda de memória e raciocínio lógico. Não sei dizer se isto ocorre também com os homens nesta faixa etária, o que eu tenho notado é um percentual bem maior entre as mulheres. Claro que não são todas as senhoras, mas a grande maioria . Na minha familia tenho algumas tias com esta sindrome. 

Vou tentar relatar uma situação que ocorreu comigo hoje, que de tão absurda não poderia deixar de comentar. 

Na farmácia perguntei a uma atendente, uma senhora com seus cinquenta e tantos anos , onde eu encontraria alcool a 70 % . Ela me olhou com aquele olhar tipico de "bokê" obasan e me fez a seguinte pergunta : - Alcool para beber? 

Naquele instante fiquei sem reação , pois eu nunca poderia imaginar que dentro de uma farmácia a atendente me perguntasse se eu pretendia comprar alcool à 70 % para beber. Mas ela não parou por ai não. Quando eu disse que não era bebiba alcoolica a 70% que eu estava procurando , ela me perguntou : - É para usar aonde?

Respondi que era para passar no rosto para desinfetar. Talvez se eu tivesse falado que era para desinfetar as mãos ela não teria me feito a terceira pergunta : - É tônico para o rosto?

Fiquei sem reação novamente, por três segundos, e inventei  que eu procurava um alcool para  desinfetar as mãos contra o virus da influenza. Finalmente , a senhorinha entendeu e me levou até a prateleira de alcool . O problema na minha comunicação com ela foi o fato de eu ter falado a porcentagem. Se eu tivesse apenas pedido alcool , com certeza ela não ficaria tão confusa. Mas cà entre nós. Quem è que vai comprar alcool  a 70% para beber em uma farmácia ? Ja ouvi relatos de pessoas que beberam alcool a 70% para escapar do frio, ou porque eram alcoolatras. Mas será que eu na visão da senhorinha "bokê" teria este potencial?

Um outro exemplo da perda de raciocínio logico das senhoras japonesas que presenciei foi no aeroporto de Narita. Um senhor japonês e sua esposa voltavam de viagem e esperavam as malas na esteira. O marido então que já  estava com as malas , pediu a sua esposa que ela fosse buscar um carrinho. Subentende- se que para transportar as malas. Ela foi , voltou , colocou a sua bolsa de mão no carrinho e deixou o marido para trás com todas as malas. A cena era hilária, pois o marido dela ficou parado observando a esposa se afastar  sem esboçar nenhuma reação. Um minuto depois, o cerebro da senhora funcionou e ela voltou para onde estava seu marido com as malas, toda sem graça e pedindo desculpas.  

Fatos do gênero são muito corriqueiros aqui no Japão quando se trata de uma "bokê obasan" . A impressão que tenho é que elas vivem em uma outra realidade. Mas será que enquanto ainda jovens elas também eram assim?

Mistérios do DNA nipônico! 



Dermaroller




A vaidade, este é um dos meus pecados capitais. Desde muito pequena sempre fui muito vaidosa, mas a minha vaidade é aquela de cuidados com a propria imagem , nada de ostentação ou soberba. Acredito eu , que a minha vaidade tenha uma dosagem equilibrada entre agradar a mim mesma e os outros. 

Após uma certa idade é preciso ter muito cuidado com a pele, não há motivo para envelhecermos por antecipação . A mulher de 40 anos hoje , é a mulher de 30 anos de ontem . As condições de vida são outras, e a evolução da industria cosmética também. Envelhece antes do tempo quem quer, ou pior ainda, quem deixou de evoluir e apenas deixou o tempo passar e deixar as suas marcas. 

Falando em marcas, a minha maior preocupação nos ultimos anos tem sido com as marcas e manchas da pele . Sempre fui adepta do largatixar na praia sob o sol do meio-dia, e o resultado não poderia ser outro. Manchas e flacidez facial. 

Hoje em dia existem mil procedimentos estéticos a disposição , quando se tem tempo e dinheiro para tal. No entanto, a industria cosmética não para de inventar cremes , seruns , e tantas outras soluções liquidas de uso tópico. Eu mesma sou adepta das mascaras de Vitamina C da Kanebo ( marca japonesa) , que visualmente ameniza aquelas marquinhas de expressão mais superficiais quando aplicada no rosto por 30 minutos. 

Apesar dos cuidados que tenho tido com a pele do rosto, a minha maior inimiga tem sido a flacidez facial. Um pouco pelo excesso de exposição ao sol no passado , e um pouco por emagrecer muito rapido à cada nova rotina de trabalho . Creio que já emagreci e engordei umas 4 vezes em menos de 3 anos. É o tal efeito sanfona. 

Hà uns tres meses que estava namorando um aparelhinho que prometia tirar manchas, marcas de espinhas , rugas e flacidez facial, o tal do Dermaroller. Pesquisei varias resenhas no youtube , e absolutamente todos os videos que assisti eram de pessoas que ja se utilizaram deste aparelhinho com ótimos resultados. Decidi experimentar. Comprei pela amazon.jp , um aparelho da marca Tinksky roller ( made in china) por cerca de 20 dolares ( descartável) , e um serum de Vitamina C também por cerca de 20 dolares. 

A primeira aplicação : 
Agulha de 0.5 mm

Segui as instruções da embalagem em relação aos movimentos do rolinho. Movimentos na horizontal, depois na vertical  e por ultimo em Cruz na diagonal. A pressão que usei para passar o rolinho foi aquela suportável por mim. O rosto imediatamente fica bem vermelho e com uma ligeira ardência . Apliquei o rolinho por uns 3 minutos e em seguida o Serum de Vitamina C . Antes de deitar coloquei uma mascara de vitamina C gelada para diminuir a vermelhidão do rosto , e no dia seguinte meu rosto jà não  estava tão vermelho. Aparentemente não vi nenhuma melhora nem nas manchas e nem no viso do rosto, muito pelo contrario, as minhas marcas de expressão do bigode chines estavam mais marcadas e avermelhadas. A pele parecia mais aspera em função das micro-lesões. 

Na proxima semana vou fazer a segunda aplicação . O processo è demorado , apesar de algumas pessoas dizerem que sentiram uma ligeira melhora desde a primeira aplicação. Eu creio que dependa da pele , do tamanho da agulha e da pressão aplicada. Na verdade , este processo è demorado porque a propria pele deve reagir contra as micro-lesões. 

Vamos aguardar , e assim que eu obtver resultados visíveis volto a postar sobre a minha experiência com este método. 






Espiritualidade e religiosidade



Ela estava sentada, olhos marejados , parecia rezar . Então lhe perguntei : - Tá rezando? 
E a resposta foi :  - Estou rezando pra poder suportar. 

A maioria das minhas colegas de trabalho brasileiras aqui em terras nipônicas são frequentadoras de alguma igreja Cristã , ou se denominam católicas  . São todas pessoas de bem , trabalhadoras , maēs, esposas ou simplesmente são sozinhas.  O diálogo acima ocorreu em um dia de trabalho normal, antes de iniciarmos a longa jornada de trabalho. A minha colega que frequenta a igreja ( não sei se é Catolica ) com uma certa assiduidade não estava rezando, ela estava se lamentando. Rezar ou orar é um ato bem diferente de se lamentar e suplicar . Pelo menos no meu conceito , o ato de rezar é um momento de conexão com o "todo" . É um momento de gratidão e de emanar energias positivas para que o dia comece com tranquilidade e harmonia. 

Como pode uma pessoa que é religiosa ( ou pensa ser) começar uma oração com lamentações e súplicas? 

Não conheço toda a Biblia, nunca li ela toda, apesar de ter uma que guardo com muito carinho e ter tido uma pequena iniciação na religião católica na minha infância. Respeito todas as religiões , algumas gosto mais, algumas menos. Porém , nunca gostei da ideia de seguir dogmas religiosos que nos privem de conhecer outras verdades. 

Algumas pessoas que conheci aqui em terras nipônicas , frequentadoras de igrejas cristãs, não são em absoluto religiosas , são apenas frequentadoras. Há pessoas que ainda vivem no primeiro testamento , onde um Deus todo poderoso e vingativo castiga os maus. Era frequente eu ouvir de uma senhora que trabalhou comigo dizer que Deus daria o troco a quem lhe havia prejudicado. Mas essa mesma senhora tinha o péssimo habito de falar mal do ex-marido, da sua companheira de trabalho , e quem mais fosse. Então, Deus era um seu aliado vingativo. 

Não devemos jamais confundir um pessoa religiosa que conhece os preceitos de sua Igreja, a frequenta, prega a palavra de Deus ,  e segue seus dogmas , com uma frequentadora de igrejas. E olha , existem muitas. 

Ha também aquelas que cresceram na igreja, estudaram a biblia, se batizaram, comungaram , crismaram, e ainda assim a alma é bem pequena. Vão a igreja com muita assiduidade e compromisso, algumas até dão aulas de catequese . Porém , fora da casa de Deus, não é capaz de perdoar. 

A minha escolha em seguir uma busca espiritual , independente de religiões e religiosidade , tem um pouco a ver com esta percepção que tive ao longo da vida de que religião é para  aqueles que necessitam de um mestre , que seja no papel de um padre, um pastor ou um deus invisivel, ditando parâmetros  e regras  para se viver em sociedade. Em contra-partida, a minha necessidade sempre foi a de fugir as regras e encontrar paz interior mesmo sem estar na casa de Deus. Para mim, a casa de Deus sempre se extendeu ao mundo lá fora  ,  e não a uma Igreja , ou qualquer outro lugar fisico. 

Deus para mim é a Lei Universal, é o todo. Não cabe dentro de uma religião, mas uma pequena parte dele cabe bem aqui, dentro de nós mesmos. Dentro do nosso templo mais sagrado. 


Namastê

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

O seu melhor amigo



Hoje mal abri os olhos e já me veio um pensamento , o amor que sou capaz de sentir por alguns bichinhos de estimação. Daí fiquei deitada ainda por alguns minutos , tentando lembrar se em algum momento da minha vida eu fui capaz de provar tal afeto por seres humanos. A resposta é não!

Será que pessoas que amam mais animais do que humanos são pessoas frustradas e incapazes de amar ? 

Incapacidade de amar e se doar não seria o caso, se somos capazes de amar a um animal , uma planta... 
 
O problema creio eu que esteja concentrado no grau de exigência de cada um, na qualidade do amor de quem doa e de quem o recebe. 

Quando amamos e cuidamos do nosso "melhor amigo" , o bichinho de estimação, seja um cão, um gato, um cavalo, ou outro ser animal capaz de perceber sentimentos humanos, a comunicação se faz em atos e não em palavras. Você não vai discutir sobre "relacionamento" com o seu cachorro. Vai?

Um afago, um cafuné, um colinho , um biscoitinho , um passeio a dois. É tudo o que o seu "melhor amigo" espera de você para ter um dia feliz ao seu lado. E como eles ficam agradecidos!

Será que falta descomplicar as relacões humanas para podermos então, amar os humanos como amamos os nossos bichinhos de estimação?

A essência da relação homem e seu "melhor amigo" está na capacidade de um se doar,  e o outro ser eternamente agradecido. Mesmo que você se ausente por longos anos, o seu melhor amigo nunca vai esquecer dos passeios que fizeram juntos, do afeto que os unia. E o ser humano? Tem memória curta. O ser humano esquece que um dia você foi importante,  e nem tem o habito de agradecer por coisas passadas. 

É obvio que não cabem comparações entre o amor de um cão ao seu dono , e o amor entre humanos, afinal , o ser humano é muito mais complexo. Porém o gatilho é o mesmo, aquilo que nos toca o coração  vem de atos  , e não de palavras. 



sábado, 21 de janeiro de 2017

Efeito viajante?


Quase tudo pronto para a minha viagem . Estava pesquisando o trajeto que tenho que fazer da cidade onde estou para o aeroporto de Narita , mas sabe se lá por qual motivo eu nunca me lembro o trajeto que fiz. Também não me lembro mais por quantas vezes fui ao aeroporto . Perdi as contas e perdi a memória.
Da última vez que retornei ao Japão , hà um ano e dois meses atrás, eu me recordo que cheguei em Narita à noite e passei uma noite em um hotel. No dia seguinte logo pela manhã me recordo de ter voltado ao aeroporto com o micro-onibus do Hotel . As imagens que me vem a memória são nitidas até o momento que entrei no micro-ônibus , que aliás, estava lotado. Depois já não me lembro mais de nada. Suponho que eu tenha comprado todas as passagens de trem e shinkansen no proprio aeroporto , ter descido em Tokio e ter me transferido para um shinkansen com destino a Shizuoka . 

Também não lembro mais de onde eu parti para o aeroporto nos ultimos 10 anos. Foram inúmeras vezes de inúmeros locais . Não me lembro mais em quantos apartamentos eu residi aqui no Japão, e em quais anos. Pelas minhas contas foram umas 8 vezes ou 10 vezes que fui ao aeroporto por motivo de viagem e  2 vezes para buscar alguém . Em todas as vezes eu fazia trajetos diferentes , ou ia de carro, ou de onibus executivo, ou de trem . Na maioria das vezes para Narita , em algumas ocasiões para Haneda e uma unica vez pelo aeroporto de Shizuoka. 

Tanta confusão e falta de memória eu atribuo ao fato de partir de localidades diferentes, ou seja, a cada ano eu estava residindo em um local diferente, porisso, a minha memoria não consegue encontrar um ponto de referência. Desta vez parto novamente para o aeroporto de Narita de uma outra localidade um pouco mais distante de Shizuoka-shi que sempre foi a minha unica referência. 

Também atribuo  a culpa de tanta confusão mental pela dificuldade em entender os kanjis japoneses. Em São Paulo  eu me deslocava de um local ao outro lendo todas as placas de ruas , ou guardava algum ponto de referência como um predio ou uma loja , um shopping center. O problema no Japão é que quase todas as cidades são iguais . As mesmas lojas, os mesmos tipos de construções, as mesmas lojas de conveniência   espalhadas por todas as quadras , os mesmos restaurantes. Fica dificil encontrar um ponto de referência que se destaque se tudo é padronizado. Nem os funcionários das lojas , das estações de trens , ou dos aeroportos podem servir como referência. Tudo igual!

Para me prevenir da minha confusão mental todas as vezes que tenho que partir para o aeroporto pretendo comprar com antecedencia os bilhetes dos trens e me informar antecipadamente quais as plataformas de embarque. Já errei a plataforma uma vez e perdi o shinkansen. Também já peguei o shinkansen no sentido contrario quando estava em Osaka. Ufa!

O problema maior será na volta. Com certeza estarei cansadissima da viagem , com duas conexões , ainda no efeito jet-lag e tendo que voltar para uma outra localidade que não é Shizuoka-shi. É bem provável que eu me engane e compre bilhetes para Shizuoka- shi. A minha única referência no Japão. Ufa! Esperemos que não!



sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Sob as influências de Saturno




Antipatia, racionalismo( diga-se inteligência) , sarcasmo , persistencia, determinação, coragem, auto-critica, austeridade, mau humor , e sei lá mais o quê. Estas são as principais caracteristicas do meu caráter Capricorniano, regido pelo planeta Saturno. 

Ultimamente venho notando que tais características estão mais afloradas e quase impossíveis de amenizar. Para dizer a verdade, esta é uma fase em que eu verdadeiramente nem quero amenizar nada, quero mais é ser eu mesma. Não é por rebeldia ou coisa do gênero, eu apenas quero manter o meu caráter Capricorniano se expressar em sua totalidade. É bem útil , indolor e pratico, ser totalmente Capricorniano em certas situações. Já me basta a minha Lua em Escorpião na casa 6 que me desiquilibra de vez em quando e me tira os pés do chão. 

Esse papo de que Capricornianos são frios e criticos demais , é coisa de gente mimimi. Todas as criticas que eu recebi na vida ( e foram muitas) serviram apenas para me fortalecer . Nunca vi um Capricorniano não reagir a uma critica de forma construtiva. Um Capricorniano quando recebe uma critica , ele rumina, resmunga, e em seguida parte para a ação. Se você chamar a um Capricorniano de gordo, ele com certeza irá fazer a dieta mais louca para provar que pode ser gordo ou magro quando ele bem entender. Não para dar razão a quem o chamou de gordo, mas para provar que ele "pode tudo". 

Cada critica é vista como uma provocação, uma batalha invisível , onde o seu unico adversário é ele mesmo, o Capricorniano. Um Capricorniano não precisa de criticas , ele já é suficientemente auto-crítico . E isto já basta. 

Em consequência deste senso de auto-critica , por vezes rigorosissimo , os Capricornianos tendem a ser muito criticos com todos que o cercam. Não espere nunca que um Saturnino lhe faça elogios apenas para lhe agradar. Ele irá sempre direto ao ponto em qualquer situação. Infelizmente , nem todo mundo ao receber alguma critica tem a capacidade de transforma-la em algo construtivo. São as famosas "vitimas " das circunstâncias. E quem é que tem paciência com os coitadinhos ?

Ingressamos no ano de Saturno, o Senhor do tempo, da disciplina, do ceticismo, do rigor , das dificuldades e tantas outras coisas chatas . Saturno costuma se impor formando belas quadraturas e oposições para aqueles que seguem construindo grandes castelos de areia, sem levar em conta o lado prático e real da vida. 

Não será um tempo para sonhar de olhos abertos, será um tempo de edificar e construir bases firmes, e toda e qualquer oposição que Saturno nos apresente será sempre uma lição . Às vezes árdua , às vezes dolorosa, às vezes apenas disciplinadora que em um futuro bem proximo será de grande valia. 

Nem é tão ruim assim! 

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

A melhor companhia



Passaram-se 6 dias de folgas ( não remuneradas) aqui em terras nipônicas, quando penso no prejuizo em termos monetários fico até meio frustrada . Se fizermos uma conversão de valores em reais dá mais desânimo ainda. No Brasil muita gente não ganha isso nem em um mês. Obviamente que o custo de vida no Japão é bem mais alto e 6 dias de trabalho mal pagam o aluguel de um apartamento de um quarto em Tokio. 

Deixando as frustrações financeiras de lado, apesar do prejuizo no bolso , este periodo foi muito benéfico para mim. Faz uma semana que não sinto dores nas costas, o meu rosto está mais limpo, com menos marcas de expressão ,  e até o meu cabelo está mais brilhoso. 

No inverno japonês eu costumo hibernar e não saio de dentro do meu apartamento por absolutamente nada. Às vezes o céu limpo e azul me convida a sair , mas quando abro a porta do meu apartamento um vento fortissimo que vem sei lá de onde , talvez da Sibéria, me empurra de volta para dentro do apartamento. Verificar a meteorologia e a força dos ventos antes de sair de casa já é um hábito  corriqueiro para mim. Se os ventos estão à mais de 20 km por hora nem me atrevo a sair.

Alguns amigos e colegas brasileiros e japoneses não conseguem entender a minha necessidade e prazer de estar comigo mesma. Talvez se eles soubessem sobre os meus sonhos de adolescência entendessem melhor como funciona este "prazer" de estar comigo mesma. Em parte, sempre fui um pouco anti-social e estar em meio a muita gente desequilibrava as minhas energias. Só fui entender que sou uma antena parabólica que capta as vibrações alheias quando fiz uma imersão em mim mesma. Não sou vidente e nem clarividente , mas a minha capacidade de captar vibrações alheias é bem considerável . 

Enfim, dias de repouso e mente vazia ( na medida do possível) , fiz tudo aquilo que gosto de fazer quando estou sozinha em casa. Muitos videos sobre culturas , estereotipos e linguas estrangeiras não poderiam faltar, escrever sobre minhas impressões , e desenhar. É nestes momentos de ócio que percebo a diferença entre desenhar com técnicas e simplesmente ter o "dom" . 

A pratica do yoga , devo confessar, ando meio preguiçosa e desanimada desde quando percebi que estou fazendo alguns "assanas" com a postura errada. Quando eu voltar ao Brasil quero reencontrar o meu teacher de yoga para que ele corrija a minha prática. 

Ah, quase ia me esquecendo de comentar sobre a última faxina do ano que é costume aqui em terras nipônicas. Joguei sacos e mais sacos de roupas que não uso mais e tirei o pó de todos os cantos da casa. No Japão os japoneses fazem este ultimo "souji" ( limpeza) para buscar o novo ano, mas acredito que muitos japoneses nem o fazem com muita dedicação porque japonês adora guardar coisas velhas . Está aí outra coisa que acredito ser um atraso em nossas vidas, o apego a coisas, pessoas e situações que já não servem mais, ou nunca serviram mesmo. 

Poder estar sozinho , não se entediar com a própria companhia , não sentir a minima necessidade de preencher espaços vazios  e não enlouquecer com o silêncio é uma vitória que alcançei com muitos anos de leituras  reflexivas e a compreensão de mim mesma como essência e não invóluclo. 

Falando assim até parece que eu atingi a iluminação ou o nirvana, mas não é bem assim. São apenas caminhos que estou percorrendo dentro de mim mesma para a libertação de tabus, conceitos, pre-conceitos e condicionamentos limitados que herdamos de nossos pais ou da sociedade . Estou bem longe de ser um ser iluminado. Sou  mais uma pessoa que apenas despertou para as outras dimensões da vida e ainda não atingi o estágio do "compartilhar" com os outros as minhas viagens internas. 

Existe uma ponte que separa os dois mundos , o exterior e o interior , alguns se deparam com esta ponte e simplesmente dão meia-volta por temor a encarar as póprias sombras , outros simplesmente a ignoram por não encontrar nada de interessante em seu proprio mundo interior. Hà aqueles que ultrapassam esta ponte e se deparam com verdadeiros tesouros ainda desconhecidos. 

Estou descobrindo os meus tesouros internos e um ponto muito positivo desta experiência é estar em ótima companhia , comigo mesma. Obviamente que busco também o convivio social ,porém nesta fase não é algo imprescindível . Outras fases virão , com todas as suas incertezas e desafios externos e internos. 

A vida só tem sentido quando ela segue o seu curso com todos os seus dissabores e vitórias sem estagnar ao longo do caminho. 

Bom, chega de interiorizar , hoje é meu ultimo dia de folga , os ventos parecem ter dado uma trégua . Vou  aproveitar para sair às compras e organizar a dispensa  para mais uma semana de trabalho duro. 

Namastê!

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Espelho, espelho meu


" Onde há um enorme espelho limpo pendurado em uma parede branca , hà prosperidade em abundância." 

Este pensamento não foi retirado de um livro de provérbios chineses, fui eu mesma que o inventei agorinha , olhando para o meu espelho. Meu espelho nem é tão grande , mas o suficiente para me ver de corpo inteiro. Minha parede não é branca , é creme . 

Toda casa pröspera  que entrei tinha um enorme espelho pendurado na parede , habitualmente na sala de jantar. Nas casas mais humildes o unico espelho ficava no lavabo. De tão pequenos e respingados com pasta de dentes , eu mal conseguia me enxergar . 

Nas casas mais humildes eu sempre encontrava um espelho encostado na parede , todo empoeirado ou um pequeno espelho pendurado em algum local estratégico , também empoeirado. Sempre me perguntava se as pessoas daquela casa realmente se olhavam no espelho? Acredito que não, se nem percebiam a poeira sobre o espelho  que mais parecia um pedaço de tûle bege grudado  de tão espesso. 

Não consigo conter  a compulsão de querer limpar espelhos empoeirados. Se não posso faze-lo, fico no minimo incomodada de ver a minha imagem refletida ofuscadamente . Pego logo um papel higiênico e discretamente vou tirando a poeira sem que o dono da casa perceba. Vai que a poeira no espelho é de estimação?

De onde veio esta mania de limpar espelhos? De uma das reuniões de palestra do budismo. Não sigo mais o budismo , mas confesso que a minha iniciação a espiritualidade começou lá. Foi no budismo que aprendi sobre o poder de um mantra. Também compreendi que a nossa essência verdadeira só pode ser percebida através de um espelho limpo, e o espelho do meu quarto vivia empoeirado na época. Eu havia me acostumado a me olhar por trás de uma nuvem de poeira. Hoje , vejo a minha imagem refletida no meu espelho de forma tão limpida que até chega a me incomodar quando percebo uma nova manchinha de sol no meu rosto . 

Olhar-se em um espelho límpido e conhecer-se e reconhecer-se fisicamente é apenas a ponta do iceberg para o nosso autoconhecimento. Primeiro aprendemos a nos reconhecer fisicamente , a apreciar aquilo que temos de mais belo, pode ser um olhar, um sorriso , a cor da pele. Somente depois do reconhecimento físico é que passamos para a segunda etapa : visualizar em nós aquilo que é invisível aos olhos. 

O espelho limpo é apenas o primeiro estágio do nosso autoconhecimento. Hoje percebi me olhando no espelho que estava com o rosto mais sereno . Também notei erros de postura ao praticar o yoga. 

Preciso de um espelho maior para poder ver-me em todas as dimensōes do meu ser. 



segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

O Sonho oriental


                               Gueisha - by me 

Mangá, cosplay, heróis animados, as artes marciais , a tecnologia de ponta,  a comida e a cultura milenar. Estas são algumas das razões que fazem tantos estrangeiros sonharem em um dia conhecer o país do Sol Nascente. 

Nos últimos anos um numero considerável de italianos tem se unido em grupos para conhecer o Japão. Não é raro encontrar muitos italianos em voos que saem da europa com destino ao Japão, ou caminhar pelas estações de trem proximas a Tokio e ouvir alguém falando em italiano. Eu mesma conheço alguns italianos que já vieram ao Japão por inúmeras vezes , não somente por turismo , mas para estudar a lingua e a cultura. 

Existem também aqueles que querem morar em definitivo no país do Sol Nascente. Um deles conheci através do Skype hà 8 anos atrás. Como muitos outros italianos , os mangás e os desenhos animados japoneses muito difundidos no mundo na década de 80 e 90 , inclusive no Brasil, foram os responsàveis para aguçar a sua curiosidade que aos poucos foi se transformando em idealização, ou sonhos. Ele tinha o sonho de viver em terras nipônicas porque para ele ( em sua idealização) , os japoneses eram muito mais gentis, educados e ordenados do que os italianos. O que não deixa de ser  verdade, os japoneses são muito mais educados e civilizados do que muitas outras nacionalidades. Hoje passado alguns anos de Japão e vivendo a realidade japonesa , o meu amigo italiano tem uma outra versão para contar sobre seus sonhos nipônicos. 

A imagem da gueisha  e sua submissão, os traços orientais sempre mais suaves , a forma cordial e cheia de convenções dos japoneses é por vezes um belo atrativo e um convite a querer viver em terras nipônicas. Por trás de todo este estereotipo existe o mundo real , o verdadeiro estilo de vida da grande maioria dos japoneses . Isto não se aprende lendo mangás , a realidade é bem diferente daquela idealizada. 

O ponto crucial para viver um sonho e não transforma-lo em pesadelo estando em terras nipônicas é procurar saber qual é a filosofia de vida local nos dias de hoje.  
O Japão do pós guerra é um país que ressurgiu das cinzas com um espirito patriotico , onde toda a população se uniu para levantar o país com muito trabalho. Eis, o país da formiguinha . Se você é uma cigarra , este não é o lugar ideal para relaxar e cantar. 

Na cultura japonesa , o trabalho vem em primeiro lugar , em segundo o nosso chefe e em ultimo a familia. Dificilmente um executivo japonês poderá recusar uma proposta de viver longe de sua familia se assim o seu chefe decidir. Existem muitos pais de familia que vivem em outras cidades ou outros países por imposição da empresa e só retornam aos seus lares nos seus dias de folga . Outro detalhe que muitos estrangeiros não sabem , é sobre as horas extras não remuneradas  que muitos japoneses são obrigados a fazer. Obviamente que existem leis trabalhistas no Japão que protegem o trabalhador contra abusos, mas na pratica quase todos se sentem induzidos a seguir as regras da empresa. O Japão é também o país dos "goma sōris" , ou seja , dos puxa-sacos. 

Um estrangeiro não deve nunca se esquecer que o Japão é uma sociedade vertical, onde o menor é submisso ao maior. A hierarquia no ambiente de trabalho é muito clara e presente. Nunca contrarie as ordens do seu superior , se não quiser ter problemas de exclusão , e às vezes até , sofrer bulling.

Para as mulheres é ainda mais rigoroso. O Japão ainda é um país machista, onde a esposa deve sempre andar dois passos atrás do marido. Casais mais jovens são um pouco menos rigorosos, mas continuam respeitando as regras sociais que aprenderam de seus pais. O machismo é mais escancarado no ambiente de trabalho, a começar pelos salários de mulheres que será de norma sempre menor do que o dos homens, mesmo que a função seja a mesma. 

A mulher japonesa ainda é muito submissa ao homem , salvo algumas exceçōes, e o sonho de muitas japonesas é o de se casar para estar em casa . No japão quem administra o dinheiro da familia é a esposa, o marido entrega todo o seu salario para a esposa e resta apenas com uma mesada que os japoneses chamam de "kozukai". Alguns casais mais jovens fogem destas normas, mas ela ainda existe. 

Fazer amigos japoneses, esta é uma missão dificil para os estrangeiros. A falta de tempo, a timidez japonesa , a cultura local, a lingua, tudo isto contribui para que os japoneses sejam muito fechados. Um estrangeiro poderá cultivar algumas boas amizades com japoneses , mas existirá sempre uma parede que os separa dos japoneses.  O japonês repele instintivamente tudo ou todos que são diferentes demais para a sua mentalidade igualitária. 

Obviamente que existem aqueles (as) que são mais abertos (as) e até se casam com estrangeiros (as) , mas não são a maioria. Mesmo casando-se com um estrangeiro ou estrangeira, quando a decisão do casal é a de viver em terras nipônicas o comportamento e a mentalidade do japonês será sempre a mentalidade local. 

Ilusões à parte, viver em um país com uma cultura tão rica e milenar como o Japão não é para qualquer um. Para viver sem grandes conflitos culturais , em qualquer país, é preciso deixar para trás a mochila de turista e aceitar as diferenças culturais como um grande aprendizado. Só assim o sonho oriental poderá se tornar uma bela realidade. 

Namastê