segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Há males que vem para o bem



Durante muitos anos , desde que vim morar no Japão, reclamei da minha sorte por não ter tido outra escolha senão vir ao Japão sozinha. Reclamei, lamentei , resmungei por muitos anos.

Há males que vem para o bem. Hoje após mais de quinze anos vivendo na terrinha dos samurais posso dizer que aqui é a minha segunda casa , o meu porto seguro.

Todas as vezes que volto ao Brasil a impressão que eu tenho é de ter voltado ao passado , como se eu já não fizesse mais parte de nada. Uma turista acidental. Observo as pessoas e a paisagem com olhos de turista. Até quando vou a casa da minha maē é como se eu fosse uma visita , uma hóspede.

Se eu fizer um balanço da minha vida hoje , posso afirmar que vivi mais momentos felizes aqui no Japão do que em terras tupiniquins. Aqui eu pude realizar os meus dois sonhos de adolescencia ; viajar pela europa e ter o meu proprio espaço. No Brasil era algo que desejei muito , mas a minha realidade estava bem distante dos meus sonhos.

Não reclamo mais. Agradeço a Deus todos os dias por ter a sorte de poder estar em uma cidadezinha pacata , sem aquele transito louco de São Paulo. Me acostumei a não ter medo de andar de bicicleta a noite e até de madrugada. Me acostumei com o povo pacato e educado de Shizuoka. Me acostumei com a rapidez de conseguir um emprego com apenas um telefonema. Me acostumei com o silêncio do meu apartamento , e dos vizinhos também. Me acostumei com a privada hi-tech japonesa que aquece o nosso derrié no inverno. Me acostumei com a pontualidade dos meios de transporte japonês.   Se o ônibus atrasa dois minutos eu já fico impaciente.

E como voltar ao passado (Brasil) e me readaptar ? Não dá mais! Seria um retrocesso. Vida que segue.




quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Fé é questão de prática



Para aquelas pessoas que são mais céticas e não creem em milagres ou dádivas vindas dos céus , uma boa ferramenta para "controlar" o nosso dharma é rezar todos os dias com um foco bem objetivo. No meu caso, sendo eu uma Capricorniana legitima , obviamente que o meu foco principal é no meu trabalho. É daí que vem o meu sustento e a minha segurança.

Todos os dias ao sair para o trabalho ( sem exceção) eu rezo um "Pai Nosso" e uma "Ave Maria" . Repetidamente agradeço por mais um dia abençoado e peço muita paz e harmonia para mim e meus colegas de trabalho. Mas o foco atualmente é na minha produtividade e eficiência  . Então peço para o Universo ( Deus) que me dê muita disposição , precisão e muita proteção dos altos . Desde o Sol, as nuvens , as árvores , os ventos , os meus superiores ( meus chefes) e até do predio onde trabalho.

Venho fazendo isto hà meses , sempre com o foco na precisão e na proteção que venha de cima , seja do Sol, da Lua, das estrelas ou simplesmente dos meus chefes . E não é que o meu mapa astral está mudando junto com as minhas orações?

Meu sol está conjunto com o meio do céu e na casa 10 . Quer posição melhor para conquistar a simpatia e a proteção de quem nos interessa profissionalmente?

Com este aspecto que se apresenta nos céus , confirmo novamente que tudo está ligado. Não há duvidas de que a minha prática diaria de orações focadas no trabalho alteraram  , redesenharam , ou simplesmente se uniram a uma força maior para criar o meu dharma .

Não é a falta de fé que nos impede de alcançar um objetivo , é simplesmente a falta de prática. Praticar a fé ao ponto de mudar certas situações em nossas vidas é uma conquista diária. Em um dado momento, as estrelas e o universo como um todo, ouvirão as nossas preces.

Namastê!

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

Solidão espiritual



Seria o meu Saturno em Peixes na minha carta Natal que me faz observar o mundo como se eu estivesse detras de uma camera?

Uma vez uma sensitiva me alertou sobre a necessidade de curar a minha solidão espiritual. Confesso que fiquei um pouco surpresa ,pois eu nunca havia comentado com ninguem sobre esta sensação estranha de ver o mundo e as pessoas ao meu redor como se eu estivesse isolada , apenas observando.

É uma sensação estranha , como se existisse um mundo à parte dentro de mim que não fosse acessivel  a ninguem.

Estudando minuciosamente as interpretações de meu mapa Natal em várias linguas, descobri que Saturno em Peixes tende a levar uma vida solitária , meio ermitão mesmo. Não que seja uma solidão que faz sofrer , mas aquela solitude que faz bem a alma. Porém, existe o perigo de se isolar tanto a ponto de sofrer com isto. Ou seja, não dar a importancia que merecem as nossas relações mais proximas.

De fato, isto é um cuidado que procuro ter sempre , pois a minha tendencia é de desapegar de coisas e pessoas com uma facilidade que dá medo. Talvez as pessoas não consigam entender esta minha caracteristica pessoal. A explicação estaria no entendimento da solidão espiritual.

Pessoas com solidão espiritual tendem a viver um mundo à parte da realidade mundana. O mundo interior destas pessoas é muito mais rico do que o mundo externo , de fato. Dariam bons poetas se existissem outros aspectos . Eu , particularmente não tenho esta habilidade.

Quanto mais vamos nos aprofundando nesta realidade interior , mais as pessoas a nossa volta vão se tornando obsoletas. O mundo espiritual começa a fazer mais sentido do que o mundo material. É aí que mora o perigo da solidão espiritual. É preciso manter um equilibrio entre o espiritual e o material , a não ser que , o intuito seja o de se transformar em um monje .

A maior dificuldade nos relacionamentos vem da superficialidade dos contatos humanos . Aquele bla, bla, bla de gente muito ligada apenas na matéria chega a cansar. Principalmente aquelas pessoas que tem o foco de visão limitado ao seu redor e não são capazes de ler nos olhos a emoção do outro. Falta empatia espiritual no mundo, e isto me incomoda demasiadamente.

Não existe coisa pior nos relacionamentos do que perceber que alguem nos enxerga apenas pelo seu foco limitado e não é capaz de desenhar a nossa verdadeira personalidade . Talvez, um dia ( pode ser utopia) eu consiga encontrar alguém que possua esta capacidade de entender que o universo é infinito , e nós fazemos parte integrante deste todo.

Um rosto bonito , um corpo bem torneado pode ser um atrativo a primeira vista , mas o nosso "ser" não é apenas matéria. Tá dificil entender , ou tenho que desenhar?





terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

Um dia igual a outro



Quer ver o seu dia , a sua semana, o seu mês, o seu ano e a sua vida passarem rapidasso? Tenha uma rotina como a minha. Casa-trabalho, trabalho-casa.

Cinco minutos é o trageto que faço em bicicleta até o trabalho . Não dá tempo de acontecer absolutamente nada no caminho. Nenhum acidente, nenhum engarrafamento, nenhuma paquera no farol. Nada! Não acontecesse absolutamente nada de diferente todos os dias , no meu trageto de ida e volta do trabalho.

No trabalho é aquela mesmice de sempre. Às vezes tem inspeção para fazer , as vezes não tem. E quando não tem, não há nada para fazer a não ser limpeza ( souji) em lugares que ja fizemos ou tirar intervalos longos para passar a hora. Os colegas de trabalho sáo todos japoneses , então já viu ne! É aquela animação . Na verdade , nem estou reclamando do meu serviço, eu gosto muito do que faço e até do que não faço no horario de trabalho. Este emprego é bom demais! Eu me sinto como se fosse uma extensão da minha casa. Me sinto muito protegida .

O problema da minha vida aqui em terras niponicas é a rotina. Esse povo é ordenado demais e quase nunca acontece nada de diferente porque o povo japonês é muito ordenado e sistematico com a vida em geral. Tudo tem regra, tudo tem hora, e isto se reflete de forma bem específica no dia a dia de cidades pequenas do interior do Japão.

Talvez isto explique o indice alto de bulling nas escolas japonesas. A garotada deve sentir essa uniformização no estilo de vida japonês e queiram de alguma forma afronta-la. Se a minha rotina é chatinha , imagine a dos estudantes japoneses que vivem debaixo de regras e uniformizacão no modo de se comportar, de se vestir e tudo mais. Deve estressar.

Apesar da minha rotina ser assim meio chatinha e repetitiva, já me acostumei com ela . Todos os dias faço as mesmas coisas , e nos finais de semanas por mais que eu queira fugir da obrigação de ir ao supermercado , sou obrigada a ir senão, passo fome. A minha geladeira é muito pequena e não entra nada, porisso sou obrigada a fazer compras semanais. Também não tenho como carregar muitas compras na minha bike  e fico limitada a um certo volume de compras. O que nem é negativo, assim eu não compro supérfluos e economizo.

A minha cidade também não oferece muitas opções de compras e lazer . É um ponto negativo , mas também é positivo no quesito economia. Se não tem onde gastar e nem como , melhor para uma economia forçada.

Ultimamente ando com a ideia de adquirir uma bicicleta elétrica. Assim poderei pedalar até a outra cidade para fazer compras sem morrer no meio do caminho pedalando contra o vento. Estou querendo ampliar os meus "horizontes" de bicicleta . Já seria uma nova atividade para os finais de semana.

Sei lá! Tá ruim , mas tá bom! A rotina da minha vida aqui em terras niponicas me cansa , mas ao mesmo tempo , a rotina é de certa forma uma segurança . E assim a vida passa.