sexta-feira, 22 de junho de 2018

O pragmatismo Capricorniano

                            
                        Será que a cabrinha vai cair? Não, ela  vai escalar mais um degrau.

                       
Capricórnio é aquela cabrinha que escala montanhas , e de lá do topo , fica observando o vale sozinho .  Estaria o Capricorniano estudando o terreno e criando estratégias para escalar outras montanhas? Ou estaria apenas contemplando a beleza da natureza em um de  seus momemtos reflexivos  e solitários?

Frio , anti-social e materialista. Estes são os três adjetivos , ou rótulos que costumam utilizar para descrever a personalidade Capricorniana. Eu, como uma legítima Capricorniana devo discordar.

A frieza Capricorniana nada mais é do que o excesso de praticidade dos Capricornianos em resolver questões que envolvam sentimentos . Isto não quer dizer que o Capricorniano não tenha sentimentos, mas a praticidade em questões que envolvam sentimentos é frequentememte vista como frieza.

O amor não acabou , mas a relação se tornou insustentável?
Solução Capricorniana : separa.

O filho cresceu e ainda não tomou juizo e nem rumo na vida?
Solução Capricorniana : se vira.

Trabalhou a vida inteira e ainda não ficou rico?
Solução Capricorniana: continue trabalhando ...e muito.

Está querendo realizar aquela viagem dos seus sonhos e não sabe como?
Solução Capricorniana: economize, programe-se. Nem que seja por anos.

Está apaixonado (a) por aquele Capricorniano (a) que nem te dá bola?
Solução Capricorniana: deixa de ser chato e tenha amor próprio.

Se envolveu apaixonadamente por alguém que te tira os pés do chão e bagunça a sua vida?
Solução Capricorniana: envolva-se até o ultimo fio de cabelo, mas não se case com ela (e).

Pragmatismo é a palavra certa para descrever as atitudes e a mentalidade Capricorniana. Nada tem a ver com frieza de sentimentos. O Capricorniano é daqueles que sofre calado, mas como possui a habilidade de separar o joio do trigo, sofre com menos intensidade. O que é um ponto à favor na vida prática.


Se pudéssemos...



Se pudéssemos viver a vida todinha da forma que haviamos imaginado poderiamos evitar muitas decepções e desilusões pelo caminho. Mas, a vida não é um simples "querer" . Ela nos dá, ela nos tira. Sinceramente , no alto dos meus cabelos brancos , não sei dizer se a vida me deu mais do que me tirou.
Livre arbítrio ou destino? Há ainda alguém que acredite que o livre arbítrio pode realmente mudar o nosso destino de forma considerável?

Não basta ser determinado e corajoso para viver tudo aquilo que queriamos viver. É preciso ser corajoso o suficiente para enfrentar tudo aquilo que não  queriamos.

Se pudéssemos escolher , ninguém nasceria pobre, ninguém nasceria para a vida sem uma familia, ninguém seria preto ou branco, ninguém morreria antes do tempo.

Se pudéssemos escolher , jamais envelheceríamos, jamais nos separariamos de quem amamos, jamais sofreriamos calados sem nunca dizer : eu te amo.


quarta-feira, 20 de junho de 2018

Minha vida no Japão

                    
                                                Monte Fuji san - Shizuoka-ken 

A minha vida aqui em terras nipônicas é igual a de muitos dekaseguis que vieram ao Japão há anos atrás com sonhos e projetos de voltar ao Brasil e acabaram ficando por aqui. É incrîvel como o tempo passou rápido. São mais de 15 anos que estou na ponte aérea Brasil - Japão e parece que foi ontem.

Conquistas materiais não as tive . Com o passar do tempo percebi que existiam outras prioridades na minha vida do que poupar para ter um teto próprio . Precisava viver os meus sonhos , e ter uma casa pröpria não era bem o meu maior sonho.

Após mais de 15 anos passados aqui em terras nipônicas, entre viagens , inúmeras mudanças de endereço, periodos de fartura e de dureza total. Posso afirmar que , fui muito feliz e abençoada por Deus desde os primeiros anos de Japão.

Hà quase 10 anos que trabalho na AGC japan , com alguns intervalos . Já sou considerada uma veterana por todos os japoneses , apesar de ter me afastado por várias vezes . Em uma ocasião eu simplesmente não fui mais trabalhar após o terremoto de 2011 e fugi para a Suiça uma semana após o ocorrido , sem dar muita satisfação.  Em 2012 voltei para o Japão com a maior cara deslavada e pedi para retornar ao meu antigo posto de trabalho e surpreendentemente me aceitaram de imediato. Claro que recebi um sermãozinho do contratante , mas me receberam super bem. Agora estou cumprindo mais 1 ano de AGC , desde  o meu regresso do Brasil no ano passado. Já faço parte da paisagem.

A AGC japan foi uma benção na minha vida e continua sendo. Não conheço outro lugar aqui em terras nipônicas onde se trabalha com gente educada , em um ambiente limpo , climatizado e sem chefes. Ontem mesmo me atrevi a tirar 1 hora de kiukei ( intervalo) a mais  para assistir a partida de Japão X Colombia .  Eu não conheço nenhum lugar no mundo que ofereça 15 minutos de intervalo de duas em duas horas. Fora os 60 minutos de intervalo para almoço. Aqui no Japão existe uma expressão pra toda esta regalia : amai , que significa dôce, ou indulgente.

Hoje choveu muito por aqui e eu decidi ir a pé do meu apartamento para a fábrica . Sabe o que é você sair do seu apartamento semi-mobiliado grátis ( oferecido pelo contratante) e caminhar apenas cerca de 10 minutos até o local do seu trabalho, sem pressa, nem trānsito e nem horas perdidas dentro de um busão lotado? Para mim isto é o céu! Era tudo o que eu pedi  a Deus todas as vezes que eu estava em pé por mais  de 1hora dentro de um busão lotado em plena avenida Rebouças. Definitivamente , desejo realizado.

O melhor desta comodidade toda é sem duvida o aluguel gratis por todo o periodo que eu estiver trabalhando. Ajuda muito no orçamento mensal e mesmo sem horas extras ainda dá para economizar a parte do salário que seria do aluguel.

Não sei por quanto tempo vou ficar aqui ainda, por mim ficaria por mais muitos anos , mas o amanhã nunca se sabe. Pode ser que ocorra um novo corte de pessoal , mas também pode ser que a empresa prospere e consiga aumentar a produção . Deus queira que sim. Eu amo muito este meu trabalho e o ambiente tranquilo.

Além de já fazer parte da paisagem da AGC , escrevi a minha propria historia durante todos estes anos  de vida e labuta em Shizuoka. Sem dúvida alguma é o meu segundo lar.



sábado, 9 de junho de 2018

Você é aquilo que posta



Nem sempre o virtual é tão irreal assim.

As nossas postagens nas redes sociais mostram muito mais de nós do que imaginamos .

Fotos de viagens , lugares fantásticos e grandes produçōes podem representar apenas 20% da nossa realidade, mas a frequência de postagens do gênero pode demonstrar apenas um grande interesse por viagens  , ou uma necessidade absurda de ser admirado. Geralmente a pessoa não cabe em si, ela necessita compartilhar e obter muitos likes.

Eu tenho pouquissimos contatos no facebook e no instagram. Minha curiosidade é grande , mas meus interesses reais são poucos . Portanto, não vejo a necessidade de estar compartilhando coisas que não interessem aos contatos que possuo nas redes sociais.

Aprendi com o passar do tempo que redes sociais  não são o lugar certo para despejar minhas insatisfações pessoais , e nem tão pouco despir a minha alma . Problemas pessoais devem ser discutidos e expostos in off , ou seja , no privado. Assuntos de interesse pessoal também devem ser compartilhados e discutidos em grupos de igual interesse . Se você é um religioso não espere aprovação ( likes) de seus posts com teor religioso de amigos e familiares que são ateus , agnósticos ou ecumênicos.  Compartilhe com iguais em grupos fechados, caso contrário , poderá se frustrar virtualmente.

Postar indiretas em forma de mensagens de frases feitas é um outro vício que percebo na maioria das vezes em mulheres . Amargura virtual em postagens é muito chato e não agrega absolutamente nada . Não compartilhe sua amargura virtualmente. Quer desabafar ? Procure um amigo ou escreva em um diário virtual.

Ainda fico pasma com a facilidade com  que as pessoas postam em video a sua vida privada para que milhares de pessoas  estranhas visualizem  momentos muito intimos . Para que? Para serem julgadas por estranhos?

Ontem vi um video ( por acaso)  de uma garota que relatava sua má experiência na gravidez. O titulo do video era "fui abandonada grávida" . No começo me comovi com a situação da moça e até chorei com ela , depois fui assistindo a outros videos dela antes da dita gravidez. Em um dos videos ela está bem diferente , toda maquiada , cabelos longos e trages de banho . Ela foi miss de um clube de futebol antes de engravidar. Em outro video ela está super hiper maquiada e relata uma bebedeira em uma festa que ela esteve com o "ficante" dela , que é um jogador de futebol e suposto pai de seu filho.   Em dita festa ela diz não se lembrar o que ocorreu porque ela simplesmente desmaiou de bêbeda. Ao assistir a sequência de seus videos antes de sua gravidez já começei a mudar a minha opinião sobre a pobre garota grávida abandonada. Ex-miss , ex-modelo , baladas , bebedeiras e grávida de um jogador de futebol que negou a paternidade de seu filho. Já vi esse filme.

Quem sou eu para julgar alguém, mas fica explicito demais nos videos desta ex-modelo o que ocorreu com ela . Mas precisa postar isto em video no youtube?

As pessoas perderam a noção da propria privacidade e a desnecessariedade ( essa palavra existe?) de expor suas vidas a este ponto . Para quê? Para receber dislikes, ou para ser julgada por um juri de estranhos virtuais que nem se quer conhecem a sua história?

Mais uma vez reafirmo que o bom senso é tudo na vida de qualquer pessoa . Compartilhar não é despejar em cascata informações de teor pessoal. Compartilhar é dividir com o outro , na mesma proporção. Não é dar demais , nem dar de menos . Rede social não é esgoto a céu aberto , nem divã de psicólogo.  




Gente chata

        


Às vezes me pergunto qual seria o verdadeiro conceito de chatice. Está aí uma questão que depende do ponto de vista de cada um. Eu sou regida por Saturno , o que faz de mim uma pessoa um pouco pragmática e séria demais em comparação a outros signos do zodíaco. Na medida do possível busco manter o meu senso de humor ( quase sempre sarcástico) para não parecer tão séria e chata . Mas , o que é verdadeiramente uma pessoa  chata?

Segundo a minha visão Capricorniana , com tendência a racionalizar tudo e refletir sobre todos os aspectos da vida ( Lua em Escorpião) de forma profunda, a pessoa chata é aquela que não enxerga o outro, com uma cegueira abstrata que visualiza o outro como simples borrões .

Aquela pessoa que te conhece ( ou deveria) há anos , seja seu marido, namorado, filho , pai , maē , ou um amigo (a) de infância que não saberia responder qual a sua cor predileta , temas preferidos , hobbys ou qualquer outro detalhe superficial de seu caráter. Estas  pessoas  frequentemente não enxergam nem a capa do livro, quem dirá o conteúdo.  A pessoa pode ser alegre, comunicativa, animada , sociável , educada e gentil , mas a falta de percepção do outro a torna "chatinha" demais .

O meu conceito de " não chatice" Capricorniana ,  é não incomodar o outro . Simples assim.
Você quer incomodar alguém? Comece um grande monólogo sobre si mesmo sem nem perguntar ao seu interlocutor se ele está bem, ou se ele está disposto a te ouvir naquele momento. Percepção e bom senso são fundamentais para uma boa comunicação.

Em contrapartida , para a visão cega do "chatinho" , o chato é você que não está disponível a tais monólogos.

Em algumas situações o anti-social é bem menos chato do que aquele ser egocêntricamente sociável. É uma questão de ponto de vista.




domingo, 3 de junho de 2018

TPM e inglês japonês




Se existe um sinal claríssimo da TPM , eu a classificaria como irritabilidade. Além de outros sintomas não menos agradáveis como as dores e os incômodos fisicos em geral , a irritabilidade é clássica neste periodo. Há quem chore e se sinta melancólica , relembrando todos os desafetos de uma vida inteira , se fechando em concha . Na verdade as reações podem ser diferentes dependendo do caráter de cada pessoa , porém, a sensibilidade gerada neste periodo é igual para todas.

Acontecimentos e comentários banais que em dias "normais" deixamos passar tornam-se verdadeiros insultos . Parece que o pior de nós , aquilo que queremos esconder dos outros fica à flor da pele, à mostra  , como uma ferida aberta e sangrenta.

Neste periodo a minha convivência pacífica e de certa submissão à cultura e a mentalidade japonesa vira do avesso. Ou seja, aqueles pontos que tentamos ignorar ou compreender porque afinal é uma questão de diferenças culturais , me incomodam profundamente no mais profundo de minha alma.

Aquela mania dos japoneses de transformarem palavras estrangeiras em katagana me irrita do fundo da alma. Não foram poucas as vezes em que os japoneses tentaram consertar a minha pronúncia de palavras em inglês. Claro que a minha pronúncia não é lá perfeita , mas querer corrigi-la para a pronúncia japonesa do inglês é sacanagem.

Semana passada estive com uma amiga japonesa que é daquelas bem típicas senhoras com mais de cinquenta anos no Japão . Estamos jantando em um restaurante quando fui comentar com ela que fui ao karaokê e cantei todas as músicas que eu conhecia em inglês. Ela com a sua visão de horizontes
limitadas ao arquipélago japonês me indagou: - Mas você só canta em inglês?

Na hora eu pensei: - Só? !
Eu canto em  inglês, em espanhol, em português e de quebra algumas musicas em japonês. Não acho pouco, mas fiquei quieta para não parecer arrogante.

O assunto poderia ter terminado aí , mas eu fui abrir a minha boca  e dizer que havia cantado até uma musica antiga da Britney Spears, que aliás, é bem conhecida no Japão. Ela disse não conhecer a cantora. Mas como não conhece se ela já esteve no Japão fazendo shows?

Pronunciei lentamente tentando transformar o nome da cantora em katagana : Buritinei Supirusu.

A minha amiga japa arregalou o zoinho e disse: - Você quer dizer Buritone Supirusu? Me corrigindo.

Meu Deus! Quem em sã consciência vai imaginar que o nome da cantora no inglês ajaponesado é Buritone? Até aí tudo bem. É a forma como os japoneses interpretam palavras estrangeiras com base na escrita do katagana, mas querer corrigir a minha pronúncia é quase que ofensivo. Isso me irrita!

Aqui vão outros exemplos catastróficos do inglês japonês que irritam qualquer pessoa , mesmo sem estar na TPM:

Um clássico do inglês japonês é Maku Donarudo ,que  significa : Mc Donalds.
Uma das muitas lojas de conveniência do Japão é o Sebun Erebun , que significa : Seven Eleven.
A Nestlé que é uma conhecida marca suiça , é poderosa no Japão com suas variedades de Kito-
, ou seja Kit- Kat .
Um molho muito apreciado no mundo e inclusive aqui em terras nipônicas e o tal do tarutaru , com esse nome eu jurava que era um molho japonês até prova-lo . É simplesmente o famoso molho tártaro.
Pai e maē são expressões em ingles bem conhecidas por qualquer pessoa que nem domine o inglês, mas aqui no Japão o father de pai vira faazá e como a terminação de mother é igual ao father , vira maazá. Ou seja : Mai faazá endo  mai maazá , com as vogais bem abertas . Traduzindo: My father and my mother.

E não pensem que é só na pronúncia que os japas assassinam o inglês , a pronúncia é literalmente a forma como se escreve em katagana.

São detalhes banais da minha convivência com os japoneses? Sim, é! E muitas vezes dou muitas risadas , mas com aquela pontinha de incômodo que na TPM me irritam tremendamente.

Este video é do famoso comediante japonês Shimura ken , onde ele intérpreta um professor japonês ensinando inglês para americanos. Vale a pena ver e rir.


sexta-feira, 1 de junho de 2018

Fazer nada é quase tudo

            
 

Quase 13:00 hs de uma tarde de sábado e eu ainda não saí da cama. Aliás, me levantei para um café , um xixi e um pacote de biscoitos . Em seguida voltei para a minha confortável caminha. Coisas para fazer eu tenho até demais, aquela velha rotina de limpar a casa, lavar roupas e ir ao supermercado . No final da tarde ainda preciso dar um pulinho na fábrica , coisa de duas ou quatro horas de trabalho.

Tenho coisas para fazer? Sim, tenho. E a vontade de não fazer absolutamente nada? Também tenho.

Do alto do meu leito ( a minha cama é alta) , observo o piso que está pedindo uma vassoura , um aspirador de pó . Fico sonhando em ter um dia o robô que varre a casa sozinho. Meu sonho de consumo doméstico.

Ainda deitada decido escrever aquilo que me ocorre neste exato momento . E cá estou , digitando alguns parágrafos sobre este complexo sentimento de culpa e inutilidade que nos toma quando estamos sem fazer nada. Talvez se eu não tivesse coisas para fazer este sentimento de culpa seria quase que inexistente, mas ao mesmo tempo não ter nada para fazer é de uma inutilidade que causa incômodo.

Por quê será que não nos permitimos fazer o "nada" com a mesma dignidade de fazer "tudo"?

Em meio a tal dilema existencial , me levanto e começo a fazer "tudo" .