terça-feira, 29 de agosto de 2017

A ignorância do primeiro mundo



Se tem uma coisa que me irrita muito em viagens é ser confundida com uma Tailandesa , filipina ou outra raça asiática qualquer, menos japonesa. As minhas origens são japonesas , mas a minha nacionalidade é brasileira, portanto, sou uma nipo-brasileira. Será tão dificil entender?

Aqui no Japão o povo me considera estrangeira, mas quando sabem que o meu pai era um japonês legítimo , parece que me respeitam mais. Isto também cansa a minha beleza.

Mas quer me irritar de verdade?

Algumas pessoas do dito primeiro mundo não entendem que o Brasil ē um país totalmente miscigenado e multi-cultural. Existem negros descendentes de africanos, asiáticos descendentes de japoneses, coreanos e chineses, assim como muitos descendentes de europeus . A única origem pura de brasileiros são os índios, assim como em toda a América do Sul. Dificil entender ?

Quando me perguntam onde eu aprendi a falar tão bem o português, me dá uma crise de nervos. E quando me perguntam por quantos anos eu vivi no Brasil?Frequentemente os mais ignorantes são o povo  do Tio Sam .  Já me chamaram de Amazonian- Japanese. Como se fosse um gracioso elogio. . What the fuck?

Para mim é pura ignorância injustificável, afinal, hoje em dia existe o "Google " . Pesquisa no "Google" antes de falar com alguém de uma cultura que desconheça. Não faça o papel de ignorante cultural e geográfico.

E quando eu digo que falo quatro linguas ? Todas em nivel intermediårio, menos o português que é minha lingua madre. Não sei qual é a motivação que impulsiona  as pessoas a tentarem se comunicar comigo em espanhol ou japonês. Já que vai usar o google translator, comunique-se em português.

O meu inglês é nivel básico, e deixo bem claro. Mas alguns cidadões do primeiro mundo insistem em falar comigo apenas em inglês. Como se fosse minha obrigação falar mais uma lingua, além das outras quatro. Posto que, eles dominam apenas uma língua.

Povo do primeiro mundo. Acordem!!! Please! O mundo não se resume ao quintal da nossa casa.


Inteligência emocional



"...capacidade de identificar os nossos próprios sentimentos e os dos outros, de nos motivarmos e de gerir bem as emoções dentro de nós e nos nossos relacionamentos." (Goleman, 1998)

Há alguns ( muitos) anos atrás , tive acesso ao livro de Danyel Goleman, "A inteligência emocional", na época era um dos best sellers da psicologia. Começei a ler o livro e parei na metade, depois o emprestei a um amigo que reclamava demais das pessoas , e das circunstancias da vida.  Ele não leu , e nem  me devolveu o livro. Aliás, nunca empreste um livro a um amigo , se você ainda não terminou de le-lo. 

Como eu não terminei de ler o livro, fiquei apenas com o resumo da tese de Goleman na minha cabeça,  e aquela impressão de que pouquissimas pessoas no mundo teriam esta capacidade de entender e gerir os proprios sentimentos . Quem dirá enxergar o outro?

Eu defendo a minha própria tese. Pessoas que não se auto conhecem não são capazes de   entender o outro e as suas reações. Entender não é aceitar. 

À partir do momento em que começamos a compreender a raiz de nossas próprias emoções fica mais fácil visualizar e compreender uma situação emocional que direta ou indiretamente envolvam outras pessoas. 

Começei a ver as pessoas não somente como um corpo fisico e sim como a uma fonte de vibrações emocionais. 

Imagine aquele seu amigo que está muito acima do peso ,  e desorganizado , que sempre ameaça começar uma dieta , mas que nunca consegue começar absolutamente nada. Quem dirá terminar. Ou aquele seu amigo afro-descendente que insiste em conquistar e seduzir todas as mulheres de cor clara e estranhamente não possui nenhum interesse por mulheres afro-descendentes. Pior ainda , ofende-se , se você não aceitar as suas investidas e ainda te chama de racista. E os homens maduros e divorciados? Estes são cheios de traumas e carentes. Projetam nos outros um ideal de exigência afetiva que não conquistaram em relacionamentos anteriores. Estas situações cabem tanto para homens como para as mulheres. 

Entender a complexidade humana e ter a capacidade de enxergar o "invisível" nos torna gradativamente mais seletivos , silenciosos ( no sentido de não julgar) , e de certa forma impotentes. Não há como dizer ao outro: - Olha, você está com uma contuda errada!

Cada pessoa tem o seu tempo de compreender as próprias emoções , e isto , às vezes , leva uma vida inteira. 

Para aqueles que possuem a capacidade de perceber as vibrações alheias e as suas raízes, resta apenas observar , e permitir que sigam o seu caminho. 


sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Nada é perfeito


Venho analisando há anos , todos os mapas de sinastria de prováveis relacionamentos futuros, e devo admitir que demorei a entender que relacionamentos perfeitos não existem.

A minha busca pela perfeição humana é simplesmente utópica, tendo em mente que todo ser humano é imperfeito e sujeito a cometer erros. Inclusive eu mesma.

À partir do estudo de várias sinastrias percebi que existem vários pontos no meu proprio caráter que me impedem  de viver  relacionamentos mais construtivos e afetivos. Uma delas é a mania de intelectualizar os sentimentos. Coisa de Capricorniano, ne!

Seria muito comodo  viver relacionamentos que não nos causem nenhum tipo de desafio, onde o outro nos aceita como somos , mas nem todos os relacionamentos começam desta forma
empática. E pior, nem sempre podemos estar sob contrôle total quando o assunto é relacionamento.

Existe  um tempo certo  para amadurecer a relação e sobreviver a todos os desafios . Também não existem relacionamentos que começem com a garantia de que serà para sempre. Nada na vida é para sempre, nem nós mesmos.

Se tivéssemos um entendimento real  de que tudo na vida tem um começo, um meio e um fim , talvez nos dedicassemos muito mais a viver o hoje , sem criar grandes expectativas para o amanhã.

Viver aquilo que a vida nos oferece é sem dúvida alguma melhor do que não viver absolutamente nada. Contanto que, sejam relacionamentos sanos ,of course.




terça-feira, 22 de agosto de 2017

Reflexões de uma Lua Escorpiana



Meu mundo poderia ser dividido em duas partes, a parte pensante que vai lá no fundo de todas as questões existenciais do ser humano , e a outra parte que apenas observa sem nada dizer.

Nem sempre digo aquilo que penso, mas sempre penso naquilo que digo.  Chega um momento em que eu nem sei mais se estou agindo como penso ou se estou apenas reagindo as circunstâncias externas. Dá pra sacar a bananosa?

Saturno anda novamente formando algumas quadraturas nos céus . Tendo sempre a culpar as estrelas, pois é mais facil assim entender o meu estado de ânimo. Me sinto bloqueada. Parece que uma nuvem cinza tem me perseguido nos ultimos meses. Seria o excesso de horas alternadas no trabalho?

Claro que este é um ponto totalmente desfavorável para o meu humor, mas no momento não há o que se fazer.

Hoje pela manhã encontrei um rapaz ( japonês) que fez a entrevista de trabalho junto comigo. Japoneses são muito timidos e dificilmente puxam assunto com alguém que eles não conhecem bem, mas o japinha me cumprimentou e me perguntou se o serviço estava muito pesado. Eu respondi que não, que estava tudo tranquilo. Ele ao contrário de mim parecia muito abatido, mais magro do que já era.  Na hora me deu uma pena de ve-lo assim tão acabado. Fiquei pensando mil coisas, pra variar.

Será que vale a pena viver assim ? Aceitando todas as regras , mudando alternadamente a hora de dormir, de comer, e pior ainda, privando-se de ter finais de semana livres em troca de alguns milhões ( força de expressão, aqui ninguém é milionário) , deixando de ter ânimo para sair à passeio para se poupar para outro dia de trabalho?

Não, não vale a pena. A vida é uma só, e temos que vive-la plenamente , fazendo ao menos uma coisa prazerosa todos os dias , uma viagem dos sonhos uma vez ao ano, viver um relacionamento amoroso que amplie nossos horizontes , amar e ter o direito de ser amado.

Não são as coisas materiais que me importam no momento, para dizer a verdade, creio que nunca foi. A minha maior busca sempre foi pela não materia , aquilo que não  pode ser visto e nem tocado. Mesmo sabendo que o intocável era a minha verdadeira praia, dediquei toda a minha vida a correr atrás de coisas palpáveis . Um verdadeiro paradoxo que nunca funcionou muito bem, nem em questões materiais e nem nas não materiais.

Todo momento de reflexão é meio deprimente, mas como tudo na vida , tem o seu lado bom. Compreendi que devo deixar para trás certos conceitos que me bloqueiam e liberar o idealismo que tenho guardado só para mim, como se não fosse possivel realizar um ideal à partir de uma pequena chama .

Sim, minha mente é completamente idealista e sonhadora. Só não tenho deixado ela se manifestar enquanto vivo aquilo que para mim está bem longe de ser o meu ideal de vida.

Se as estrelas não estão ajudando , tenho ao menos o meu livre-arbitrio para começar a desbloquear o meu mundo interno. Totalmente idealista e vanguardista.

O desafio é vencer o medo de me dar mal. Que cagona!


segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Nem tudo é tão simples como parece

                    Gisele Bundchen , a nossa über model. Orgulho nacional. 


Há anos que analiso detalhadamente o meu proprio mapa Natal e o de alguns conhecidos , às vezes analiso mapas de personagens famosos e polêmicos da atualidade ou do passado também.

Tal curiosidade me fez analisar vários mapas , obviamente que apenas como uma curiosa porque nunca estudei a astrologia a fundo. Nestas minhas viagens por  mapas alheios pude compreender que nem tudo que parece óbvio é tão obvio assim.

Mapas natais com vários aspectos na casa 2 poderiam ser vistos como o mapa do Rei de Midas, aquele que transformava em ouro tudo aquilo que tocava. Assim como na lenda, um mapa com vários aspectos benéficos financeiros nem sempre é sinal de felicidade . Ter muito nem sempre é ter tudo.

Claro que eu adoraria ter nascido com o mapa do Neymar , ou da Gisele Bundchen , cercada por tudo aquilo que os beneficios materiais nos proporcionam. Mas, será que eu teria estômago para suportar a inveja que a nossa uber model teve que enfrentar no inico de sua carreira?

Em algumas entrevistas Gisele Bundchen chora ao recordar de toda a solidão e do ambiente de inveja e competições que ela teve que enfrentar para chegar aonde chegou.

Nosso craque Neymar também tem um mapa ótimo para as finanças . Mas será que ele tem estômago o suficiente para conviver com tanta gente que se aproxima dele por mero interesse?

E a responsabilidade de ser sempre o melhor, dar o melhor de si?

Apesar do meu Sol ter muitas caracteristicas ligadas a responsabilidade, sou daquelas que tudo na vida tem um limite suportável.

O meu mapa natal não tem nenhum aspecto de grandes façanhas na vida, e posso até dizer que o meu mapa é comum demais , sem grandes acontecimentos, nem trágicos e nem sortudos.

A cada pessoa cabe um papel na vida, seja o porteiro do seu prédio, a copeira do escritório , ou o presidente de uma grande multinacional. Nem um e nem outro é mais feliz ou menos feliz  por sua condição social.
 Aquilo que vale é viver a dança da vida sem invejar a grama do vizinho. Afinal, nem todo mundo tem talento para ser um bom jardineiro.


A solidão de viver no exterior

I


Quando nos decidimos  por tentar a vida em um outro país sempre sonhamos com lugares novos, culturas diversas, caras novas , e um milhão de coisas novas por conhecer. Eh! No começo é bem assim mesmo, tudo é novidade , tudo é fantástico.

Com o passar da fase de empolgação vem a rotina, e aquela paisagem que era tão fantástica passa a ser comum, aquelas caras novas já não são tão desconhecidas . Aos poucos vamos nos habituando com o clima , as pessoas , a paisagem, e até pegamos alguns "trejeitos" da cultura local. Já temos endereço fixo, um cartão de residente , um trabalho , alguns novos conhecidos e um maior dominio da lingua local. Tudo parece estar encaminhando muito bem para a nossa integração ao país. Tudo aquilo que haviamos planejado começa a se concretizar . Deveriamos dar pulos de alegria pela nova conquista em terras estrangeiras. Só que não! Sempre falta algo.

As vezes dá aquela vontade louca de jogar uma conversa fora , contar piadas, ou comentar sobre algum programa  de tv que adorávamos assistir no passado, tipo "Panico na tv" , ou qualquer outro programa de humor mais escrachado . Nestas horas ficamos só na vontade, primeiro porque nem todo mundo gosta deste tipo de programa , e segundo porque nenhum nativo local ( seja qual for o país) não vai saber do que se trata o assunto. Então, nos calamos. Rimos sozinhos , em casa mesmo.

Quando conhecemos alguém novo no trabalho , ou em algum evento , ou até mesmo quando reencontramos um antigo conhecido ( nativo) , dá vontade de apertar a mão, dar dois beijinhos no rosto, ou se ja é alguém conhecido , de dar aquele abraço. Em terras estrangeiras ficamos apenas na vontade. Os habitos locais nem sempre são os mesmos e muitas vezes temos que reprimir a nossa calorosa forma de saludar as pessoas.

Dependendo do país e da cultura onde se vive , até o modo que nos vestimos deve ser repensado. Muitas vezes é uma exigencia do proprio clima do país . Não dá para sair de bermuda e camiseta o ano todo. Aquela pele bronzeada da cor do pecado? Esquece! Seu novo estilo será o branco total por vários meses.

Em alguns países , o povo nem curte muito bronzear a pele no verão , no caso , o povo japonês. Poucas são as pessoas que iriam passar um feriadão esparramados na areia da praia. Daí, você vai sozinho , mas evita bronzear demais a pele. Ninguém vai apreciar mesmo.

Falar muito alto também é um habito nosso que não é muito apreciado em algumas culturas. Reaprendemos a falar em tom baixo . Quer gritar? Vai pra Itália.

Natal e Ano Novo são as piores datas comemorativas para se celebrar estando no exterior. Nem todos os países comemoram o Natal de igual forma, e nem todas as comemorações de virada de ano são tão calorosas e barulhentas como as nossas. Além da falta de calor humano e espontaneidade , vem a parte pior, a falta da familia e dos velhos amigos. 

Pior ainda é nos conscientizarmos  aos poucos que de certa forma perdemos a nossa identidade. Aquilo que levamos na alma são as nossas lembranças , que nem sempre podem ser compartilhadas, e no bolso,  o cartão de residente. 

Por estas e outras , viver no exterior é viver todos os dias na companhia daquela nossa amiga , "a solidão" .
Ela , que nos acompanha a todo instante , provocando aquele sutil sentimento de angústia ,  quase que imperceptível . É como uma dor de barriga momentânea e suportável, mas sempre indesejável .

Viver no exterior é ainda um sonho para muitas pessoas, e sem dúvida alguma é uma experiência muito valida em todos os sentidos , porém, como tudo na vida tem os seus prós e contras, a nossa legítima e fiél companheira , " a solidão" , estará sempre presente em nossas vidas. Estejamos sós ou acompanhados , ela sempre se fará presente em algum momento da nossa curta ou longa jornada por terras estranhas.