terça-feira, 30 de junho de 2015

Sobre a Lei do Universo



Estou para escrever este texto sobre a "Lei do Universo" tem um tempo, e ainda não consegui colocar as idéias na cabeça em ordem para escrever sobre este assunto, tão complexo ,tão simples e tão eficaz. 

A primeira vez que tive conhecimento desta Lei , eu estava participando de algumas reuniões de palestras do Budismo de Nitiren em São Paulo. Na época eu lia muitos livros sobre budismo, inclusive o tibetano e o chinês, mas ainda não tinha conhecimento o suficiente para distinguir entre uma linha de budismo e outra. E ainda não tenho.

Aos poucos fui lendo tudo que era matéria sobre essa tal Lei do Universo. Fui do budismo à Carl Jung ( psiquiatra suiço) ,  e à filosofia  hermética . Até Platão eu andei lendo. Mas será que só no século passado o homem era mais sábio e inteligente?

Com o lançamento do Livro  The Secret de Rhonda Byrne, pude  perceber que todas as religiōes e filosofias falavam do mesmo tema : a Lei do Universo, ou Deus . 

Você pode estar dentro de uma igreja, uma mesquita, ou em meio a natureza, esta força universal se manifestará da mesma forma , toda vez que ela seja bem direcionada. Pois o centro de origem desta força é você. Se você não crê nada acontece, se você não sente nada se manifesta . 

Sentimentos. Cheguei a conclusão de que todo o sentimento , independente de nossas ações físicas , é oque determina aquilo que iremos vivenciar. 

Sua vida está uma droga e nada se define ? Pare e pense qual é verdadeiro sentimento que vem norteando a sua vida?

Não é questão de ser bonzinho e agir sempre de forma correta com as pessoas. Tem muita gente correta que só se ferra nesta vida. Então onde é que estamos errando?

A resposta  está dentro de nós mesmos , em aquilo que sentimos . Naquele  sentimento oculto de insegurança que  não demonstramos  a ninguém, naquele medo de ser criticado, aquele medo de perder aquilo que já possuimos e aquilo que ainda nem possuimos. Tais medos ocultos ( sentimentos) vão norteando nossas vidas e    nunca perceberemos onde é que estamos  errando, até o momento de consentizar-nos   plenamente de nossas proprias emoções e harmonizar-nos com o Universo. 

Tá! É facil falar, dificil mesmo é manter tal equilibrio. Sim, é muito dificil, é preciso olhar muito profundamente dentro de sí mesmo, perceber qual emoção ou pensamento interno vem nos sabotando ao longo de nossas  vidas e  criando situações insatisfatórias. 

Filtrar pensamentos negativos ou brecá-los já é um grande passo, mas não adianta ficar apenas brecando pensamentos , é preciso com o tempo transforma-los .

 Aqueles sentimentos adquiridos na infância são os sentimentos que irão nortear nossas vidas, seja no aspecto profissional ou no pessoal. Tudo dependerá de como nos sentiamos e de como nos sentimos hoje. 

Tà aí a minha reflexão de hoje. 
Tentando mudar meus sentimentos para algumas questões práticas da minha vida.E eu garanto que funciona!





domingo, 28 de junho de 2015

Voluntariado


Todas as vezes que eu assisto a alguns programas japoneses sobre a vida de voluntários japoneses no Kênia ou em alguns países pobres da Àsia eu me emociono muito. Quase todas estas pessoas que se prestaram a ir viver em um país completamente diferente para servir como voluntários eram ex- funcionários públicos do governo que jogaram fora o terno e a gravata para viverem de chinelos e bermudas em meio a pobreza e dedicarem a vida a projetos sociais. 

Um programa chamado " konna tokoro ni nihonjin" ( um japonês em um lugar assim) apresentou nesta semana a historia de um casal de japoneses que largaram tudo para ir viver como voluntários no Kênia. Lá foram roubados e por muito tempo viveram na misèria com quatro filhos menores, a maior foi acometida por malária e por falta de medicamentos e hospitais veio a falecer. Desde então, começa a luta do casal para amenizar o sofrimento de maēs e seus filhos acometidos  por doenças infecciosas como a AIDS. A esposa se dedica a cuidar de crianças infectadas pela AIDS ,seu marido ( em outra cidade ) se dedica a formação estudantil de crianças pobres , e um de seus filhos se tornou médico para cuidar da saùde da população carente. 

Assistindo ao programa e a evolução da vida desta familia de voluntarios no Kenia que mesmo havendo perdido uma filha não desistiram de contribuir e dedicar suas vidas para salvar outras vidas , os meus olhos se encheram de lágrimas e quase me atraso para ir ao trabalho.

Decididamente eu tenho um pé no voluntariado já desde adolescente, só não sabia em quê eu poderia ser útil ,por  onde eu poderia começar e como começar se nunca tenho tempo ,pois trabalho para sobreviver. 

Daqui a duas semanas estarei voltando para o Brasil, justamente quando começam as inscrições para o voluntariado na Cruz Vermelha de São Paulo. Não pensei duas vezes e me inscrevi. Agora é esperar para ver se serei convocada logo ao chegar em São Paulo.

Não sei se irão me chamar, não  sei se sou aquilo que a Cruz Vermelha necessita no momento, não sei se a Cruz Vermelha Brasileira està com os seus dias contados por suspeitas de corrupção ( nem a Cruz Vermelha escapa)  também não sei se terei tempo o suficiente para me dedicar ao voluntariado durante o periodo que estarei em São Paulo, mas a primeira ação está feita, a minha inscrição. 

Agora é só esperar...

http://www.cvbsp.org.br/sejavoluntario/

Filosofia do "achismo"



Lendo um pouco sobre os ultimos acontecimentos no Brasil, particularmente sobre São Paulo para não aterrizar em Guarulhos feito uma alienígena que chega de um outro planeta, fui me deparando aos poucos com notícias e comentários que confirmam as palavras de um amigo . Uma vez ele me disse que o brasileiro vive a filosofia do " achismo", de que ninguém se informa de nada, não se posiciona ( nem direita, nem esquerda)  e ainda quer impor a própria opinião baseada  em "achismos". 

A ação de achar é diferente de pensar. Se você "acha" está supondo, se você "pensa" está afirmando.

Hoje em dia com a facilidade de acesso à internet todo mundo pode ter acesso a mil informações instantâneas , e aí é onde mora o perigo: as informações instantâneas.

Sites e blogs de notícia que frequentemente postam notícias com titulos apelativos e com duplo sentido. Se o leitor ou internauta , não abrir a página para ler a notícia inteira , e se também não tiver a mínima capacidade de interpretar um texto de forma correta, aquilo que prevalecerá será sempre o " titulo" noticiado com sensacionalismo . À começar por estes titulos  sensacionalista e a falta de hábito dos brasileiros em lerem artigos e textos com uma minima compreensão gramatical e conhecimentos gerais, leva à famosa "filosofia do achismo". 

Os comentários que encontro na net em lingua portuguesa ( português brasileiro) , sobre a atual situação econômica do Brasil são na maioria das vezes repetitivos e generalizados. Tudo é culpa do PT. Palpites e mais palpites. Comentários consistentes que realmente esclarecem e tem fundamento são muito raros.

Quem não està preocupado em saber quem "roubou a galinha do vizinho", mas quer realmente saber qual a atual  situação sócio-econômica do país e os prognösticos  para o futuro . Recomendo ler noticiários em inglês ( para quem tem fluência na lingua) ou o Euronews em português de portugal. Alí os comentarios são em menor quantidade e as críticas não são generalizadas, já que quem interpreta a notícia é alguém de fora com uma visão diferençiada do contexto e com uma outra filosofia ,ou  habitos culturais. Não que sejam melhores, mas sempre vale a pena saber qual a imagem do nosso país pelo mundo. 

Também não vale criticar quem está fora e vê o nosso Brasil com olhos críticos . A possibilidade de enxergar os dois lados de uma mesma  moeda só existe para quem observou atentamente sob os dois ângulos, ou para aquele que não està emocionalmente envolvido com o país. 

Quando dizem que o Brasil é uma grande ilha é bem verdade.


sábado, 27 de junho de 2015

Amanhã...é outro dia



Semana de preparativos para a minha viagem. Sim, acabei de voltar de Okinawa hà 4 meses e já estou de mudança, outra vez. Vida cigana.

A principio pensei em estar fora ( Brasil) apenas um mês para resolver questōes de ordem pessoal , mas os planos mudaram e talvez ...( eu disse,talvez) eu tenha que permanecer por mais tempo. Tudo vai depender do tempo que terei que restar em terras tupiniquins e nas propostas de trabalho aqui em terras nipônicas. 

Ultimamente a economia japonesa anda estranha e as empresas japonesas estão tendo que acatar mudanças na legislação trabalhista. Falta mão de obra e os salàrios estão pouco convidativos. Para quem gosta da vida no Japão e pretende viver por aqui sem estar muito preocupado em ficar rico, sempre tem algum trabalho. Afinal, o Japão é um país super -hiper industrializado e mesmo em tempos de crise a industria não pode parar por falta de mão-de-obra.

Existe uma expectativa muito grande para as Olimpiadas de 2020. Portanto, para quem fala japonês e inglês , com certeza haverá grande oferta de trabalho. Só não afirmo que o salário será convidativo.

No Brasil, não vejo muita animação com as Olimpiadas de 2016. Pelo menos nos noticiários eu não percebo muita expectativa. Creio que os japoneses são mais previdentes e organizados . Já estão se preparando 5 anos antes. 

Dependendo do que ocorrer ( completamente sem planos) , pode ser que seja uma boa coisa eu permanecer no Brasil até as Olimpiadas e no meio tempo estudar inglês em alguma escola para retornar ao país do Sol nascente com o meu inglês "perá,perá" ( fluente em linguagem popular japonesa) , visando as Olimpíadas de 2020. Vai saber?

Totalmente sem planos concretos vou seguindo a maré, e para onde o vento soprar lá vou eu . Sei que não é uma bela coisa viver conforme a maré, mas para quem já não sabe mais " onde" fincar raízes , o jeito é viver um dia atrás do outro e aproveitar todas as novas oportunidades que apareçam, independente de estar de um lado do planeta ou do outro. Só queria ter 20 anos à menos. 

Para dizer a verdade, o meu coração já decidiu para onde devo regressar, sempre que a maré estiver turbulenta, ou calma e plácida demais para o meu gosto.

Alma viajante. 

terça-feira, 23 de junho de 2015

O humor Capricorniano

                                                      Ah....Me deixa dormir !


Quem tem um amigo(a) , namorado(a), amante ou seja lá oque for, do signo de capricornio sabe muito bem como é conviver e lidar com o humor quase que rabugento destas  figuras fantásticas. Isto me inclui. Capricorniana da gema!



Pai Capricorniano/ mãe Capricorniana: 

Pai Capricorniano:  - Comprei esta lembrancinha pra você meu filho. (Capricornianos adoram demonstrar afeto com objetos).

Você: - Ahã, tà bom.

Pai Capricorniano: - Não agradece não?

Você: - ah...obrigado. 

Pai capricorniano: - levei o dia inteiro procurando este presente pra você, deixei de terminar meus projetos procurando essa porra desse presente pra você e nem um obrigado você é capaz de dizer? sua maē não soube te educar, te deu liberdade demais, carinho demais. E olha só a merda que você se tornou. Você não pode ser meu filho. Eu não sou assim, você deveria me respeitar. Sua mesada está suspensa por tempo indeterminado...e tem mais...blà...blá...blá...blá...blá...blá...blá...blá...blá...blá....blá...blá...blá...blá...bláááááá!


Namorada Capricorniana:

Você: - Amor, vamos pegar um cineminha hoje?

Namorada Capricorniana: - Pra quê?

Você: - Eu queria assistir aquele filme novo ...

Namorada Capricorniana: - Se você quiser vai sozinho, eu não aguento ficar sentada durante duas horas dentro daquelas salas cheias de gente respirando o mesmo ar que eu respiro. Além do mais, logo , logo sai em video gratís na internet e a gente pode assistir em casa sem gastar um tostão. Você viu quanto custa uma entrada de cinema? E a pipoca? Um absurdo!

Você: - Foi só uma idéia pra sair um pouco de casa, pensei que você queria...

Namorada Capricorniana: - Ah, então tá! Vamor sair.

Você: - Espera que vou colocar um tênis e já vamos.

Namorada Capricorniana: - Melhor colocar sapatos sociais. Aquele restaurante dos jardins não permite que entrem com roupa esportiva demais. 

Você: - ... ... ... E o cinema?...?


Amiga Capricorniana:

Você: - Decidi radicalizar e pintar o cabelo de louro. Gostou?

Amiga Capricorniana: - Eu preferia você antes. Esta cor te envelheceu.

Você: - ...Poxa! Obrigada pela sinceridade...

Amiga Capricorniana: - Cabelo louro só fica bem pra quem tem rosto claro, ou estilo  próprio. Além de te envelhecer tua cara parece mais redonda do que antes.

Você: - ... ... ... Me dá uma licencinha que eu vou ver porque o Bob tá latindo lá fora?


Namorado Capricorniano

Você: - Amorrrrrrr, vem logo deitar ❤️❤️

Namorado Capricorniano: - Espera que eu to ocupado terminando um relatório que tenho que entregar segunda sem falta.

Você: - Amorrrrrrrr, deixa isso pra depois. Vem logo, quero te mostrar uma coisa ❤️❤️❤️

Namorado capricorniano: - Tá! Oque é?

Você: - Deita  aqui do meu lado vai...❤️❤️

Namorado Capricorniano: - Eu disse que tava ocupado ne! Fala logo! Você já tomou banho?

Você: - Não...tava te esperando pra gente tomar juntos e depois deitar bem juntinhosssss ❤️❤️

Namorado Capricorniano: - E você deitou na minha cama sem limpar os pés? Sai, sai,sai. Vai  logo se lavar.

Você: ....mas, eu pensei que... ... ... ... ...

domingo, 21 de junho de 2015

Aridez Capricorniana



Todo mundo sabe que o signo de Capricornio è um pouco sequinho né? Isto se comparado a alguns signos do elemento água ou fogo. Aliás, nem é preciso fazer comparações zodiacais, o signo  de Capricornio é arido por natureza mesmo.

Também, olha só a fama do regente Saturno/Chronos , aquele que comeu os filhos sem dó. E o elemento? Pode  existir coisa mais seca , dura , e fixa do que a terra?

Capricornianos podem ser perfeitos em muitas coisas, mas no amor...tsc...tsc...

Hoje fiz uma nova tirada de tarot no site do Personare, o site é ótimo e as tiradas de tarot funcionam que é uma beleza. Basta concentrar-se. 

Lá fui eu fazer uma consulta  só pra ver se o tarot confirmava o meu momento atual. 

Certeiro! Deu um periodo de racionalidade profunda e falta de romantismo, oque não é bom para iniciar relacionamentos amorosos ne! Porisso, nem vou tentar.

Na verdade, nem estou muito pra romantismo, aventuras e paixões loucas que não levam a um final oportuno ou conveniente. Eh, porque final feliz só existe em novela, na vida real aquilo que nos resta é a conveniência. Que falta de romantismo e doçura não?!

Nem adianta eu tentar mudar esta vibração porque é mais forte do que eu. Aridez Capricorniana total!

Seriam os meus aspectos em Plutão? Estou com uma conjunção Sol/Plutão càrmica e outras quadraturas com Plutão e Saturno. Não dá pra ser feliz assim ne! A leveza do ser passou longe destes aspectos sizudos. 

Li algumas interpretações sobre Sol em conjunção com Plutão e uma que me chamou a atenção é a de ser desmascarada enquanto dure este aspecto, ou seja, o pior de mim ( Capricornio) estaria exposto, estampado no meu rosto e no meu comportamento pra todo mundo ver. Ou seja, aquilo que eu sempre quiz esconder , amenizar, apaziguar, colorir e suavizar no meu caráter 100% Capricorniano agora estará escancarado. 

Vixi! Nem eu me suporto quando me deixo dominar pelos ares sizudos de Saturno com toda aquela seriedade, humor sarcástico, frieza e falta de emoções humanas. Sim, as vezes a frieza emocional é tanta que nós Capricornianos conseguimos ver lógica em absolutamente tudo.

Não sei quanto aos outros Capricornianos, tudo depende do posicionamento da Lua e do ascendente pra amenizar tais características , mas as minhas emoções são bem secas , não fosse a minha Lua em Escorpião que me ajuda  a equilibrar um pouco tamanha aridez de emoções, mesclando secura com explosões passionais. Tudo de bom né!

Sol em Capricornio ( terra) , ascendente em Touro ( terra) e Lua em Escorpião ( àgua) . Esta mistura de dois que chifram e um que pica não é lá das mais doces pra moldar uma personalidade feminina. 

Completamente Capricorniana neste periodo, estou tendo que me aceitar assim como sou na minha pior versão. A versão verdadeira,  sem truques e sem maquiagens. 

Algumas caracteristicas que tentei durante anos amenizar e as vezes esconder dos outros estão vindo a tona. O autoritarismo, a soberba, o orgulho, o egoísmo , o pão-durismo, e o prazer quase que sexual de manipular as pessoas  sempre com alguma intenção estratégica, são apenas algumas características negativas do signo que estão enraizadas no meu ser : Sol em capricornio, venus em capricornio e mercurio em capricornio.  

Não adianta fugir, nem tentar suavizar e docificar tantos aspectos em Capricornio, diga-se de passagem em Saturno , ou deus Chronos , aquele que comeu os filhos. 

Pode existir representação mais meiga do que Chronos o senhor do tempo comendo uma pedra achando que era um de seus filhos?



Coisas que aprendemos estando fora do Brasil



Após viver tantos anos inserida dentro da cultura nipônica, é muito dificil , ou quase impossível voltar a ser quem eramos antes de vivenciar tal experiência. 

Quando vim ao Japão pela primeira vez não tinha idéia do quanto eu era mal educada. 

Jogar bitucas de cigarro pelas ruas era uma coisa normal para mim, hoje não consigo mais jogar nenhuma bituca de cigarro na rua e tenho sempre comigo o meu cinzeiro portátil. 

Sentar de pernas abertas ou cruzadas ( fazendo um quatro) era hábito normal, hoje penso duas vezes antes de me sentar desleixadamente em locais públicos. 

Atender ligações do celular dentro de transportes coletivos também era uma coisa muito normal, hoje desligo o celular antes mesmo de entrar em algum ônibus. 

Encontrar dinheiro esquecido no caixa eletrônico seria pura sorte na minha antiga mentalidade tupiniquin, hoje respeito a lei japonesa e entrego o dinheiro ao responsável do estabelecimento, seja loja de conveniência ou banco. Existe uma lei aqui no Japão para achados e perdidos com punição para quem não as segue.

Separar o lixo era outra coisa que não gostava muito de fazer , hoje não consigo mais jogar embalagens plásticas no lixo sem lava-las primeiro e separara-las devidamente. 

Fila! nossa! Odiava ter que enfrentar filas e sempre dava um jeitinho de passar na frente, hoje é a coisa mais natural e lógica, esperar a minha vez. 

Rodizio semanal para limpeza do ambiente de trabalho. Acho que isto nem existe no Brasil, mas fui obrigada a aceitar as regras japonesas e me revezar com meus colegas para lavar banheiro, varrer escadas e o refeitório. Além de levar todos os dias um saquinho para jogar o meu lixo do almoço e traze-lo para casa. 

Almoçar na rua , em restaurantes , com o famoso ticket-refeição era um luxo quando estava no Brasil, hoje preparo o meu próprio obentô ( marmita japonesa) ou vou comer um ramen rapido pago do meu bolso, assim como o fazem muitos executivos japoneses. Aqui, o habito de levar marmita de casa é quase uma tradição e ninguém tem vergonha de comer o seu obentô em qualquer lugar. Seja na mesa do escritório, no refeitorio da fabrica, em uma praça  ou dentro do carro. É bem mais economico também. 

Buzinar no trânsito me parecia uma coisa tão óbvia no transito louco de São Paulo, aqui ninguém fica buzinando a toa, e isto vale também para os ciclistas. 

Falar alto, ouvir musica ou promover festinhas barulhentas após um certo horário era coisa normal no Brasil, aqui a lei do silêncio é respeitada e se algum vizinho se incomodar, você corre o risco de ter uma visitinha da polícia local. 

Uniformes. No Brasil apenas algumas empresas exigem , aqui a coisa é bem diferente. Todo mundo usa uniformes no trabalho. Eu, particularmente acho ótimo. Economizo horrores com roupas e calçados que só compro mesmo para sair ou viajar.


Outra coisa que aprendi aqui em terras nipônicas é apreciar a beleza da natureza e contemplar suas formas e cores. Coisa que eu não fazia vivendo em uma cidade de pedra como São Paulo. 

Andar de bicicleta para mim era apenas a passeio, hoje uso a minha bicicleta como meu principal meio de locomoção. Muito mais econômico , não poluo o ar , e sou uma pessoa a menos engarrafando o transito. 

Existem tantas outras coisas que aprendi estando aqui em terras nipônicas, estas são apenas algumas.  

Nestas horas fico me perguntando se eu seria capaz de viver novamente no Brasil ?




segunda-feira, 8 de junho de 2015

A compaixão humana




Sempre que leio alguns comentários na net, ridicularizando , criticando ou fazendo piadas grosseiras com pessoas que se encontram em um estado terminal, ou que infelizmente já cumpriram a sua missão na terra, fico horrorizada e decepcionada com a mentalidade de algumas pessoas que se dizem, ou que nasceram em um lar cristão. 

Triste mesmo é constatar que , tais pessoas não existem apenas no nosso universo tupiniquin, elas estão por todas as partes. Criticando, julgando e sentenciando on-line.

Lendo ao "Il fatto cotidiano"  , um jornal de origem e lingua italiana, sobre o falecimento por leucemia do Ken humano brasileiro ( existe um outro americano) , pude constatar que os comentàrios maldosos  que eu havia lido em português-brasileiro, com referência à mesma noticia se repetiam também em uma outra língua, a italiana. 

Naquele momento, me imaginei na Roma Antiga, em plena arena romana, onde pessoas espalhadas por toda a arena ( Coliseun) se divertiam ao assistir duelos mortais entre humanos e animais. Execuções impiedosas eram reclamadas por espectadores famintos por ação e sangue. 

Talvez eu esteja exagerando ao fazer tal comparação , só porque lí alguns comentários maldosos na net  em apenas duas línguas. Imaginem se eu lesse em japonês, inglês ou alemão? Já iria logo associar a maldade humana  e a falta de compaixão, as atrocidades   da segunda guerra mundial. 

Eu ando divagando e viajando na maionese ao associar fatos ( comportamento)  tão antigos da história humana aos dias de hoje? 

Não sei não. Nada mudou , até o sinalzinho de " não curti " ( polegar apontando para baixo) do facebook é igual ao sinal que os romanos faziam em arena para que executassem alguma alma em plena arena romana. 

domingo, 7 de junho de 2015

Monólogos de uma viajante




Sabe uma coisa que percebí nestes meus longos anos de "viajante"? 

Apesar de viver aqui em terras nipônicas como a tantos outros brasileiros dekaseguis ( termo utilizado para definir uma pessoa que viaja para longe a trabalho) , eu não me considero nem dekasegui e nem imigrante. Obviamente que no inicio , assim como a tantos outros brasileiros que aterrizaram em terras nipônicas em busca de trabalho por tempo determinado ( media de 2 a 3 anos) , eu também vim ao Japão com muitos planos na cabeça. 

Com o passar do tempo, a crise econômica,  questões de ordem pessoal ( familiar) ,e muitas experiências e vivências malucas ( tanto aqui ,quanto em outras terras) ,  fui ficando e deixando  de lado a principal razão que me fez atravessar o mundo. 

Para retornar ao nosso país de origem e recomeçar a vida do zero é preciso ter muita determinação e motivos reais para retornar. Não dá para brincar de ex-patriado sem ter consciência das consequências que trazem tal decisão. 

Uma das consequências é estar fora do mercado de trabalho, outra é deixar a deriva os laços sentimentais que nos unem ao nosso país. Familia , amigos ...lembranças. 

Com o passar do tempo percebemos que laços familiares não passam de "laços" , que se desfazem com o tempo caso você não o puxe do lado certo ( com as duas mãos) . 

Amigos , aqueles verdadeiros sempre entenderão a nossa  transição e as mudanças que ocorrem no nosso modo de ser e pensar após tal experiência de  viver um longo tempo inseridos  em uma sociedade totalmente diferente da brasileira. 

Quanto a aqueles amigos que nem eram assim tão verdadeiros, nunca conseguirão entender que já  não somos mais  os mesmos de alguns anos atrás, mas insistirão em nos  tratar como se nada tivesse mudado, nos causando um certo desconforto.  Impossível não mudar, o próprio tempo já se encarregará  de boa parte desta mudança. 

As lembranças, esta sim , com o tempo se transformam em saudades e em algum momento mais emocional nos impulsionará a retornar em busca daquilo que nos faz tanta falta vivendo em terras estrangeiras. A familia, a vida social, os amigos e tantas facilidades em poder expressar aquilo que pensamos na nossa lingua maē. Deixar de ser um semi-analfabeto em terras estrangeiras já é um grande alívio. 

Após tomarmos  consciência da  condição de não-dekasegui ( não mais) , e não-imigrante, vem aquela sensação de sem-pátria. Nem planos ( nem vontade) de regressar ao nosso país e nem planos de ficar o resto da vida em um determinado país estrangeiro para fincar raízes. 

Sem raízes , a vida se torna uma grande viagem em busca de um porto seguro. Em determinados momentos qualquer lugar parece servir, ao mesmo tempo, nenhum lugar parece ser o ideal. 

Por mais estranho que pareça, aquilo  que nos alimenta e nos impulsiona a seguir em frente é o tal friozinho na barriga de viver novos desafios em terras estranhas,  e a aventura de viver cada dia como se estivessemos em um pequeno barco à vela , à deriva.