domingo, 27 de novembro de 2016

A minha TPM de todos os meses




Todos os  meses  se repetem as mesmas sensações , em geral um dia antes da chegada do "Chicão". A barriga fica inchada, como se fosse um balão e tudo , absolutamente tudo me irrita. Meu humor se altera de um dia ao outro e não tenho vontade de falar com ninguém. Se eu falar, eu brigo.

O mais curioso que tenho observado são os pensamentos extremamente negativos que vem junto com a TPM. 

Nos ultimos dia a tv e os meios de comunicação tem anunciado muito sobre o ultimo terremoto ocorrido outra vez na mesma região onde ocorreu aquele grande desastre seguido de um tsunami. Não me importo mais com os noticiários e nem me desespero com os pequenos e frequentes abalos . Já me acostumei. Mas ontem me vieram em mente pensamentos meio macabros sobre a morte. Pensei na possibilidade de morrer se houvesse um proximo terremoto , e o pior, achei uma boa idéia. 

Nestes periodos de TPM parece que tudo aquilo que realizamos na vida com grande empenho , que seja fisico, emocional ou intelectual, vem a tona. Toda aquela  força e determinação necessária para vencer desafios na vida se desmorona sobre nós como se fosse uma avalanche. 

É nestas horas que percebemos "aonde" realmente aperta o nosso calo , e mesmo assim seguimos nos superando. 

Trabalhar por 12 horas direto , em pé , e com apenas uma hora de intervalo ( não remunerado)  requer muito esforço fisico e determinação. São 12 horas  de auto-flagelo.  As pernas  doem, as costas se ressentem, os pés queimam. Todo o seu corpo pede para parar , mas  você não para. Não pode parar , por míseros 100 dolares por dia. Você tem uma meta e deve cumpri-la. 

Em dias "normais" , tamanho esforço fîsico é até suportável . Aqui entra o meu caráter explicitamente Capricorniano , a determinação . Doa a quem  doer, ou doa aonde doer. Vou até o fim. 

Apesar desta minha determinação Capricorniana que vence terremotos, tufões, solidão, dores pelo corpo e todo tipo de privações, na TPM  as condições são bem outras. Quero morrer, ou quero matar.

A irritabilidade é tanta que não consigo nem olhar para os meus colegas de trabalho e desejar um "Bom dia" , como o faço todos os dias . Quero mais é que eles se F...

A vontade é de me enfiar em algum buraco e lá ficar quieta com os meus pensamentos pra lá de negativos . Nestes periodos a minha aura deve ficar cinza, sem dúvida alguma. 

Graças a Deus, como em um passe de mágica , chegando as regras , a irritabilidade vai diminuindo e os pensamentos destrutivos também. Fica apenas o mal estar fisico que representa pouco se comparado ao mal estar psicológico. 

Ainda não se comprovou cientificamente quais as verdadeiras origens da diversidade de efeitos que causam a TPM em cada pessoa. Sabe-se que são efeitos de alterações hormonais do periodo. Talvez haja uma ligação com a capacidade que cada pessoa tem de produzir seratonina  e endorfina mesmo estando neste periodo e a sensibilidade de cada uma. Algumas pessoas choram , outras se irritam . 

No meu caso, me irrito tanto que quero morrer. Simplesmente não suporto ninguém e nem a mim mesma. Não derramo uma lágrima de crocodilo e os pensamentos são em geral de uma qualidade péssima e por vezes empiedosos. 

Sabendo destas minhas flutuações mensais, sempre que sei que o dia se aproxima , eu procuro me isolar, assim não assassino ninguém , nem brigo com o chefe, nem peço demissão, e não chuto o pau da barraca em nenhuma outra situação. Já mudei inúmeras  vezes os rumos da minha vida em tais dias. Só falta matar alguém, esquartejar , enfiar numa mala e jogar os restos pela cidade. Assim, tipo Elize Matsunaga  . Lembram dela , a enfermeira que matou o marido e o esquartejou? Ela deveria estar em um dia daqueles. 

Nem o yoga tem me ajudado muito nestes periodos. Obviamente que ainda não incorporei o yoga no meu dia à dia, e a minha atitude mental ainda é de um não-yogue. 

Ainda não consegui vencer as minhas alterações hormonais. 

Enquanto vai se aprendendo. Tudo na vida se aprende quando estamos dispostos. A solução  para tais dias tem sido ainda  o silêncio e o isolamento. 




Como ser interessante




Certa vez , perguntei ao meu irmão como ele estava. E ele me respondeu que estava tudo bem e sem muitas novidades. Detalhe: Fazia mais de um ano que não nos falavamos , em função da distância e da falta de tempo.

Como uma pessoa pode não ter assunto após um ano distantes? 

Tive que tomar as rédeas da conversa e seguir perguntando sobre seu trabalho, sua esposa, seus cachorros , seus projetos de vida e etc, para que o assunto não morresse. Do lado de lá, nenhuma pergunta, além das respostas serem breves e previsíveis. 

Duas, três , tentativas à mais , e nunca mais me interessei por saber de sua vida. Também uma outra pessoa de minha famîlia tem o habito de apenas responder e esperar ser questionada sobre algum assunto , nunca partiu dela uma pergunta do tipo : Você está bem ?

Perguntar sobre o outro demonstra interesse. Os diálogos são feitos de perguntas, respostas e argumentações sobre o assunto em questão. Pessoas sem esta capacidade demonstram ser seres egoîstas, desinteressadas e desinteressantes , mesmo que esta não seja a sua intenção. 

Mesmo que estejamos vivendo uma fase da vida pouco glamourosa, sem grandes projetos e sem muita atividade social ( uma vida sem graça) . Saber falar sobre sí e o seu estado de ânimo pode ser o começo de uma boa conversa , que pode até surpreender o seu interlocutor, mesmo que a sua vida mundana esteja estagnada. Não vá encher o seu interlocutor de lamentações. Isto cansa qualquer um. Tenha bom senso para conduzir uma conversa interessante. 

Muitas pessoas tem esta dificuldade em "conduzir" conversações que para muitos pode soar como egocentrismo. A pessoa só enxerga o seu póprio umbigo e as proprias limitações do seu dia à dia. Ao mesmo tempo pode ser apenas uma dificuldade em se expressar . Existem as duas situações e as duas são muito chatas. 

Se o seu problema é apenas uma dificuldade de se expressar em palavras , leia mais. Aprenda a colocar força e expressão em suas palavras , solte a a emotividade . Não tenha medo de  se expressar e desligue o botãozinjo da auto-crítica. Seja você mesmo, seja original. 

Agora, se você é um egoísta e só enxerga a sí mesmo e não possui a capacidade de enxergar o outro , com certeza seus diálogos são verdadeiros monólogos , onde apenas um fala e o outro ouve. No final, ninguém se entende . Melhor falar sozinho olhando para um espelho. 

Nestas duas situações , apesar de serem condições diferentes, o assunto se torna muito chato para o seu interlocutor. Você se torna uma pessoa muito chata e desinteressante. Pior ainda é passar a impressão de descaso com esta atitude. 

Quer ser ouvido, saiba ouvir. Quer ser interessante , saiba argumentar . Não quer falar, seja educado. 

Em todas as situações , è preciso ter em mente que cada situação pede uma postura . E esta capacidade de entender cada situação tem muita relação com o bom senso e a inteligência emocional. 

Está sem assunto? Comente sobre o ùltimo livro que leu, comente sobre a beleza dos raios de sol adentrando pela sua janela. Está chovendo? Não faz mal, comente sobre o barulho da chuva que te convida a ir dormir. 

Aprenda a vislumbrar o mundo sob vários ângulos , e mesmo que sua vidinha de todo dia seja sem graça, a sua visão e compreensão sobre a vida será sempre muito interessante. 

Para ser uma pessoa interessante é preciso ter visão e interesses variados( curiosidades ) , e o principal : interessar-se pelo outro. Ao menos por educação. 


terça-feira, 22 de novembro de 2016

Mundo virtual




O quê você faria se desse um apagão na internet , e  ficasse muitos meses sem a comunicação virtual?
Já parou para pensar como seria a sua "nova" rotina?

Já fiquei por mais de 10 dias sem internet em função de mudanças residenciais. Confesso que a solidão e a ansiedade me consumiram totalmente. É nestas horas que percebemos o quanto estamos sozinhos, e o quanto somos dependentes e até viciados em checar mensagens. 

O mundo mudou após a explosão da internet, e muito. A internet veio para falir a industria impressa. Eu nunca mais comprei jornais e revistas, por exemplo. 

Havia um tempo , aqui em terras nipônicas , que as lojas de departamentos faziam verdadeiros saldões de CDs encalhados, do tipo , musicas clássicas , ou musicas que marcaram uma década. Pois é, nunca mais vi estes saldões nas lojas. Eu tambèm me desfiz de walk mans para CDs e outros trambolhos . Hoje possuo apenas algumas musicas no meu net book e um MP3 . 

Cartões telefônicos para chamadas internacionais? Estes tiveram vida curta , depois que inventaram o messenger, o Skype , e o whatsapp . Confesso que tive um "up" nas minhas economias quando deixei de gastar com livros, revistas, jornais , CDs, e chamadas internacionais.

Filmes ? Nunca mais aluguei filmes . Existem locadoras de filmes ainda?

Quanta mudança , não é verdade?

A internet sem duvida alguma trouxe muita praticidade para as nossas vidas. Trouxe muita informação e a liberdade de navegar por onde quisermos  . Nos livrou do monopólio da Rede Globo e da falta de criatividade da Tv aberta. Hoje não sofro nenhuma influência ( direta ou indireta) de modismos lançados em novelas e nem tão pouco de notícias anunciadas por um determinado canal de tv. 

Muitos habitos se modificaram com a chegada da internet , e como tudo na vida , com os seus prós e seus contras. 

Não tenho mais o habito de telefonar para ninguèm, apenas checo mensagens e me comunico por escrito atravès do messenger ( não tenho whatsapp) . Não tenho mais curiosidade em saber por onde andam os amigos . Eles postam  a cada minuto no facebook , fotos de onde estão , e até o trajeto que estão fazendo. Perdi um pouco a curiosidade e a saudade de rever e saber sobre amigos distantes. Aquela sede de novidades pelo fato de estarmos fisicamente distantes " se fué" . 

E as novas amizades? 

Estas ficaram bem prejudicadas . O senso crítico aumentou , e jogar conversa fora com alguém que sabe menos do que o "Google" se tornou uma chatisse. 

Tá com dor nas costas? Precisa de uma ajuda para ir a algum lugar? Quer saber onde , quando e como acontecem as melhores baladas noturnas? Receita de um prato específico? Calos nos pés? Queda de cabelo? Problemas hormonais? Viagens ? Como curar colica de bebês? Variações do dolar? Notícias frescas e atuais sobre o que ocorre no mundo?

Pergunta pro Google.

Qual amigo ou amiga sua è tão bem informado quanto o "Google"? Não dá para comparar. Ao mesmo tempo é preciso saber  manter aqueles velhos amigos ou parentes que nem são tão antenados assim. Os assuntos são chatinhos, mas os contatos são necessários. Praticamos a paciência. 

Com todas estas mudanças de hábitos , percebo que a minha necessidade de estar com "gente " ao vivo diminuiu um grau. Ou perdi a paciência ( precisando praticar) ,  ou fiquei mais seletiva. Sei lá! Não que eu não queira fazer novas amizades e aprender com elas. Na verdade sinto falta de gente que me ensine algo novo. 

Não sei mensurar se isto é bom ou ruim. Por um lado me vejo mais auto-suficiente, podendo me virar nos 30 em qualquer situação de uma forma mais desapegada , ao mesmo tempo me vejo mais anti-social , refutando as interações mais superficiais. Aquelas que não acrescentam nada, nem conhecimento e nem emoções verdadeiras. Tambèm ando refutando os "mimimis". Cada um que se resolva à sua maneira. 

Dentro de todo este quadro, sinceramente não sei dizer se me posiciono de forma adequada , ou se esta é uma época de grandes viradas para a humanidade como um todo. Prefiro acreditar que o mundo está  passando por uma fase de transição , e que amanhã seremos seres mais sábios, mais conscientes e desapegados de valores antigos e obsoletos que já não servem mais. 



segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Coisas corriqueiras in Japan



Hoje pela manhã ocorreu um outro terremoto de magnitude 7.3 naquela mesma região onde ocorreu o tremor de magnitude 9 , seguido de um tsunami de 14 metros ha 5 anos atrás. 

No momento do terremoto eu estava dormindo e como o tremor foi na zona de Fukushima , eu nem percebi. Pra dizer a verdade, ontem a tarde senti a minha arm-chair balançar um pouco, mas como ela sempre balança quando passa um caminhão na avenida , nem me importei. 

Para quem nunca sentiu um terremoto é meio desesperador sentir a terra tremer , mas para quem já viveu todos os grandes terremotos dos ultimos anos em terras nipônicas, è apenas mais um. 

É curioso como o ser humano se habitua a absolutamente tudo nesta vida. Talvez hoje eu possa entender a calma e o pouco caso que muitos japoneses fazem destas ocorrências "corriqueiras" . 

Os tremores de terra já fazem parte da vida dos japoneses , já faz parte da paisagem. É como se eles aceitassem que a natureza é assim , impetuosa , e não há nada para se fazer senão conviver com ela. 

Acho que estou ficando um pouco japonesa também. Aceito este país com todas as suas fúrias naturais sem fazer grande alarde . No meu entendimento , ainda é melhor correr o risco de travar uma batalha contra a natureza e perder, do que correr o risco de perder a batalha da vida para um assaltante armado qualquer. 

Os prós e contras da vida!

Namastê!

domingo, 20 de novembro de 2016

Lei da atração

 


Já comprovei por várias vezes que esta tal "lei da atração " existe. Basta apenas estarmos conectados com o universo para que as coisas aconteçam. Pois bem, parece muito fácil mas não é bem assim. 

A chave para conseguir atrair amor , dinheiro , entre outras coisas , está no nosso estado de espírito. E quem é que consegue estar sempre bem e verdadeiramente positiva 24 horas ? 

Falando de forma mais clara e objetiva, a fórmula para atrair coisas boas para a nossa vida é a fé. Não estou aqui falando de fé religiosa , é fé em nós mesmos. 

Uma vez quando questionei uma colega de trabalho se ela tinha fé em Deus , ela me respondeu que tinha fé em Deus , mas não tinha nela mesma. What???

Como pode uma pessoa ter fé em Deus se não tem fé nela mesma? 

Existe uma diferença entre ter fé em sí mesma e ter fé em uma segunda pessoa , ou ser divino. Na minha opinião é uma forma de transferir a capacidade que temos de realização e transformação para um outro "alguém" mais capaz do que nós mesmos. É como delegar a fé, e fé delegada não funciona. 

É como aquela frase que sempre dizemos , até meio que automaticamente: - Se Deus quiser , Ele vai permitir!

Esta frase deveria ser : - Se "eu" quiser, Deus vai permitir!

Muitas coisas que acontecem, ou que deixam de acontecer em nossas vidas está muito ligada ao nosso estado de espírito. Emanamos as nossas inseguranças e os nossos medos 24 hs , mesmo estando de boca  fechada , ou quando tentamos verbalizar ( fingir) com palavras e atitudes que não vem da alma. O universo só entende aquilo que vem da sua alma, aquilo que você realmente está sentindo e emanando. 

Coisas incríveis podem acontecer quando estamos verdadeiramente conectados com aquilo que sentimos. Se você  está em uma fase meio "down" e não quer saber de estar com muita gente a sua volta , aos poucos é isto que o universo irá  te oferecer. Se você está  em um periodo de animação contagiante por algum projeto de vida , o universo irá  responder da mesma forma, colocando em seu caminho pessoas e acontecimentos que contribuam para a realização de seus sentimentos . Observe a diferença entre sentimento e desejo. Desejar todo mundo deseja, sentir é fé. 

Depois de entender esta diferença entre "sentir" e "desejar" , conseguimos ter mais consciência  sobre tudo aquilo que pensamos e manifestamos para o universo . Com esta ferramenta podemos atrair muitas coisas para as nossas vidas. Porém....Sempre existe um porém. 

O processo de atração( apesar de demorado)  pode ser concluido positivamente, trazendo muitas alegrias, riquezas , amores e todo aquele bem estar que queriamos atrair  para as nossas vidas, mas a segunda etapa consiste em "manter" aquilo que conseguimos atrair. Disto, ninguém fala nos videos e textos sobre a Lei da Atração , né mesmo?

Com a minha experiência posso afirmar que a Lei da atração existe . É o resultado de um "up" que fazemos em nosso estado de espírito , abrindo portas que antes estavam fechadas em nossas vidas. Atraimos acontecimentos incríveis. Porém, a nossa alma ainda pequena não estava habituada a tantos acontecimentos e não conseguimos administrar tudo de forma equilibrada. Entra aí , a segunda fase da Lei da Atração:  o equilíbrio para   manter em nossas vidas tudo aquilo que atraimos. 

Ah, você não tem equilibrio emocional? Tem muitos altos e baixos emocionais? Então esqueça a Lei da atração ( por enquanto) e dedique-se ao seu "eu" interior . Faça reformas em sí mesmo, antes de querer atrair acontecimentos e pessoas que "ainda" não cabem em sua vida. 

Atrair é relativamente fácil, manter é o grande desafio. 


Namastê!

terça-feira, 15 de novembro de 2016

Produtos Daiso e decoração



Este deve ser o meu quinto ou sexto apartamento em terras nipônicas. Nem sei mais em quantos locais eu vivi. 

Com esta vida nômade , nem dá pra ter muitos objetos pessoais, portanto reduzi a minha vida em duas malas e algumas caixas. A cada nova moradia eu vou comprando alguns objetos de utensílio doméstico e móveis em lojas de usados. A decoração , esta fica totalmente por conta das lojas de 100¥ , ou seja o 1,99 do Japão. 

As lojas que eu costumo comprar utensilios domésticos , artigos para decoração e até alguns produtos alimenticios são a Orange, Seria e Daiso. 

Todas as vezes que refaço o meu cantinho acabo sempre optando pela cor vermelha. Não sei de onde vem esta preferência , já que nem gosto muito da cor. 


Todos os artigos das fotos abaixo foram adquiridos em lojas de 100¥ shop. Inclusive as plateleiras. Pratico não?





Voltando do além



Hoje decidi escrever sobre as dificuldades que todos nós passamos pelo simples fato de estarmos fisicamente distantes do nosso país. A primeira dificuldade é sem dúvida a saudade da família e dos amigos. 

Quando a empreitada em outro país tem tempo de validade, no caso um contrato de trabalho por tempo determinado, ou um intercâmbio, a saudade pesa mas nem tanto. Sabendo que existe uma data pre-determinada para o nosso retorno fica mais fácil sossegar o coração e manter os contatos familiares e profissionais. Porém, quando não existe um prazo, ou seja, a pessoa imigrou ( emigrou?)  para outro país definitivamente , e só volta de dois em dois anos de férias, aí a situação é bem diferente. 

Certa vez , assistindo a um video no youtube de um casal que imigrou para o Canadá hà mais ou menos 6 anos , compreendi que a minha situação com relação à familia e amigos que ficaram no Brasil não era tão diferente da deles. Hoje, após 6 anos de Canadá , eles já estão bem estabilizados e com um casal de filhinhos (canadenses) lindinhos. 

Em um dos videos , o marido que é o mais extrovertido e desbocado disse uma grande verdade sobre  as relações de ex-patriados que  vão se transformando com o tempo e a distância . 

- É como se nós tivéssemos morrido . Disse ele.

Este comentário (em video) teve a interrupção de sua esposa , que é o inverso dele, muito mais comedida. Mesmo assim, ele continuou reforçando a sua opinião, dizendo que na primeira viagem (de férias) ao Brasil com os filhos recém nascidos, tudo era novidade. Passados alguns anos , a novidade já havia passado e a recepção de amigos e familiares já não era mais tão calorosa. Nem tão pouco a saudade. Até mesmo para eles , ex-patriados, a saudade já não era tão dolorosa assim como da primeira vez que haviam retornado. 

Quando eu ouvi este comentário fiquei meio chocada. Como assim, como se tivessemos morrido?
Aos poucos compreendi que a nossa ausência física é como a morte . As pessoas ,com o tempo , se acostumam com a nossa ausência e guardam  para sí apenas lembranças. 

Não fazemos mais parte da rotina de nossos familiares, e nem eles das nossas , e a nossa participação em suas vidas se converte em apenas algumas datas especiais. Assim como os mortos, somos lembrados apenas no Natal e nos aniversários. Vale salientar que o mesmo ocorre com a gente , estando do outro lado do mundo. Por mais que usemos os meios de comunicação existentes para nos mantermos conectados , nós já não fazemos mais parte da rotina do dia-a-dia. Nenhum café da manhã com os pais, nenhuma saida ao shopping, nenhuma conversa mais intima e sem hora marcada. Nenhum cheiro. Triste admitir, mas já não fazemos mais parte da paisagem local. 

Todas as vezes que regressei ao Brasil senti muitas dificuldades em resgatar minhas relações familiares. Familia de japoneses , meio frios e distantes. Nem todos, mas a maioria. 

Em cada retorno eu voltava renovada, com um novo espirito e vivências para compartilhar com a minha familia e amigos que deixei do lado de lá, porém, a reação de todos me desanimava conforme os dias iam se  passando. Todos me tratavam como se eu ainda fosse a mesma pessoa, e muitos me cobravam atitudes passadas que já não cabiam mais em minha vida de ex-patriada. Era como se alguém tivesse apertado a tecla "pause" do lado de lá, e eu continuei no "start". 

Minha filha nunca me perguntou sobre as minhas vivências do lado de cá , e eu nunca mais a questionei sobre seus medos e experiências da vida adulta do lado de lá. Paramos no tempo . Ficaram as lembranças e as cobranças de um tempo que não volta mais. Um amigo de longa data que eu ainda mantinha contato por email, estranhou a minha nova visão sobre o mundo e a minha paixão por países e costumes europeus. Ele não compreendia o meu desapego em relação a minha familia e ao meu país. Ele também havia apertado a tecla "pause" e não cabia em seu entendimento que um ex-patriado necessita se desapegar para não sofrer , seguir em frente e viver novas experiências. 

Percebi então, que não fazia mais parte da vida de ninguém, e que aquilo que havia restado eram apenas as lembranças de tempos passados , assim como os mortos que regressam em espirito. Se é que isto é possivel?

Duro de aceitar? Em muitos casos a situação é bem esta, ex-patriados que regressam como mortos, ou divindades de um espaço e tempo diverso. Retomar os relacionamentos e fazer parte da paisagem local leva tempo . Mesmo que regressemos em definitivo ao nosso país após vários anos , o resgate deste tempo perdido no tempo terá um outro formato. Nunca mais seremos os mesmos. 



segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Insights da maturidade



Como viver bem sozinho ( a) na maturidade? Este foi o insigth que tive hoje ao acordar de manhã. 
Fico sempre tentando me deparar com estes insigths que na maioria das vezes são reveladores e inovadores para o meu autoconhecimento. 
Pode - se ser feliz e realizado vivendo a plena solteirisse na idade madura? Sim, é possivel. Á partir do momento em que paramos de projetar ideais que não nos satisfazem completamente e assumimos as nossas vidas tal qual ela se apresenta. Não é comodismo, não confunda. 

Há mais ou menos 10 anos que vivo "provisóriamente" , sem uma residência fixa e pior ainda , sem um país fixo. Quanto tempo perdi em pensar que tudo aquilo que eu estava vivendo era provisório. Planos e mais planos a longo prazo , ideais de vida que eram apenas ilusões de uma mente que ainda não tinha encontrado o seu verdadeiro norte. 

Percebi em meu insigth matinal que tudo aquilo que eu perseguia enquanto "provisória" na vida, não era nada daquilo que eu realmente desejava para mim. Fazia planos , os viabilizava , começava a construir uma história , mas não conseguia me visualisar como protagonista desta história . Tinha apenas um "ideal" que deveria ser alcançado custe o que custar . Poderia até dizer que esta falta de visão futura era puro medo do desconhecido . Medo de conquistar e de perder. Medo da constância , e então , justificava o meu status quo provisório projetando imagens e ideais que seriam "confortáveis"  e ideais para a grande maioria das pessoas. 

Esta aí a resposta para esta vida nômade ,provisória e solitária que não tem fim hà mais de 10 anos. Falta de visão futura . Uma coisa é fazer planos , outra bem diferente é nos visualizarmos  satisfeitos lá pra frente sem prejuizos para o hoje. Afinal, a nossa vida acontece "hoje" e não amanhã. 

Percebo muitas faltas no meu hoje, a começar pelo meu apartamento "provisório" sem um sofá , uma televisão , um bichinho de estimação e uma decoração que seja a minha cara. Coisas que sinto muitissima falta , mas que estavam engavetados nesta minha vida"provisória", junto com aquela motoneta 50 cc que facilitaria muito a minha vida . 

Quanto aos relacionamento afetivos...também me veio um insigth. Passei mais de 10 anos idealizando um "alguém" . Claro que tenho lå as minhas preferências e sou daquelas que prefere estar só do que mal acompanhada, mas o fato é que eu até encontrava estes ideais personificados na vida real, porém não  conseguia me visualizar vivendo uma relação prática ,estável e comum ao lado de absolutamente ninguém. Neste insight descobri que na realidade estava projetando ideais que nem eram a minha "vibe" , apenas aquilo que jå era conhecido e coloquial . Não tinha idēia de como viver um relacionamento que fosse a minha cara sem tender para o convencional. Fato que me desagrada tremendamente, os relacionamentos a dois convencionais. Percebo que a culpa por não viver relacionamentos satisfatórios ē a minha propria incapacidade de construir um relacionamento à minha maneira sem pender para os modelos convencionais e me deixar imfluênciar pelo outro. Daí a minha insatisfação generalizada.

Depois destes insigths reveladores da minha vida prática , do meu presente, tudo ficou muito mais claro. Compreendi a necessiade de viver o meu hoje sem dar muita ênfase para o amanhã, sem adiar aquilo que é urgente . 

A parte mais complicada depois de tais revelações , é a de encarar os nossos medos , a preguiça, e o conformismo para realizar mudanças pråticas em nossas vidas de forma ordenada sem contar com a ajuda de ninguém. Só Deus!

Seria mais fãcil se alguém me ajudasse? Sim, seria, mas o "hoje" não espera , e o amanhã pode ser tarde demais. 


Aquilo que construimos "hoje" é a nossa ponte para o amanhã. Sem o hoje , o amanhã não se realiza. Não podemos esperar sermos  felizes no " amanhã" , quando finalmente conseguirmos  comprar a casa própria, encontrar o amor da nossa vida, ou ganhar na loteria. O hoje pede pressa , o amanhã é apenas consequência.

Então, o que temos para hoje? 


sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Speaking alone



Desde pequena tenho o hábito de falar sozinha, ou melhor dizer, resmungar sozinha. Todo bom Capricorniano rumina . Por um tempo achei que eu era anormal por ter esta mania de falar sozinha. 

Um belo dia , na aula de Ciências , ainda no primeiro ano do ginásio, surgiu um assunto sobre alguém que falava sozinho. Todos começaram a rir , então a professora de Ciências se levantou e disse: - Não há problema algum em falar sozinho, é até muito benéfico para a dicção. Depois desse dia eu me convenci de que falar sozinha era uma coisa normal . Desatei a tagarelar sozinha , sem culpas, mas sempre quando estava sozinha em casa no meu quarto, nunca na frente de outras pessoas...of course.

O tempo passou, continuei com este hábito de falar sozinha mesmo depois de adulta, mas de forma moderada. Normalmente começava a resmungar sozinha quando ocorria algo que me desagradava. 

Quando recém cheguei em terras nipônicas vi muitos loucos falando e rindo sozinhos pelas ruas, sem nem se importarem se estavam sendo vistos por alguém ou não. Sim, eu uma ruminadora inveterada os julguei como "loucos" . 

O tempo foi passando, e esta vida solitária em terras estrangeiras acaba mexendo com a gente. Tenho sempre o habito de rezar enquanto saio de bicicleta para o trabalho. Se eu não faço a minha oracãozinha antes do trabalho parece que falta algo. Porém, na volta eu não costumo rezar. Pior, começo a falar e a rir sozinha. 

Então , me lembrei daqueles japas que eu julguei como loucos que falavam e riam sozinhos pelas ruas . Mas será que eu estou ficando louca também? 

Talvez eu esteja em um nivel menor de "loucura" , nivel 1 ? Eu ainda me importo se alguém está me observando. Finjo que estou tossindo, cantando , sei lá, ou falando ao celular com fones de ouvido, sem fones. 

É nestas horas que eu percebo o quanto a minha mente não para. Melhorei muito depois que comecei a escrever . Acredito que cerca de 50% das coisas que eu costumava falar ( tagarelar) já não falo mais. Não sinto mais aquela  necessidade de ser ouvida ou compreendida tão frenéticamente como antes. Hoje penso, pondero e filtro minhas palavras. Isto não quer dizer que deixei de pensar. Se assim o fosse, eu não estaria falando sozinha enquanto pedalo a bicicleta , não é mesmo?Além do mais , percebi que a frequência é maior quando estou pedalando.

Li em um site que falar sozinho é sinal de genialidade, mas falar alto enquanto se caminha sozinho na rua pode ser sinal de alguma patologia. Ainda não cheguei neste nivel de falar alto enquanto caminho sozinha na rua, então prefiro pensar que me encaixo na primeira opção. 

"Escrevo para não falar sozinho " - Cazuza. 


quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Rejuvenescendo no inverno




O frio està chegando com os seus ventos gélidos que chegam a craquelar a pele , criando até algumas ruguinhas ao redor dos olhos por ressecamento. Graças a Deus, descobri o óleo de oliva da DHC para proteger a pele contra o ressecamento provocado pelo frio. Além dele, uso também o óleo de rosa mosqueta , alternando -os durante o dia e a noite. Estes óleos além de proteger a pele contra o ressecamento ajudam a manter a pele sempre macia e hidratada. Até a maquiagem fica mais facil de passar, principalmente para espalhar o corretivo nas olheiras. 

Além dos óleos , à noite antes de me deitar unto os lábios e as maçãs  do rosto com hipoglos e durmo com a mascara de vitamina C da Kosè , que contem 8 tipos de aminoácidos e ajuda a clarear e hidratar a pele . Apesar da sua principal função ser a de clarear a pele e dar mais luminosidade, tenho notado que esta máscara ajuda a reduzir as marcas de expressão. Provavelmente porque os seus componentes ativos devem hidratar profundamente a pele. Eu amei! Não vivo sem!
Uma embalagem vem com 5 máscaras e custa cerca de u$ 3,50 . Existem outras composições com Q10 , colágeno , entre outras que ainda não provei. Vou prova-las. Por enquanto estou satisfeitissima com os efeitos e o preço da máscara de vitamina C. 


quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Elegância




Dizem que a educação de uma pessoa é questão de berço. Eu particularmente discordo. Você não precisa necessariamente ser bem nascido para aprender a se comportar educadamente em todas as situações. É muito mais questão de percepção. Cada situação , ou ambiente pede uma postura diferenciada e cabe a você perceber seus erros e gafes para não comete-los mais no futuro. 

Agora vamos falar de elegância. A elegância também está indiretamente ligada a educação de cada um, independe de berço. Porém, vale ressaltar aqui que existe uma diferença entre a elegância natural e aquela que é resultado de cuidados que só o dinheiro pode nos oferecer. 

Não é preciso estar impecavelmente maquiada, penteada e vestida com as melhores grifes para ser elegante. Muita gente exagera na busca por um visual elegante e acaba mostrando um visual "brega". 

Ser elegante é estar de jeans e camiseta , e mesmo assim passar uma impressão natural de cuidados consigo mesma. A pessoa elegante tem um charme natural que exala pelos seus poros e sempre será notada , que seja por seu comportamento discreto , que seja pela sua aparência e cuidados . Não é vaidade, a pessoa elegante respeita a si mesma e aos outros. Portanto, ela nunca se apresentará desleixada para um compromisso . A pessoa elegante possui em particular um certo bom gosto na medida certa e uma visão privilegiada de formas e cores. Toda pessoa elegante tem uma certa veia artistica. 

Astrologicamente falando, o ascendente em signos regidos por Vênus ( a deusa do amor e da beleza) também contribuem muito para passar uma impressão de elegância e beleza natural, mesmo que a pessoa não seja lá uma top model. 

Apesar de crer que a  elegância é uma qualidade inata de poucos, podemos aprender a ser elegantes mudando comportamentos e reaprendendo a nos comportar e a nos apresentar para o mundo. Para tal , o ingrediente principal è o amor próprio. Nenhuma mudança radical pode ser atingida quando não    acreditamos que merecemos o melhor que a vida pode nos oferecer. 

Ser elegante não é apenas saber se comportar , ou se vestir de forma adequada para agradar aos outros e receber elogios que inflem o nosso ego. Ser elegante é respeitar a sí mesma  independente de opiniões e modismos. É ser original sem ser vulgar . É ter bom gosto e poder de percepção para compreender cada situação. 


Friozinho chegando


           Monte Fuji- san - Shizuoka-ken - Japan - Patrimônio mundial da Unesco


Cerca de 8 graus, o Outono japonês está no seu auge. Friozinho pela manhã , calor fresco durante o dia e aquele ventinho gelado no final da tarde. As estações do ano japonês são muito bem definidas , na virada do dia 20 de Setembro para o dia 21 , já sentimos uma lufada de vento fresco que anuncia a chegada do Outono. Para nós brasileiros o Outono japonês mais se assemelha ao nosso Inverno , e muita gente desavisada nem percebe que  estamos em pleno Outono e que o Inverno está ainda por chegar. 

Assim como as estações do ano se modificam, minhas percepções e o meu ânimo também as acompanham. Apesar de achar o Inverno japonês "chique" , assim como o europeu, onde as pessoas sacam de seus armários as suas vestes mais elegantes de inverno, com suas toucas, echarpes , chapéis de todos os estilos , casacos e coats .  Existe uma diferença visual entre o inverno japonês e o europeu. 

O inverno japonês ( em algumas regiões) é mais curto em relação ao inverno de algumas regiões européias. Aquilo que se nota nitidamente também , é a elegância dos europeus nesta estação. Já os japoneses não tem esta fama , a elegância dos japoneses está apenas em suas vestes invernais ( mais precisamente em Toquio) e não no estilo de ser e viver as estações mais frias do ano com elegância. A elegância não é uma marca japonesa, salvo algumas exceções , de gente endinheirada com suas bolsas de grife desfilando  pelas cidades grandes. Japonesas adoram bolsas de grife. 

Quanto aos ânimos japoneses durante as estações mais frias do ano, talvez nem sejam muito diferente dos meus . Eu costumo dizer que quando o inverno vai chegando , o meu coração vai ficando pequeno, se encolhendo para se proteger do frio, e a hora mais aconchegante do dia se resume em estar debaixo das cobertas. Se eu pudesse , hibernaria o inverno todo para apenas despertar na Primavera , junto com as flores de Sakura.

Frio no calcanhar, nas pontas dos dedos e na ponta do nariz. Mesmo estando em casa com o aquecimento (ar condicionado) ligado , não dá para estar de chinelos ,sem meias dentro de casa. Alguns apartamentos japoneses são muito antigos ( no caso o meu) , e parecem ter frestas por onde os ventos invernais passam , congelando paredes , piso e armários. O sistema de aquecimento das casas japonesas não é como o europeu . Aqui se usa o ar condicionado , os aquecedores a querosene ( cheiro horrivel) ou os aquecedores elétricos. O calor fica sempre concentrado em apenas uma parte da casa . Enquanto o quarto está quente , a cozinha está gelada . Não percebi tamanha diferença de temperatura em casas européias , por mais que elas fossem grandes e com piso frio. Em compensação , dentro dos trens é aquele calor abafado e exagerado que quase não se respira.

A vantagem do inverno japonês, pelo menos na região onde eu vivo , é que chegando o inverno o céu se mantem limpo, azul e ensolarado. Menos mal, assim eu me animo a sair da toca e apreciar o espetáculo do por do sol japonês. 

Hoje o céu amanheceu nublado. Abro a janela e sinto aquela corrente de ar gelada , nem dá vontade de sair , mas a vida segue e apesar dos animos em baixa é preciso sair às compras de supermercado.  Se o vento contra me permitir  e não começar a chover , quero ver se encontro um par de botas bem confortáveis para enfrentar o inverno que se aproxima já na proxima semana. 

Ânimos encolhidos com o prenúncio do Inverno . Provavelmente o meu Sol deve estar se aspectando com alguma casa pra lá de introspectiva ( casa 12) , e se somos realmente parte deste macrocosmos , nada mais natural do que invernar um pouco a alma. 


terça-feira, 1 de novembro de 2016

É karma




Já ouviram dizer que quanto mais fugimos de uma pessoa ou situação mais se tornam presentes ?
Só pode ser karma, algo que veio para nos ensinar  a visualizar e entender tal pessoa ou situação de uma outra maneira. Mais sábia, quem sabe?
Desde pequena eu odiava o jeito autoritário, machista e totalmente parcial da mentalidade japonesa de meu falecido pai. E onde é que eu vim parar para pagar meus karmas? No ninho dos comedores de miojo . No âmago da sociedade vertical, onde a hierarquia é bem definida e não adianta querer tentar pular do nivel mais baixo dessa tal hierarquia para o alto. A queda pode ser desastrosa. 

Aqui na terra do Sol nascente , existem regras muito bem claras na sociedade que  devem ser respeitadas . Se o seu chefe te diz algo, você deve apenas dizer : Hai! Um "sim" respeitoso e obediente. Detalhe: mesmo que ele esteja errado e que você não concorde com ele , deve sempre dizer : Hai! De preferência com a cabeça baixa. Se você teve uma idéia genial para melhorar o trabalho e poupar tempo , mas o seu chefe não concorda, nem tente argumentar. Engula a sua idéia e a guarde para usa-la quando estiver em terras tupiniquins, onde é mais bem visto um funcionário com pro-atividade. Em terras nipônicas pro-atividade é sinal de desrespeito com o seu superior . Quem manda é ele , não você. 

Submissão total é a palavra chave . Bom funcionário é aquele que se submete ao seu superior sem restrições. 

Para nós brasileiros, o melhor a fazer é nem se relacionar muito com os japoneses no trabalho, talvez até não dominar a lingua seja a melhor opção. Não respondemos impetuosamente quando não sabemos falar e nos limitamos ao "Hai". 

Karma dos meus karmas. Quanto mais quero fugir de tamanho autoritarismo japonês , mais me vejo cercada por eles. Sempre tem alguém querendo me dizer o que è certo e o que é errado , o que devo fazer e o que não devo fazer de forma injusta e prepotente.

My God! Será que o meu karma é aprender a ser submissa e não ter opiniões ? 

Se este é realmente o meu verdadeiro karma em terras nipônicas, creio que vou leva-lo para a outra vida. Dificil aceitar aquilo que é injusto com base em graus hierárquicos . 

Seria um desafio para através da submissão atingir um certo grau de humildade?

Se assim for, entrei na escola mais rigorosa que alguém poderia ingressar, a terra dos samurais. Por outro lado  , o rigor nos auto-disciplina . Disciplina, submissão e humildade, esta deve ser sem duvida alguma a minha liçào karmica aqui em terras nipônicas.