domingo, 2 de junho de 2019
A meia idade
Para quem já chegou na fase dos "enta", aquela que a gente entra e não sai nunca mais , sabe o quanto é difícil se desapegar de valores que tinhamos no passado. De certa forma somos naturalmente "forçados" a nos adaptar à nova fase.
Ontem me encontrei com uma amiga que conheci em Hamamatsu, ela já passou dos sessenta anos , e justamente era o dia de seu aniversário. Na verdade nem estava com vontade de sair , mas pensei comigo : - Porque não fazer uma pessoa um pouco feliz? Fui ao encontro e ainda levei um presentinho pra ela.
Foi bem agradável a nossa conversa . Falamos sobre as nossas dificuldades aqui no Japão , os sonhos , planos para o futuro. Mas o que pegava sempre no meio da conversa era a tal da "idade" . Mesmo que não fosse a intenção , a conversa sempre pendia para a questão da idade. Não é questão de ser pessimista com a propria realidade , mas existem os ciclos da vida que passam , e pedem uma nova postura. Não dá mais para fingir que o nosso corpo e os nossos neurônios funcionam como hà dez ou vinte anos atrás. Não dá mais para ter a mesma vaidade dos vinte ou trinta anos. Nem tão pouco esperar que muitas portas se abram . É uma fase em que nós mesmos devemos abri-las com muita consciência. Não dá mais pra brincar de "cabra-cega".
É uma das fases mais "complexas" que estou vivendo , sem duvida alguma. Muitas portas começam a se fechar e a única alma que insiste em bater a nossa , é a tal da Dona realidade. Dá até um certo desespero em pensar que já vivemos tanto , mas ainda falta muito à ser vivido. Não como antes , mas atendendo as nossas necessidades do presente , sem ignorar o futuro. Ahh, o futuro, este assusta nesta fase dos "enta" . Não há mais tempo para cometer erros de escolha.
Nesta complexidade dos "enta" , alguns sonhos devem ser definitivamente enterrados , outros renovados ou adaptados . O perigo nesta fase é o de acabar enterrando todos os nossos sonhos , e o resultado de tal escolha não será outro do que a estagnação. Sim, é muito fácil estagnar a própria vida nesta fase. Potanto, o bom senso ainda é o nosso melhor parceiro de vida.
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