quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Vida no Japão


                                                  My bicycle in the beach 


Quando eu vivia em São Paulo eu não suportava ter que acordar as 5:00 da manhã , pegar ônibus , descer no Largo do Paissandu ( centrão de São Paulo) pra pegar o onibus fretado da Yamaha rumo a Guarulhos, as 7:00 hs da manhã. Algumas vezes cheguei a perder o fretado por questão de minutos. Era um sufoco chegar até o meu trabalho todos os dias. Nem quero lembrar de como era pra  retornar pra casa no final da tarde. Às vezes ficava presa no transito da Avenida 9 de Julho e só chegava em casa as 21:00 ou 22:00 hs.

O trânsito de São Paulo simplesmente me enlouquecia. Não via a hora de poder me mudar mais para o centro da cidade onde haviam estações de metrô, ou me mudar pra uma cidadezinha do interior onde tudo fosse perto. Tudo para fugir do trânsito de São Paulo.

Como eu não conseguia me mudar de casa e nem de cidade, decidi comečar a trabalhar em Shopping centers . Tudo para evitar o transito de São Paulo que me enlouquecia . Entrava as 10:00 hs da manhã , ou as 13:00 hs da tarde, assim evitada ficar horas parada no trânsito. Perfeito! Só que não!

Trabalhar em shopping center era maravilhoso. Adorava aquele ambiente , pessoas bonitas e ambiente climatizado 24 hs . O unico inconveniente de trabalhar no comércio é que nunca tinha os finais de semana livre. Enquanto meus amigos saiam pra uma happy hour à noite, eu estava ainda trabalhando, ou quando a familia se reunia no Revellon , eu estava fechando o caixa e fazendo o balanço da semana. Passeis muitos revellons sozinha, no meio do transito de São Paulo, geralmente no contra-fluxo.

A minha rotina aqui no Japão é terrivel: todos os dias a mesma coisa. E pior, trabalhando em três turnos semanais. Há dias que não sei quando é dia e quando é noite. Perco totalmente a noção dos dias da semana. Na verdade nem faz muita diferença saber . Minhas folgas não tem dias fixos, e por consequência disto, acabo sendo esquecida pelos amigos. As vezes eu mesma os evito pela falta de tempo livre para repousar . Dois dias de folga na semana é algo raro, portanto, aproveito ao maximo  pra repor as energias e resolver alguns assuntos pessoais.

Apesar da rotina do Japão me enlouquecer tambèm. Existe uma diferença entre enlouquecer no transito de São Paulo e enlouquecer com a rotina das cidades pequenas do Japão.  Aqui não existe stress no trānsito. Aliàs, nem existe transito pra mim hà anos, eu ando de bicicleta por todos os lugares. Fačo absolutamente tudo de bicicleta . Vou ao mercado, a praia, a prefeitura, e ao trabalho de bicicleta. Volto todos os dias para almoçar em casa, são apenas 5 minutos que gasto do trajeto da minha casa ao me trabalho.

Stress no trânsito? Nem sei mais o que é isto!

Acredito que 50% da minha neura adquirida em anos de transito engarrafado na cidade de São Paulo foram literalmente eliminados . Amo o silêncio das cidades japonesas. Aqui não se ouve uma buzina.

E andar de bicicleta durante a madrugada  sozinho? Seria algo inimaginável em São Paulo. Aliás, vocè até pode se arriscar , mas todo mundo sabe o risco que corre ao sair por ruas escuras . Aqui no Japão o maximo que pode acontecer é cruzar com um obaquê ( assombração) ou com algum velhinho  passeando com o cachorro as 4:00 hs da manhã.

As vezes esta vida bucólica e rotineira do Japão realmente me cansa, mas quando eu me lembro das longas horas no transito de São Paulo, dou graças a Deus , por poder viver assim bucólicamente.



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