sábado, 29 de fevereiro de 2020

Passando por todas as crises do século


Viver no Japão nos tira a tranquilidade de viver uma rotina "normal" por longos periodos. Aqui na terra dos samurais as coisas quando acontecem tem proporções gigantescas e rápidas. Talvez seja por causa do tamanho do país. Vai se saber...

Todas as crises economicas que passei desde quando cheguei em terras nipônicas foram rápidas , tanto para acontecer , como para terminar. As coisas acontecem em outra velocidade por aqui. Pelo menos é esta a impressão que tenho quando comparo o Brasil com o Japão.

Agora enfrentamos uma outra crise com as negociações entre a China e os Estados Unidos. Basta o Donald Trump dar alguma declaração publica desfavorecendo a poderosa China que o mercado financeiro japonês reage imediatamente. Além da crise econômica temos agora uma nova crise originária da China , o tal Corona Virus. Não só a produção de muitas industrias no Japão e no mundo foi afetada como também a saúde pública mundial.

Não há como ignorar esta realidade e tentar levar uma vida normal. Por mais que o governo tente não alarmar a população , este virus pode trazer inúmeros prejuízos não somente na saúde como no financeiro de todas as pessoas que vivem no Japão. Desde as grandes industrias até o trabalhador comum.

Por exemplo, caso um trabalhador comum tercerizado seja afetado pela doença , será obrigado a ficar em casa por no minimo quatorze dias. Se você trabalhador não tem yukius( ferias remuneradas ) terá um prejuizo imenso no orçamento mensal . Pelo menos os exames e o tratamento contra o Conora Virus serão subsidiados pelo governo . Menos mal. Imagine ter que ficar internado em um hospital e arcar com a diária de uma internação por uma semana que seja, além de perder dias de trabalho?

Para não ter que passar por imprevistos o meu conselho é : economize ao menos 10% de seu salário mensal para futuras  eventualidades. Não há como viver em um país estrangeiro sem possuir uma economia ( poupança) para casos de desastres naturais e crises economicas. Nós estrangeiros somos a ponta fraca da corda. Portanto , prevacaver-se é o melhor método para sobreviver nestes tempos de crise.

Não viva no Japão como se vivesse no Brasil. Aqui as coisas acontecem em outra velocidade.






segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

Amizade com japoneses


Quando se vive em um país diferente à nossa cultura , eu acredito que é mais que necessário aprender a lingua e os costumes do local para nos sentirmos mais inseridos dentro da realidade local. Porém, fazer novos amigos é um grande desafio. É preciso ter paciência!

Talvez a paciência seja o fator determinante para uma boa adaptação em qualquer país . Não fazer comparações culturais , por exemplo. Cada país tem a sua cultura e ela deve ser respeitada.

Apesar de ter esta consciência , às vezes me pego impaciente com os absurdos que ouço de alguns japoneses . E se estava nascendo uma nova amizade , ela simplesmente vai por àgua à baixo.

Certa vez conheci um engenheiro japones no meu trabalho. Ele era um japonês bonito ( coisa rara), alto e muito inteligente. Até rolou um certo clima entre a gente , e a japonesada torcia para que nós namorassemos ou coisa do gênero. Mas,....... um belo dia ele me perguntou se eu era portuguesa pelo fato de eu falar português. Aí não deu mais! A decepção com a ignorância dele foi demais pra mim. Não dá pra começar nada com alguém que simplesmente desconhece as nossas origens básicas. Sendo que , a fabrica onde eu trabalhava era lotada de brasileiros descendentes. Não rolou nem uma saida para um karaokê. Acabava ali o que nem tinha começado.

Ontem, aconteceu algo parecido comigo e uma japonesa que já conheço hà anos. Inclusive saimos juntas muitas vezes para almoçar fora , ir ao shopping, e ela já me ajudou algumas vezes sendo minha fiadora aqui em terras nipônicas. É uma relação longa de mais de dez anos , mas não consigo aprofundar a nossa amizade , que aliás, é bem conflituosa.

Enfim! Vamos ao ocorrido. Ela me perguntou se eu sabia o que era ano bissexto. What???Fiquei com uma cara de espanto e respondi que qualquer pessoa sabe. Pra piorar a situação ela me desafiou a explicar o que era. Respondi que não sabia como se falava em japonês , mas que em portugues é ano bissexto. Ela começou a rir ( meio sem graça) e soltou essa: - Ahhh, vocês também tem ano bissexto? What?????

Por essas e outras , eu simplesmente não me animo a fazer amizades com japoneses. É preciso ter muita paciência e compreender que o Japão é uma ilha e de certa forma isolada do resto do mundo. Nem todo japonês é viajado . Nem todo japonês consegue ler noticias em outras linguas . Nem todo japonês tem a mente aberta para aceitar diferenças, sejam elas culturais ou raciais.

Aquilo que restam são as amizades superficiais. Não há como ultrapassar  as barreiras culturais quando aquilo que prevalece é a ignorância e a falta de paciência. Podemos estudar a cultura , podemos aprender a lingua , mas a barreira sempre existirá de alguma forma.

Com isto, não quero afirmar que os japoneses não servem para serem amigos. Servem , de uma outra forma a qual nós não estamos acostumados. Paciência. É o que tem pra hoje!




sábado, 15 de fevereiro de 2020

A ambiguidade de viver no exterior



Melhores oportunidades, viver novas experiências , qualidade de vida, necessidade , sonhos , ou o que seja. Decidir viver no exterior pode ter inúmeras razões . Pode ser por um tempo determinado, ou sem nenhuma previsão de retorno. O fato é que tal escolha tem um grande impacto em nossa vida social e relacionamentos em geral.

Passar um ano em algum país realizando um intercambio pode ser ótimo para conhecer novas culturas e fazer algumas novas amizades , além do aprendizado de uma nova lingua. Mas, são pouquíssimas as pessoas que saem de uma experiencia de intercambio com amizades reais e duradouras. Perder os contatos feitos na época é muito fácil, e aquilo que realmente tem seguimento são os relacionamentos que deixamos em stand-by no nosso país.

Para aqueles que decidiram viver em outro país sem um prazo determinado para retorno, como o caso de muitos brasileiros que vão em busca de um sonho ou uma vida financeira melhor em países com uma cultura e lingua totalmente diferentes, a historia é bem outra.

O tempo pode ser o nosso aliado para resolver muitas questões em nossas vidas , mas ao mesmo tempo , ele desconstrói o futuro de relacionamentos que ficaram à milhas de distância . Não participamos mais da vida social de nossos familiares, não somos mais convidados para nenhum evento . Um irmão que se casa , um sobrinho que nasce , ou até mesmo a perda de algum parente próximo. Por muitas vezes somos apenas uma figura virtual que participa virtualmente da vida de nossos familiares e amigos. Fica sempre a sensação de exclusão por mais que tentemos nos incluir à distância.

Os relacionamentos construidos durante um longo periodo em países estrangeiros tem lá o seu valor. Fazem parte de um longo periodo de aprendizado e adaptação, mas estes também tem vida curta. As amizades que construimos com nativos contam pontos para a nossa integração em uma nova cultura. Porém, quem vive ha muitos anos inserido em uma cultura diversa sabe o quanto é dificil administrar as diferenças culturais e as memórias de cada um. Não há como compartilhar memórias com uma pessoa que não vivenciou as mesmas tendencias culturais de cada época de nossas vidas. Resta sempre uma sensação de frustração.

Dito isto, concluimos que é péssimo viver em terras estrangeiras?Não necessariamente!

Se conseguimos atingir o nosso objetivo , seja ele qual for, toda experiência é válida. O fato é que toda escolha que fazemos na vida tem o seu preço . Nada na vida é 100% satisfatório.

Viver em terras estrangeiras não é para qualquer um. Existirão momentos em que nos sentiremos sozinhos e carentes. Em outras ocasiões sentiremos um prazer imenso em sermos   os donos da nossa liberdade . Tudo tem um preço. Para tal, é preciso equilibrar as nossas emoções e compreender que a vida é feita de escolhas que nos proporcionarão benécies , assim como o contrário.

Namastê!



sábado, 1 de fevereiro de 2020

Como se livrar de pessoas tóxicas



Por muitos anos convivi com pessoas tóxicas dentro da minha familia, eram pessoas negativas demais  que exerciam um certo dominio sobre o meu estado de espirito. Confesso que a única maneira de me livrar da presença dessas pessoas foi me afastar , e pra bem longe. E quando não dá para se livrar e você é forçado a conviver com elas?

Obviamente que , quando vivemos debaixo do mesmo teto a única forma de resolver o problema é mudando de teto. Mas, quando é um( a) colega de trabalho que trabalha todos os dias ao seu lado a fórmula mágica é se "blindar"  contra as energias negativas que vem daquela pessoa.

Existem pessoas que são viciadas em reclamar da vida , como se fossem vítimas do mundo e nada fazem para mudar a situação. Estas são bem chatinhas! Mas, existem aquelas que além de reclamar da vida ainda são negativas , com baixa autoestima e carentes. Estas são bem dificeis de suportar!

Tenho uma colega de trabalho japonesa que tem cerca de 50 anos , passando por todos aqueles revés da menopausa , que para mim é apenas mais uma fase hormonal que toda mulher passa e pode ser amenizada. Ela não toma nenhum cuidado com a saúde , tem vários episódios de hemorragia uterina e não vai ao medico. Seus cabelos vivem sem cuidados , seu hálito fétido, e ainda está acima do peso. Por mais que a aconselhemos a buscar ajuda médica ela simplesmente se recusa a ir. Prefere sofrer , talvez por achar que merece sofrer , talvez por achar que é normal sofrer. Sei lá!

Durante muitos anos a convivencia com esta pessoa me fez muito mal. Já estava falando como ela , com expressões bem depreciativas do tipo : - Estou velha demais para isso , ou aquilo. Graças a Deus acordei a tempo de me "blindar" contra tais influências negativas.

Afastar-se é uma boa opção. Deixei de ve-la aos finais de semana, já me basta ouvir suas lamurias durante a semana. Também deixei de me importar com suas reclamações , posto que, ela nada faz para mudar. Os seus assuntos são quase todos com relação a saúde da maē que é enferma ou do marido que ela quer ver morto, ou de suas cólicas uterinas . Não há um momento que ela esteja bem. Fora os seus complexos , coisa muito normal em japoneses e japonesas. Eles são muito complexados.

A idade é outra questão que mexe muito com a autoestima das mulheres japonesas porque a sociedade enfatiza demais as fases da vida , como se tivessemos que seguir uma cartilha bem rigida. Os homens japoneses em geral amam as mulheres mais jovens , e as com quarenta anos já são consideradas muito velhas . Isto cria um complexo de velhice nas japonesas que já se sentem muito velhas lá pelos 35 anos.

E como sobreviver a uma sociedade assim , tendo ao seu lado uma colega de trabalho japonesa que não para de se desvalorizar e reclamar da vida?

Eu escolhi viver a minha realidade , e não a dela. Simples assim. Eu tenho absoluta certeza de que quando não temos um minimo de autoestima tudo na vida fica mais dificil. A autoestima é algo que cuido muito bem. É preciso ter a mente aberta e ter também um pouquinho de bom senso para olhar dentro de si e perceber onde devemos operar mudanças. E o principal, começar a agir.

Graças ao meu bom senso , hoje em dia , não me incomodo mais com as reclamações da minha colega japonesa , até escuto suas lamurias sem me envolver mais , e principalmente deixei de ser o seu pinico.

 Saber ouvir as pessoas é uma virtude , mas virar pinico alheio é outra historia. Além do mais, quando um burro nasce com duas orelhas longas não há como diminui-las . Só cortando com um facão!



A vida fica monótona sem problemas?





O trabalho está estável, a saúde em ordem, a poupança continua intocável , o aluguel é gratis, tenho internet móvel, faço comprinhas ( agrados para mim ) na internet de tudo que quero, ninguém manda eu fazer aquilo que não quero, e etc...

Já tive preocupações com familiares, relacionamentos afetivos , desemprego e até fome já passei . Mas, faz alguns anos que eu ando muito bem , obrigada. Sem nenhuma preocupação que tire a minha tranquilidade e o meu sono. E o nome disso se chama : solitude.

Tudo começou quando eu decidi me desapegar de pessoas e relacionamentos em geral que me causavam incomodo ou algum tipo de angústia. Desapegar não é largar tudo e deixar tudo para trás. É não se apegar a sentimentos , ressentimentos ou expectativas alheias. No momento que você deixa de ser recíproco com os sentimentos alheios a dor ou o incomodo do outro pode até te comover , mas não te corroe . Esta é a diferença.

Aos poucos você se torna autossuficiente . A sua propria companhia começa a fazer a diferença na sua rotina diária e você começa a fazer tudo aquilo que tem vontade de fazer na sua própria companhia. É claro que é preciso gostar de estar sozinho, né! Mas, a vantagem de ser desapegado e autosuficiente é que nada que venha de fora te abala mais. Os problemas e preocupações que por ventura venha a ter serão apenas seus . E quando o problema é nosso , é a gente que tem que resolver e nunca esperar que um outro alguém venha nos salvar. Esta postura gera frustrações quando esperamos e não recebemos. Melhor se resolver sozinho né, não?

Durante toda a semana passada estive muito atarefada no trabalho , fazendo horas extras e o cansaço era visível no meu rosto. Bastou chegar o final de semana e fazer o meu ritual de relaxamento caseiro para até a cútis melhorar. Fiz um banho de sais e óleos essenciais , hidratação , nutrição e massagem facial com o meu roller , além de massagens nos pés ( reflexologia) . Durante o banho na banheira com sais e óleos senti tanta serenidade e satisfação que tive que agradecer a Deus por aqueles momentos extremamente relaxantes e sem nenhuma preocupação. A minha unica preocupação era o do ralo da banheira entupir de tão cheia que estava.

Como é bom não ter preocupações! Dá até vontade de criar algum problema passageiro só pra sair da monotonia. Obrigada Deus e Universo ! A vida está muito boa! Paz e tranquilidade é tudo !



Namastê!