sábado, 17 de fevereiro de 2018

Nova consciência




 O tempo . Não sei precisar se ele tem sido o meu melhor amigo ou o meu pior inimigo. Talvez as duas coisas...

De fato, viver em terras longinguas longe do nosso passado nos traz uma nova consciência que somente aqueles que vivem tal experiência são capazes de entender.

Certa vez , em uma das vezes que estive no Brasil, conheci  a uma pessoa que me confessou ter dificuldades de relacionamento justamente pelo fato das pessoas que nunca vivenciaram tal experiência não entenderem a mentalidade de um ex-patriado. A sensação do tempo passando é diferente, e por consequência a nossa consciência sobre lugares, raízes e apegos vão se transmutando á nossa realidade com uma outra velocidade. É como se o oceano realmente separasse o nosso passado do nosso presente e o nosso futuro se tornasse realmente incerto.

Com o tempo vamos adquirindo novos hábitos locais. Nunca seremos nativos em terras estrangeiras , ao mesmo tempo nunca mais seremos os mesmos depois de ingressar pelo portão de embarque internacional. Que seja na ida , que seja na volta. Não existem mais partidas, nem tão pouco voltas com data pre-determinada.

Viver em terras longinguas é como viver dentro da maquina do tempo . Podemos viajar no tempo quando quisermos  e regressar ao nosso passado, mas há o perigo de se perder na linha que liga o nosso passado ao nosso presente.

Voltar para casa  ( me refiro a nossa terra) , é voltar ao passado . Criar uma nova realidade no passado, dentro da nossa nova consciência do presente de ex- patriados , se torna algo fictício demais . Nem me refiro as questões práticas, como andar de coletivo e não saber mais o preço da passagem, ou ir ao banco e não saber mais como funcionam os caixas eletrônicos . Me refiro a nossa nova consciência de passado, presente e futuro, que muitas vezes é incompreensível para aqueles que logisticamente ficaram  no nosso passado .



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