sábado, 17 de novembro de 2018

Cada um no seu lugar

                       


Certa vez conversando com um menino de apenas 11 anos , filho de uma amiga brasileira que foi casada com um nipo-brasileiro , lhe perguntei sobre o que ele preferia . Viver ao estilo japonês ou ao estilo brasileiro? Tendo em conta que ele é mestiço e já viveu no Japão e agora vive no Brasil.

Como todo garoto pre-adolescente ele usou de poucas palavras para dizer o que ele pensava sobre as duas culturas , e soltou essa frase: - Cada um no seu lugar.

Naquele instante eu simplesmente me calei ao ouvir tal opinião de um garoto de apenas 11 anos. A sua mae também estava junto e assim como eu , ela se calou.

Como sou muito reflexiva fiquei pensando o que ele quis dizer com isso? Cada um no seu lugar?

Será que ele na inocência  dos seus 11 anos de idade e vivencia entre as duas culturas ele se deu conta de que misturar raças e culturas tem lá os seus prejuizos?

Para mim era notória a diferença no modo de viver a vida de cada membro de sua familia. A avó por parte paterna é uma senhora japonesa ,nascida no Brasil com os seus habitos e costumes herdados da cultura japonesa . Quanto a avó por parte materna já era uma senhora com traços bem marcantes da miscigenação de raças brasileira e com uma postura e mentalidade bem mais abertas. Parecida a sua maē.

Eu acredito que quando uma cultura é muito clara e bem definida , como a japonesa , não dá para misturar com outras culturas que não possuem tanta definição. A não ser que exista da parte dos envolvidos uma admiração e identificação com cada cultura.

No meu caso, sendo filha de japoneses ,nascida  no Brasil e vivendo há anos no Japão , não  me identifico nem com uma nem com a outra. O que faz de mim um peixe fora do aquário.

Culturalmente falando, me identifico muito mais com a cultura européia , tanto no modo de viver como na forma como eles se relacionam entre si. Minha experiência em terras suiças foi muito agradável em todos os sentidos. É claro que existem diferenças também, mas seria muito mais um meio termo entre ser latinizado demais e japonesado demais. Nem tanto o mar e nem tanto a terra.

Esta é apenas mais uma reflexão de alguém que pensava ter uma pátria e descobriu que na realidade não tem nenhuma.

E isto faz alguma diferença? Sim, faz toda a diferenča quando ainda estamos em busca de um norte. 


Namastê.


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