domingo, 3 de março de 2019

Outros mundos




Viajar sem duvida alguma abre a nossa mente para novos horizontes, nos faz entender que não existem verdades absolutas quando o assunto é crença e culturas locais de uma sociedade.

Para aqueles que vivem fora do seu país de origem , a maneira mais simples de se inserir dentro de uma cultura diferente à aquela que fomos acostumados é entender que cada país tem a sua cultura e não cabem comparações do que é certo ou errado. As diferenças são gritantes de uma cultura a outra.

Podemos até não concordar com certos hábitos e crenças , mas sem duvida alguma devemos respeita-la. Talvez seja isso que falte a mentalidade de muitos brasileiros que vivem apenas a realidade local sem ter olhos para o que ocorre fora de seu quintal, de seu bairro, de sua cidade , de seu país.

A internet está aí para quem quiser viajar virtualmente e ampliar a propria visão. Somos privilegiados , pois em algumas culturas até o conteudo de informações virtuais é controlado pelo governo local.

Não há desculpas para quem não se informa e não se atualiza. As ferramentas estão aí para serem usadas de mil maneiras. Desde comunicar-se com um parente , um amigo ou simplesmente ler noticias atualizadas sobre o país que vivemos e o país que decidimos deixar.

Todas as vezes que eu me comunico com amigos e parentes do Brasil noto que a maioria nem tem idéia do que ocorre fora das fronteiras brasileiras. Até nas redes sociais , os comentários que algumas pessoas fazem é de um entendimento tão limitado que chega a dar dó dessa gente que não tem a minima capacidade de interpretar um texto ou compreender as diferenças que existem entre culturas.

Não cabe a mim estar criticando os interesses e a visão limitada das pessoas. Quem sou eu ! Mas , devo admitir que pessoas com uma mente muito mais aberta e curiosa são mais interessantes para uma troca de idéias e um bate papo fluido do que aquelas que vivem apenas a realidade de seu quintal.

Aqui em terras niponicas, a maioria dos brasileiros (eu estou inclusa) , vive uma rotina estafante , entre casa , trabalho e comunidade de estrangeiros. Quase ninguém se relaciona com nativos locais. O que é um erro. Ninguém melhor do que um nativo local para nos ensinar a compreender a cultura local. E não pense que esta nova amizade será como aquela que fizemos no passado , em nosso país. Cada cultura tem os seus costumes e forma de se relacionar em sociedade. Isto não quer dizer que é melhor ter um amigo local do que um patrício, é apenas o entendimento de que podemos fazer novas amizades com pessoas de uma mentalidade totalmente diferente quando se respeita o espaço do outro.

Ontem conversei por horas com um senhor indiano pelo Skype. Não que o tipo me interesse, mesmo porque ele parece ser daqueles indianos safadinhos que buscam aventuras em terras estrangeiras. Dei um voto de comfiança ao tipo porque desde o inicio ele foi bem sincero ao dizer que é casado. No evoluir de nossa conversa percebi que realmente ele estava em busca de uma "amiguinha" japonesa , pois ele tem negócios no Japão e viaja sozinho frequentemente por terras niponicas a negocio. Papo vai- papo vem, e eu sempre tentando me desvencilhar de suas cantadas , começei a perguntar a ele sobre yoga, a religião hindu , comércio exterior e obviamente astrologia. Segundo ele, todo hindu ja fez um mapa natal para saber sobre seu destino e karma. Então aproveitei para lhe pedir a sua data de nascimento e saber melhor sobre qual karma ele estava vivendo nessa vida. Se eu tivesse pedido a data de nascimento para analise astrologica a algum ocidental descrente sobre a astrologia com certeza ele não me levaria á sério. Pedir para analisar o mapa natal de um indiano ou um conhecedor do assunto astrologia é o mesmo que pedir para ele se despir diante de ti. Pelo menos é assim que eu me sinto quando alguem me pede para analisar o meu mapa natal.

A partir desta troca de confiança, o papo fluiu mais leve e sem aquele foco inicial dele de encontrar uma "amiguinha" para se divertir em terras nipônicas. Falamos sobre os beneficios do yoga , sobre karma , destino , religiosidade e espiritualidade. Ele me confessou que seu karma é "bad" . Eu como boa brasileira e tiradora de sarro sujeri a ele que se casasse com uma bananeira ( como na novela da globo) para diminuir o seu karma "bad" . Também  sujeri a ele que ele se mudasse para o rio Ganges , ja que ele ia todos os anos banhar-se no rio para limpar-se de seus pecados. Talvez eu tenha ido longe demais com o meu humor sarcástico, afinal, é a cultura dele e deve ser respeitada. Mas, eu não resisti!

Não tenho nenhuma paixão pela cultura hindu e nem tão pouco interesse de ir conhecer o Taj Mahal, ou as cidades sujas e o transito confuso da India. Talvez nem o yoga da forma como é praticada na India me interesse , mas esse papo de mais de tres horas (em ingles) com a ajuda do google tradutor me fizerem entender que existem mil verdades no mundo , mas nenhuma é melhor do que a outra, e que karma é algo que não se altera facilmente, porém , a escolha de como vive-la é totalmente nossa.

Para muitas pessoas do meu convivio esta minha mania de falar com pessoas de outras culturas pela internet é coisa de gente que não tem o que fazer. De certa forma é verdade, as minhas relações aqui em terras niponicas é limitada a uma meia duzia , e eu quase não saio de casa por inumeras razões pessoais. Frequentemente é falta de interesse mesmo. Aquilo que é coloquial demais ou superficial demais não prendem muito a minha atenção. Prefiro o desconhecido , o inusitado das relações humanas. Apesar de ser bem cautelosa e ter sempre algum interesse pessoal . Nem que seja apenas para praticar uma nova lingua . Coisas de Capricornianos!

Todos os contatos que fazemos na vida tem um significado, mesmo que seja virtual, mesmo que seja momentâneo. Depende muito da nossa capacidade de absorver tais interações . Às vezes um estranho pode te dizer aquilo que nenhum conhecido seu foi capaz de te dizer. Às vezes o entendimento que temos de determinadas situações cai no julgamento de nossa mentalidade condicionada a nossa herança cultural.

Namastê!



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