segunda-feira, 13 de julho de 2020

A agonia do isolameto social



Desde que começou essa loucura do corona virus tenho tentado seguir a risca todos os aconselhamentos de prevençāo. Lavar as mãos sempre, carregar um potinho de alcool em gel , usar máscaras e respeitar o isolamento social. Tenho até evitado receber amigas em casa, que aliás, já eram poucas as visitas e eu as reduzi a zero.

No trabalho nem quero papo com quem vem puxar conversa comigo sem máscara ou se atreve a se sentar muito perto de mim sem os devidos cuidados .

Apesar de toda essa neura a vida segue . Deve seguir. Devemos continuar fazendo planos para o futuro sem perder a alegria de viver dentro desta nova normalidade. Hoje em dia é a coisa mais normal ver gente mascarada por todos os lados.  Entrar em algum estabelecimento e dar de cara com um plastico isolando o atendente  do publico também se tornou normal.

Para nós brasileiros que vivemos no Japão o isolamento social nem é lá um bicho de sete cabeças. Nem todos estão aqui com as suas familias e nem todos vivem fora da bolha social de comunidades brasileiras. De certa forma já viviamos o nosso proprio isolamento social. Eu já me acostumei a não abraçar , a não falar alto, a não dar festas no meu apê depois das 22:00h , a não telefonar pra ninguém tarde da noite pra nao incomodar o vizinho e etc.

Enfim, o isolamento social nem pega muito . Aquilo que tem  me causado muita agonia e um certo estresse é o fato de não me sentir a vontade e nem livre para ir quando e onde eu quiser.

No mês passado comecei a pesquisar sobre viagens internas aqui no Japão e já estava pesquisando
voos para Okinawa , para mim e uma amiga no mês de Dezembro. Duas semanas depois os casos de corona virus começaram a aumentar no Japão, principalmente em Tokio. Decidi esperar o feriado de agosto para saber se seria viável viajar em Dezembro. Tive que abortar a viagem sem nem ter reservado as passagens. Muito frustrante para alguém que simplesmente ama viajar!

E os eventos locais que eu costumava ir todos os anos? Todos os eventos e festivais de Primavera foram cancelados . Não é que no Japão temos muitas opções de lazer disponíveis , e com a chegada dessa normalidade , tudo ficou muito restrito.

Meses se passaram sem eu ir a um shopping center ou simplesmente tomar um café em algum lugar. Só saio para o estritamente necessário. Hoje mesmo , meio a contra gosto, tive que ir a Hamamatsu para ir a um despachante. Faz meses que não pegava um trem lotado. Fiquei em pé a viagem inteira , virada de frente para a porta por 45 minutos na ida e na volta.

Apesar da neura de pegar trem e estar em ambientes muito cheios e fechados , o passeio me trouxe uma lufada de ar. Pude caminhar pela cidade , ver lojas , ver gente e  até parar para um lanche rápido no McDonalds e um café no Starbucks. Fazer compras aleatórias também dá um novo ânimo. Passei pela H&M e comprei aquela camisa branca que eu tanto estava querendo.

Na volta , desci na estaçào mais proxima da minha cidade no intuito de pegar um ônibus . Os horários tinham sido reduzidos e eu não tive outra opção a não ser tomar um taxi. Eu tenho evitado andar de taxi também, mas os taxis aqui do Japão são seguros. Todos os taxistas usam màscara . Bastar deixar a janela um pouco aberta pra ventilar e não tocar em nada. A porta dos taxis daqui abrem automaticamente.

Confesso que ter que me isolar nem me tira a tranquilidade. Gosto de estar sozinha  ouvindo os meus silencios meditativos. Mas, realmente é muito difícil suportar a falta de liberdade de ir e vir  ,  e de não ter lazer algum que esteja disponível sem restrições. Nem percebemos o quanto essa liberdade nos faz falta e nos causa uma certa agonia e estress.  Foi muito bom ter saido hoje!

Na proxima semana talvez eu tenha que ir novamente a cidade para algo estritamente necessàrio: ir
na imigração.  Parece até que estou usando como desculpa para poder sair . No caminho eu sempre passo por um café ou restaurante . A vida segue! Não é mesmo?

! Equilibrio é tudo! Poder sair de casa  e passear ao ar livre não tem preço! Viajar então, nem se fala!


Nenhum comentário: