quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Dia surreal


Nunca pensei que um dia eu iria viajar de ônibus e ferry boat ( por livre e espontânea vontade) , por quase duas horas , em um dia chuvoso , enfrentando a maré nervosa do alto mar só para ir levar agulhadas nas costas. 

Esta minha vida em Okinawa está bem surreal se comparada a vida rotineira de todas as outras cidades que vivi aqui no Japão. 

Para começar, Okinawa deve ser a única cidade japonesa que tem horários fixos de ônibus, mas eles nunca chegam no horário. Eu pretendia pegar o ônibus da ilha ( gratis) das 8:30 , cheguei muito em cima da hora , e talvez ele já tivesse passado. Esperei o proximo , debaixo de forte chuva , que seria o ônibus das 9:20 , mas ele apareceu as 8:56. Até agora não sei dizer se eu estava atrasada ou se o ônibus estava adiantado.

Chegando no porto de Ishigaki, lá fui eu procurar a clínica para tentar resolver o meu problema de dores lombares. Com o endereço todo em japonês e sem conseguir entender nada, dei umas 10 voltas no mesmo quarteirão sem encontrar a tal clinica. 

Pergunta daqui, pergunta dalí. Entrei em um prédio que parecia uma Clinica porque tinha uma ambulância na frente. Não era. Porém o rapaz que me atendeu foi muito gentil e me acompanhou na rua debaixo de chuva para me ajudar a encontrar a tal clinica. Não encontramos.

Mais umas cinco voltas no mesmo quarteirão até encontrar a tal Clinica que não era Clinica, era uma casa comum . Era a casa de um massagista. Até aí tudo bem. De tanto caminhar procurando a tal Clinica eu já estava toda torta e dolorida, precisa de uma massagem mesmo. 

Após uma meia hora de massagens, aliás, muito relaxantes, o sensei ( massagista) me perguntou se eu gostaria que ele me furasse. 

Ahmmmmmm? Como assim?

O tal massagista era acupunturista , e me aconselhou a levar umas picadas para diminuir a dor que eu estava sentindo. Bom, depois de todo este cansaço , pés e sapatos encharcados, para procurar e chegar até a Clínica eu já não estava mais me importando com nada. 

Levei umas 10 ou 20 picadas. Não sei precisar porque algumas agulhadas nem doiam e outras doiam demaaaaaaaaisss. Segundo o sensei, o meu lado direito todinho estava estragado, desde as costas até a lombar, apesar da dor se concentrar na pélvis. 

Terminando a sessão de agulhadas ele finalizou me enchendo de esparadrapos em X. Não conheço esta técnica que segundo ele os atletas e os sumodoris usam muito. Vamos ver se todo este sacrifîcio vai surtir efeito amanhã quando eu voltar as minhas atividades normais. 

Hoje deveria ser mais um dia de folga ou melhor dizer repouso , em função das minhas dores na lombar, mas tive que acordar as 7:00 da manhã para  pegar o ônibus e voltei para o alojamento as 18:00 h, depois de andar feito uma camela o dia inteiro e balançando e chacoalhando em alto mar dentro de um ferry na ida e na volta. 

Se amanhã eu não estiver melhor , não será culpa do massagista e sim do ferry boat que me jogava de um lado ao outro. 
 

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