domingo, 11 de janeiro de 2015

Mudando conceitos

       
        

   
Desde  que cheguei em terras Okinawas , mais precisamente em uma ilha , onde 90% do território é composto por mata virgem, começei a ter que me habituar com alguns sons que não eram muito comuns de se ouvir nas grandes cidades. 

Durante o dia alguns pássaros literalmente caminham entre as matas . Nunca vi tanto passarinho andando pelas estradas. Creio até que tais pássaros passem mais tempo em solo do que em voo. A princípio eu me assustava com os ruídos que vinham de dentro da mata, mas agora já me habituei. No verão é melhor estar mais atento porque pode ser uma cobra venenosa que também habita estas terras. 

A noite o ruido é bem outro. Um canto que eu nunca tinha ouvido na vida. Não era como o canto dos sapos , era um canto diferente que eu não conseguia identificar. 

Comentei com uma colega de trabalho japonesa e ela me disse que era o canto das largatixas. E largatixa canta? 

Se este canto é realmente o canto das largatixas, então a região onde eu estou vivendo deve ter uma comunidade inteira. 

Desde pequena sempre tive horror as largatixas . Aquele negócio delas soltarem  seus rabos para escapar de algum predador era mórbido demais para o meu gosto. Ver uma  largatixa com rabo já me causava aflição, quem dirá uma sem.

Pois bem, agora que estou literalmente invadindo o território delas, afinal elas já estavam aqui antes de mim, eu precisei mudar os meus conceitos em relação a estes pequenos répteis, que por sinal são ótimos  para manter a nossa casa livre de alguns insetos indesejáveis e nos ajudam  a economizar com inseticidas. 

Aqui no Japão dizem que a largatixa cuida das nossas casas e que te-las dentro de casa é uma boa coisa. Se não traz sorte, ao menos nos livra de aranhas , baratas , percevejos e outros insetos. 

Ainda não me acostumei com a ideia de dividir o meu apartamento com a Jurema, uma largatixa de origem Okinawa, mas entre correr o risco de ver a casa invadida por aranhas , centopéias e escorpiões ( com certeza devem existir aos montes aqui) , eu preferi adota-la como minha inquilina. 

A ùnica coisa que me incomoda no comportamento de Jurema, é a sua mania de ficar grudada na parede. De resto, a convivência tem sido tranquila.



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