Durante o dia alguns pássaros literalmente caminham entre as matas . Nunca vi tanto passarinho andando pelas estradas. Creio até que tais pássaros passem mais tempo em solo do que em voo. A princípio eu me assustava com os ruídos que vinham de dentro da mata, mas agora já me habituei. No verão é melhor estar mais atento porque pode ser uma cobra venenosa que também habita estas terras.
A noite o ruido é bem outro. Um canto que eu nunca tinha ouvido na vida. Não era como o canto dos sapos , era um canto diferente que eu não conseguia identificar.
Comentei com uma colega de trabalho japonesa e ela me disse que era o canto das largatixas. E largatixa canta?
Se este canto é realmente o canto das largatixas, então a região onde eu estou vivendo deve ter uma comunidade inteira.
Desde pequena sempre tive horror as largatixas . Aquele negócio delas soltarem seus rabos para escapar de algum predador era mórbido demais para o meu gosto. Ver uma largatixa com rabo já me causava aflição, quem dirá uma sem.
Pois bem, agora que estou literalmente invadindo o território delas, afinal elas já estavam aqui antes de mim, eu precisei mudar os meus conceitos em relação a estes pequenos répteis, que por sinal são ótimos para manter a nossa casa livre de alguns insetos indesejáveis e nos ajudam a economizar com inseticidas.
Aqui no Japão dizem que a largatixa cuida das nossas casas e que te-las dentro de casa é uma boa coisa. Se não traz sorte, ao menos nos livra de aranhas , baratas , percevejos e outros insetos.
Ainda não me acostumei com a ideia de dividir o meu apartamento com a Jurema, uma largatixa de origem Okinawa, mas entre correr o risco de ver a casa invadida por aranhas , centopéias e escorpiões ( com certeza devem existir aos montes aqui) , eu preferi adota-la como minha inquilina.
A ùnica coisa que me incomoda no comportamento de Jurema, é a sua mania de ficar grudada na parede. De resto, a convivência tem sido tranquila.
Nenhum comentário:
Postar um comentário