domingo, 4 de janeiro de 2015

Recalque

                   
   

Aqui no Japão existe um fenomeno muito estranho que eu chamaria de " recalque nikkei". São aquelas pessoas que apesar de serem brasileiras ( descendentes) não sabem direito se são brasileiros , japoneses ou um ET.

Tais pessoas costumam ter um comportamento recalcado em relação aos seus conterrâneos nikkeis. Normalmente tais pessoas preferem trabalhar com os japoneses nativos, e a cada nikkei que começa a trabalhar no mesmo setor provoca nestas pessoas uma reação de insegurança, antipatia instantânea e repulsa por aqueles que são da mesma origem, ou seja, brasileiros descendentes de japoneses.

Alguns até afirmam que preferem aos japoneses do que os brasileiros. Normalmente tais pessoas não possuem nem mesmo um amigo japonês e mesmo assim teimam em afirmar que os japoneses são melhores para serem colegas de trabalho. 

Mas qual seria a patologia de pessoas com um pensamento recaldado assim?

Na minha convivência  com japoneses , peruanos, brasileiros descendentes e não descendentes , entre outras raças em todo o periodo que vivi no Japão, posso afirmar que isto é um sintoma de não- aceitação de sí mesmo. Já passei por isto também, não aceitar a minha ascendência.

Pior do que não aceitar a própria ascendência é não aceitar a sí mesmo como é, e promover mudanças onde seja necessário no seu próprio comportamento. 

Nunca ouvi um brasileiro não descendente de japoneses dizer que preferem os japoneses do que os compatriotas nikkeis. Podem existir divergências de caráter, afinal, cada pessoa é um ser singular e no Japão estamos expostos a todo tipo de stress, mas afirmar que prefere um japonês do que um compatriota e criar dentro de sí mesmo tal separatismo  racial é coisa de gente mal resolvida.

Sempre vai existir um, em algum lugar em terras nipônicas, os recalcados de carteirinha. Paciência é oque nos resta quando topamos com pessoas assim. Não adianta querer fazer um recalcado compreender o seu erro, ele sempre terá uma visão totalmente distorcida da própria realidade. 

Merecem pena...

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