quinta-feira, 21 de abril de 2016

Bela, recatada e do lar


    Casalinga di lusso - dona de casa de luxo

Acabei de ler o texto  da Revista Veja sobre a esposa de Michel Temer e candidata a primeira-dama da nação brasileira. Ao  terminar a leitura de tal texto tão comentado que provocou uma verdadeira chuva de memes na net, achei o texto em sí muito romântico para a atual situação política  e mentalidade  brasileira. E qual é a mentalidade brasileira?

Aqui em terras nipônicas ainda impera o machismo, e por mais incrivel que pareça, a maioria das jovens japonesas ( até as com formação Universitária)  tem o sonho de se casarem , terem filhos e serem donas de casa. A concorrência com o machismo japonês ainda ē muito acirrada e nem todas as mulheres japonesas se sentem a altura de tal competitividade . Talvez por esta razão, elas ainda prefiram a vida de simples donas de casa, apesar de algumas ainda seguirem trabalhando part time, mesmo após o matrimônio. A filosofia do sistema japonês é o trabalho em primeiro lugar. Fazer o quê?

Em algumas regiões da Itália , mais ao Sul, também não é dificil encontrar mulheres que apesar de terem alguma formação , se sujeitam a levarem uma vida de "casalinga"(  do lar) , limpando, polindo , cozinhando e cuidando dos filhos. São as famosas "principesse" ( princesas) , com as mãos judiadas pelo trabalho doméstico , mas sempre com um anelzinho de brilhantes reluzente  em um dos dedos.

Na Suiça , pude conhecer um tipico casal inter-racial muito feliz. O marido um quarentão economista do Banco Suisse e a esposa uma tailandesa de 22 anos sem formação alguma. Ela é dona de casa, lava, passa, cozinha e cuida do marido. O marido para compensa-la lhe paga um salário, ou mesada, que ela gasta com bolsas de grifes . A ultima vez que estivemos juntos, ela estava com uma bolsa (verdadeira) Louis Vuitton e tinha acabado de ganhar um carro zero do marido. Todo o ano eles viajam para a Tailandia de férias , e já compraram uma casa por aquelas bandas de lá.

Não que toda mulher suiça viva assim, mas percebi uma preocupação do proprio sistema suiço para que as maēs de familia tenham mais tempo livre para se dedicarem aos filhos. Ao contrário do machismo japones , os suiços são machistas na responsabilidade de serem os provedores do lar, sem colocar a mulher ou a familia em segundo plano. Achei perfeita a mentalidade suiça. E não é por menos que a Suiça se encontra na segunda posição dos países de melhor qualidade de vida. Custa caro viver na Suiça, mas em compensação o sistema funciona para todos. 

Qualidade de vida, este é o problema da nação brasileira, que leva muitas mulheres a buscarem maior independência e realização profissional, deixando a sua realização pessoal ( constituir familia) em segundo plano. A herança do coronelismo ( mascarado)  brasileiro também é outro problema na sociedade brasileira que acaba levando a mulher brasileira a buscar um lugar ao sol. É como se precisassemos estar sempre preparadas, em posição de defesa, armadas para o imprevisto. 

E quem disse que a vida familiar também não tem seu valor ou importância na vida de uma mulher? 

Tem sim, e muito. Poder ter condições de administrar e constituir uma familia sem abrir mão de realizações em outras àreas é privilégio de poucas . Não existe um sistema nacional que ajude a mulher moderna brasileira de cumprir uma dupla jornada. E eu me refiro a grande maioria , não me refiro a aquelas que foram agraciadas com uma vida confortável , com babás, faxineiras , e um marido que tenha um emprego estável e rentável. A grande maioria das mulheres brasileiras tem que ralar e muito para conquistarem o seu lugar ao sol. Não é uma questão de escolha, é necessidade. 

A mulher brasileira é maē, pai,  dona de casa, profissional, esposa, marido e chefe de família . O homem brasileiro ( assim como o japones) , quando se divorcia da esposa, se divorcia também dos filhos e das obrigações , deixando à cargo da ex-esposa o papel de educadora e provedora do lar. Claro que nem todos, não vamos generalizar, mas o conceito de familia do brasileiro anda pouco definido. E isto vale também para as mulheres brasileiras. 

Em meio a tão pouca definição dos verdadeiros valores  da sociedade brasileira , me refiro também a postura política . Fica  esse ôco, essa lacuna à ser preenchida e  organizada por alguém. 

 E a mulher brasileira, guerreira como é, estará sempre pronta para a batalha. Mesmo  que tenha que abrir   mão de ser apenas uma boa maē em tempo integral,  mesmo que sonhe em apenas  estar em casa , cuidando de sua familia e de seu jardim. 

A mulher brasileira não se permite mais sonhar com um principe encantado . Mesmo porque eles não existem. E , de repente, ler uma matéria como aquela da Revista Veja , referindo-se a esposa de Michel Temer como a "principessa" brasileira candidata a primeira-dama da nação , chega a furar os olhos e a ofender  a grande maioria das mulheres brasileiras que  não vivem a vida como se fosse um conto romântico. 


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