Ontem tive um sonho, daqueles com enredo , a cores e sensações. No meu sonho eu estava apaixonada por um ator americano que agora esqueci o nome, mas ele se parece muito com uma ex-paixão que tive hã mais de 20 anos atràs. Confesso que entre as minhas dezenas de experiencias amorosas, eu só me apaixonei duas vezes, e estas foram no Brasil.
No meu sonho eu era a potagonista de um apaixonado romance . Cada olhar, cada toque, cada beijo , era tão real. A sensação de estar apaixonada era muito clara, e quase saudosa.
Nunca mais me apaixonei como nos velhos tempos. E olha que os pretendentes foram muitos , mas ninguém que conseguisse despertar em mim aquela chama da paixão. Tal despertar independe de atitudes, conversas ou qualquer outro artificio externo. Ela simplesmente vem. Tal experiéncia é quase sempre individual.
Quando estamos apaixonados, o olhar tem brilho, a pele tem viso, e até os nossos odores corporais mudam. Quando apaixonados, as 24 horas do dia são recheadas de desejos, de percepções extra-sensoriais, de sincronicidade e de uma dependência prazerosa, fisica e emocional. Somos tomados por sensações que nos comandam à partir de um outro mecanismo que não està no cérebro, està nas artérias que bombeiam o sangue pelo nosso corpo.
Deve ser esta a compreensão sobre os espíritos da alma de Descartes ( paixóes da alma) , que custei a entender. As paixões correm nas artérias que percorrem o nosso corpo, provocando um mix de sensações que não podemos e nem sabemos como controlar.
Aromas se sentem no ar. De repente, o ambiente em que estamos se torna mais perfumado, ou os nossos olfatos se tornam mais aguçados para certos aromas. Uma simples lembrança de um dado momento faz o coração palpitar, o olhar brilhar e um sorriso brotar bem no cantinho da boca.
Ē tão infinitamente prazeroso estar apaixonado. Quem já provou desta emoção sabe que pela razão nunca iremos nos apaixonar. Não escolhemos por quem nos apaixonar, ela simplesmente vem.
Ultimamente, aliás, hà anos , me restam apenas as minhas lembranças , os meus sonhos e suas sensações trazidas de algum lugar distante do passado. Seria tão mais fácil interessar-me por alguém e seguir em frente em um relacionamento se as minhas ações fossem movidas pela paixão.
Sinto falta de simplesmente olhar para alguém e me apaixonar por um belo par de olhos verdes, ou por um sorriso, sem nem me importar com o que vem depois. As vezes me pergunto , se as pessoas ē que estão muito desinteressantes, ou se sou eu que me tornei muito exigente e racional. Ou pior ainda, se a fase que estou passando ( idade madura) nos priva de alguma forma em encontrar beleza em olhares e sorrisos de pessoas maduras , transformando-as em pessoas pouco apaixonáveis.
Não sei dizer ao certo. Só sei que sinto falta de estar em um estado de paixão, e isto depende muito daquilo que as minhas artérias compreendem.
Sei que por vezes ( na maioria das vezes) posso aparentar ser fria e indiferente as reações alheias de emotividade. Tento compreender racionalmente o motivo , mas a resposta não vem. Nem poderia, as artérias não tem cérebro.
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