domingo, 11 de setembro de 2016

Seletividade excessiva




Quando vivemos fora da nossa zona de conforto, em um outro país, inseridos dentro de uma cultura com hábitos , mentalidade , leis e normas completamente diferentes daquelas as quais  estavamos acostumados, ocorre um fenômeno muito curioso. Aquilo que eu chamaria de exclusão social voluntária. 

Por mais que eu tente me inserir dentro da cultura e da forma de viver dos japoneses , chega um ponto que é quase que intransponível. Nem tanto pela lingua, creio que seja muito mais pela mentalidade local. O Japão é um país muito cheio de regras e convenções, o que dificulta muito a proximidade das pessoas, até mesmo entre eles. A falta de espontaneidade é uma coisa marcante aqui em terras nipônicas. Talvez eu só tenha percebido mais espontaneidade nos povos que habitam as ilhas de Okinawa. São um povo adorável e diferente de todo o Japão. 

Apesar de estar no momento vivendo em uma cidade onde existe uma concentração maior de brasileiros, eu tão pouco consigo me relacionar como eu gostaria. É uma coisa estranha. Aqui , ninguém te pergunta o que você fazia no Brasil, e quais as razões que nos motivaram em estar em terras nipônicas. Ē como se o seu passado não importasse mais. Igualmente, ninguem te pergunta como foi o seu dia de folga. Talvez porque os dias de folga aqui no Japão para nós brasileiros, seja um pouco tedioso. Na maioria das vezes é somente para descansar ou ir aos mesmos lugares de sempre, os mesmos amigos e parentes ( limitados) de sempre. Nenhum plano concreto para o futuro e muita, mas muita desinformação sobre a atual situação economica do Japão e do Brasil também. Algumas pessoas parecem literalmente caminhar no escuro, alheias a tudo que acontece no mundo. 

Eu tenho algumas boas amigas japonesas e outras peruanas. Amizades que cultivo hà anos, mas não consigo encontrar dentro de mim estimulos para estar com elas com mais frequência. A razão? Simples falta de interesse da minha parte. Os assuntos são sempre os mesmos, e eu estou sempre tendo que conduzir as conversas para que não fiquem repetitivas e chatas demais. 

Sinto muita falta de gente curiosa, de gente que faz planos e que me estimule de alguma forma a me auto-melhorar. Sinto falta de diálogos inteligentes , nem tanto no intelectual. Sinto falta de gente curiosa e corajosa a empreender algo novo. 

Eu poderia ir visitar minhas amigas nos meus dias de folga, mas me atenho a ficar em casa, em uma solidão voluntária. Claro que uma vez ou outra faço um esforço e as procuro, são imperfeitas, mas sao pessoas por quem tenho carinho e consideração. Acho que aos poucos estou aprendendo a respeitar as pessoas como elas são, apesar da minha tendência de querer muda-las ou de simplesmente me afastar delas. 

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