Toda a minha familia estava reunida em uma grande festa. Primos, tios, e alguns convidados inusitados, como por exemplo, Giuseppe, um siciliano que conhecí pelo Skype hà quase 9 anos atràs e até hoje faz parte dos meus contatos no Skype e no facebook. Ele foi convidado para a festa nåo sei por quem, e dirigia um belo e antigo fusca branco. Mas afinal, quem o teria convidado?
Eu não sei se eu havia sido convidada também, mas fui à festa como de hàbito. Nunca precisávamos de convites para irmos as grandes reuniões familiares na casa de minha avó. Fui , como de praxe.
Là estavam também os meus pais. Minha maē de braços dados com o meu falecido pai. Sim, era uma festa familiar para os antepassados , e meu pai estava là.
Sua expressão facial era mais leve, menos carrancuda oque me impressionou muito. Até parecia rejuvenescido uns 20 anos.
Meu pai se dirigiu a mim e com um tom de voz tranquilo e quase dôce me disse:
- Filha, eu te perdoei e espero que você esteja bem.
Ele sorriu, se virou e foi curtir a festa de braços dados com a minha maē.
Naquele instante eu compreendi a sensação de ser perdoado pelos nossos pais. É libertador.
Compreendí que a minha dificuldade em perdoar tinha raízes mais profundas. Eu precisava ser perdoada para perdoar.
Jamais passou pela minha cabeça a necessidade de pedir perdão a quem quer que seja. A minha mente egocêntrica esperava um dia poder evoluir o suficiente e aprender a perdoar , mas a verdadeira função do perdão não é a de perdoar.
A verdadeira função libertadora do perdão é a de recebe-la de alguèm que no nosso julgamento é imperdoável.
Precisei ver meu pai falecer e somente após mais de 2 anos , compreender que talvez o maior desejo de meu carrancudo falecido pai , fosse o desejo de perdoar-me . E eu, a de recebe-la.
Nenhum comentário:
Postar um comentário