domingo, 7 de setembro de 2014

O perdão, tarda mas não falha


Toda a minha familia estava  reunida em uma grande festa. Primos, tios, e alguns convidados inusitados, como  por exemplo, Giuseppe, um siciliano que conhecí pelo Skype hà quase 9 anos atràs e até hoje faz parte dos meus contatos no Skype e no facebook. Ele foi convidado para a festa nåo sei por quem, e dirigia um belo e antigo fusca branco. Mas afinal, quem o teria convidado?

Eu não sei se eu havia sido convidada também, mas fui à festa como de hàbito. Nunca precisávamos de convites para irmos  as grandes reuniões familiares na casa de minha avó. Fui , como de praxe. 

Là estavam também os meus pais. Minha maē de braços dados com o meu falecido pai. Sim, era uma festa familiar para os antepassados , e meu pai estava là.

Sua expressão facial era mais leve, menos carrancuda  oque me impressionou muito. Até parecia rejuvenescido uns 20 anos. 

Meu pai se dirigiu a mim e com um tom de voz tranquilo e quase dôce me disse: 

- Filha, eu te perdoei e espero que você esteja bem. 

Ele sorriu, se virou e foi curtir a festa de braços dados com a minha maē. 

Naquele instante eu compreendi a sensação de ser perdoado pelos nossos pais. É libertador. 

Compreendí que a minha dificuldade em perdoar tinha raízes mais profundas. Eu precisava ser perdoada para perdoar. 

Jamais passou pela minha cabeça a necessidade de pedir perdão a quem quer que seja. A minha mente egocêntrica esperava um dia poder evoluir o suficiente e aprender a perdoar , mas a verdadeira  função do perdão não é a de perdoar. 

A verdadeira função libertadora do perdão é a de recebe-la de alguèm que no nosso julgamento é imperdoável. 

Precisei ver meu pai falecer e somente  após  mais de 2 anos , compreender que talvez o maior desejo de meu carrancudo falecido pai , fosse o desejo de perdoar-me . E eu, a de recebe-la. 
 


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