domingo, 14 de setembro de 2014

Ser ou não ser...





Um comportamento muito clássico dos descendentes de japoneses ( os nikkeis ) aqui em terras nipônicas é que dependendo da proximidade de sua ascendência , muitos  já não sabem mais se são japoneses ou brasileiros. 

No Brasil ou em qualquer outro país somos classificados de imediato como japoneses, mas no Japão somos apenas "gaijins" , ou estrangeiros . 

Existe um certo preconceito em relação aos descendentes de japoneses que imigraram para países latinos no pós guerra. Isto é fato. Se você for descendente de um norte americano , isto jà muda de figura, e o tratamento é diferenciado.

Para nós que somos nikkeis , fica dificil nos posicionarmos efetivamente como " brasileiros" porque na realidade somos de ascendência asiàtica e a cara não nega. 

Então, como se comportar em situações assim? 

Entrar em uma crise existencial e renegar as origens, ou assumir e defender o sangue samurai que corre nas veias a todo custo?

Eu optei pelo meio termo . Não sou mais brasileira e também nunca fui japonesa. 

Então, o que eu sou?

Cidadã do mundo.

Decidi não me rotular mais , e assim as coisas vão funcionando por aqui. A minha ùnica referência brasileira é a de ser paulistana. Sou bem paulistana e isto eu não nego , não consigo mudar e nem quero mudar. 

Infelizmente , nem todo o nikkei que vive aqui em terras nipônicas se resolveu " ainda" com a sua real identidade. Nos descendentes mais velhos ( os de primeira geração) encontro com frequência o tal do complexo de vira-lata . Apesar de serem 100% de origem japonesa, em terras nipônicas o nissei não passa de um estrangeiro querendo se igualar aos japoneses desesperadamente para se sentirem   mais confortaveis  na propria pele. 

Este tipo de comportamento gera muitos conflitos entre os próprios descendentes que não conseguem aceitar o outro como igual, ou seja, um estrangeiro em terras longínguas que merece no mínimo um pouco de solidariedade. Afinal, estamos todos no mesmo barco.


Ignorância e preconceitos à parte, seria muito mais fácil se cada um se orgulhasse de suas origens e de sua nacionalidade tupiniquim

Quem não se orgulha de sí mesmo nunca poderà provar do respeito alheio . Estando em terras estrangeiras é preciso despir-se daquilo que fomos , sem esquecer- se de quem somos.

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