domingo, 26 de janeiro de 2014

Ficar ou não ficar? eis a questão



Hoje comentava com uma amiga a sua mania de grandeza, ela nunca tem dinheiro , mas sempre dá um jeitinho de comprar uma geladeira nova que custa cerca de 1.500 u$, jogos de jantar de porcelana, tvs de tela plana e etc.. 

Alias, ela já tem  uma Tv enooorme de tela plana mas agora está sonhando com uma que pegaria a parede toda de seu quarto. A tal Tv custa  em média 5.000 u$ aqui em terras nipônicas. E talvez ela realmente a compre, parcelando  em 10 ou 20 parcelas no cartão de credito. 

Eu não teria esta mesma coragem de gastar tanto com produtos e artigos para uso doméstico. Se eu tivesse 5.000 u$ disponíveis para gastar eu viajaria de férias para algum país exótico ou gastaria tudo no dentista, o meu carma. 

Fiquei horrorizada ao saber de suas últimas aquisições, uma geladeira novinha em folha , um aparelho de ginástica e uma vassoura vaporizada. Por incrível que pareça, o seu salário não é tão maior que o meu, porém as suas dívidas sempre foram maiores que as minhas. Neste final de ano ela terminou de pagar um financiamento para um Banco Japonês para concluir os estudos universitários de um de seus filhos na Austrália. 

Apesar de achar um absurdo os gastos que ela faz e as dívidas que ela assume , tenho que concordar em um ponto. Não devemos ter dó de gastar para viver com mais conforto aqui em terras nipônicas, afinal, nem só de labuta se vive em um país estrangeiro. 

A diferença entre o meu modo de ver as coisas e o de minha amiga , é que eu nunca sei aonde é a minha casa, o meu lar. Nunca quero ter muitos objetos por que de uma hora para outra posso precisar ir embora, ou mesmo não precisando , posso querer ir embora. Quanto a minha amiga, ela já se decidiu a viver por aqui com a sua família. De certa forma ela tem uma vida "normal" em terras nipônicas , no quesito aquisição de bens para o " bel prazer". 

Hoje me conscientizei da gravidade deste processo de ir e vir de um lado ao outro do planeta sem plantar raízes em lugar nenhum e ainda por cima ir perdendo naturalmente a identificação com o meu próprio país. 

Esta vida ping-pong já não está mais funcionando, é hora de começar a viver de verdade sem pensar em um amanhã do outro lado do Planeta. Ou se vive o aqui e o agora ou o tempo passará enquanto planejo e desenho o meu futuro no ar sem saber ao certo que rumo tomar. 

Hoje fiquei muito pensativa, ainda mais quando a minha amiga me disse para eu ficar aqui para sempre e parar de viajar com planos em vão para o Brasil. Naquele momento, a idéia me chocou. É a primeira vez que ouço alguém me dizer para ficar em terras nipônicas para sempre. Talvez aquilo que mais me assuste é justamente esta frase: para sempre. Viver aqui no Japão em definitivo é dizer adeus à possibilidade de estar novamente em família...forever alone....coragem!!!!!

Um comentário:

Viajante disse...

Dureza , não?
E quanto mais dúvidas temos, mais a vida vai passando e se estagnando. Chega um ponto na vida em que recomečar não é mais o grande desafio, de agora em diante "continuar" é o grande desafio. ;-)
Boa sorte na sua viagem....