Após viver tantos anos inserida dentro da cultura nipônica, é muito dificil , ou quase impossível voltar a ser quem eramos antes de vivenciar tal experiência.
Quando vim ao Japão pela primeira vez não tinha idéia do quanto eu era mal educada.
Jogar bitucas de cigarro pelas ruas era uma coisa normal para mim, hoje não consigo mais jogar nenhuma bituca de cigarro na rua e tenho sempre comigo o meu cinzeiro portátil.
Sentar de pernas abertas ou cruzadas ( fazendo um quatro) era hábito normal, hoje penso duas vezes antes de me sentar desleixadamente em locais públicos.
Atender ligações do celular dentro de transportes coletivos também era uma coisa muito normal, hoje desligo o celular antes mesmo de entrar em algum ônibus.
Encontrar dinheiro esquecido no caixa eletrônico seria pura sorte na minha antiga mentalidade tupiniquin, hoje respeito a lei japonesa e entrego o dinheiro ao responsável do estabelecimento, seja loja de conveniência ou banco. Existe uma lei aqui no Japão para achados e perdidos com punição para quem não as segue.
Separar o lixo era outra coisa que não gostava muito de fazer , hoje não consigo mais jogar embalagens plásticas no lixo sem lava-las primeiro e separara-las devidamente.
Fila! nossa! Odiava ter que enfrentar filas e sempre dava um jeitinho de passar na frente, hoje é a coisa mais natural e lógica, esperar a minha vez.
Rodizio semanal para limpeza do ambiente de trabalho. Acho que isto nem existe no Brasil, mas fui obrigada a aceitar as regras japonesas e me revezar com meus colegas para lavar banheiro, varrer escadas e o refeitório. Além de levar todos os dias um saquinho para jogar o meu lixo do almoço e traze-lo para casa.
Almoçar na rua , em restaurantes , com o famoso ticket-refeição era um luxo quando estava no Brasil, hoje preparo o meu próprio obentô ( marmita japonesa) ou vou comer um ramen rapido pago do meu bolso, assim como o fazem muitos executivos japoneses. Aqui, o habito de levar marmita de casa é quase uma tradição e ninguém tem vergonha de comer o seu obentô em qualquer lugar. Seja na mesa do escritório, no refeitorio da fabrica, em uma praça ou dentro do carro. É bem mais economico também.
Buzinar no trânsito me parecia uma coisa tão óbvia no transito louco de São Paulo, aqui ninguém fica buzinando a toa, e isto vale também para os ciclistas.
Falar alto, ouvir musica ou promover festinhas barulhentas após um certo horário era coisa normal no Brasil, aqui a lei do silêncio é respeitada e se algum vizinho se incomodar, você corre o risco de ter uma visitinha da polícia local.
Uniformes. No Brasil apenas algumas empresas exigem , aqui a coisa é bem diferente. Todo mundo usa uniformes no trabalho. Eu, particularmente acho ótimo. Economizo horrores com roupas e calçados que só compro mesmo para sair ou viajar.
Outra coisa que aprendi aqui em terras nipônicas é apreciar a beleza da natureza e contemplar suas formas e cores. Coisa que eu não fazia vivendo em uma cidade de pedra como São Paulo.
Andar de bicicleta para mim era apenas a passeio, hoje uso a minha bicicleta como meu principal meio de locomoção. Muito mais econômico , não poluo o ar , e sou uma pessoa a menos engarrafando o transito.
Existem tantas outras coisas que aprendi estando aqui em terras nipônicas, estas são apenas algumas.
Nestas horas fico me perguntando se eu seria capaz de viver novamente no Brasil ?
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