sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Ser ou não ser, eis a questão

Pra variar as minhas relações profissionais andam muitissimo bem obrigada. Parece que os astros estão mesmo contribuindo para que eu mantenha uma certa harmonia no meu ambiente de trabalho. Para muita gente pode até ser pouco e não representar absolutamente nada, mas para mim é uma grande vitoria poder vencer e ser respeitada no trabalho ,mesmo sendo uma estrangeira em terras nipônicas.
A vida inteira cresci com o meu pai (japonês da gema) criticando o meu jeito de ser e de pensar .Nunca fui uma típica filha de japoneses ,submissa, cordial, obediente e atada as tradições .Muito pelo contrário, eu era a ovelha negra da família e sempre me recusei a aprender e a viver as tradições dos meus pais. Eu, particularmente penso que se uma pessoa deseja manter as tradições familiares não deve nunca sair de seu país de origem e imigrar para terras longinguas com tantas diferenças culturais. Ou você se adapta, ou volta para o seu país e pronto.Tem até uma outra opção: vai viver nos Estados Unidos, onde as pessoas vivem em grandes comunidades separadas naturalmente pelas suas origens culturais.
Desde que cheguei no Japão sempre me senti muito brasileira e com um orgulho de se-lo, que nunca tive enquanto vivia no Brasil, só fui me sentir orgulhosa do meu país quando eu o deixei.Afirmo e reafirmo que sou brasileira com muito orgulho, apesar das minhas origens 100% nipônicas.
Ultimamente, os meus colegas de trabalho (japoneses) insistem em dizer que eu não sou brasileira e sim japonesa. Será que eu fui finalmente aceita por eles?
O japonês é uma raça declaradamente preconceituosa que não gosta muito de se misturar com outras raças, a não ser que seja americano ou europeu. Eles destestam os latinos (peruanos, bolivianos, paraguaios, uruguaios e etc) porém percebo que existe um certo respeito com relação a nação brasileira.
No proximo mês a japonesada está programando um pequeno jantar entre os colegas de trabalho (só japoneses) e euzinha sou a única estrangeira na lista dos vips. Eles, os japas, não querem de forma alguma que estejam presentes os nikkeis brasileiros ou peruanos. É preconceito declarado ou não?
Por um lado fico muito feliz por ter sido finalmente aceita entre eles, mas ao mesmo tempo me sinto ofendida. Não fui aceita entre eles por ser brasileira, muito pelo contrário, fui aceita por eles por ser filha de japonês legítimo.
Neste momento estou vestindo a camisa...ops...o kimono de gueisha, amanhã sabe se lá...

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