sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

ironias da vida


Meu pai que é um japonês legítimo, daqueles que sairam marcados pela segunda guerra na infância (eu tô velhinha) e com aquela típica tendência a oprimir os filhos sempre me dizia que eu não poderia ser como eu sou. Mas qual é o problema de ser uma pessoa espontânea?
Pois é, meu pai sempre me dizia que mulher não pode isso, não pode aquilo e etc. Coisas de japonês antigo.Fazer o que?
Dentre as coisas "absurdas" que eu ouvi da boca do meu pai é a de que ninguém se interessa por mulher de mais de 30 anos.Pode um absurdo desses?Na época eu estava no auge da minha crise dos 30 anos e namorando um carinha 7 anos mais novo do que eu. Ninguém merece ouvir um absurdo desses.Certo?
Contrariando totalmente as idéias primatas de meu dignissimo genitor eu começei a viver de verdade após os 30 anos. Mais irônico ainda é vir parar na terra do meu pai ,que por sinal ainda é muito cheia de preconceitos infundados e descobrir que tudo aquilo que meu pai me dizia sobre como uma "mulher decente" deve se comportar segundo as tradições japonesas eram meros conceitos tradicionais que na vida prática não servem de nada. Quero dizer que aquela tal espontaneidade que o meu genitor sempre fazia questão de reprimir em mim tem sido um dos fatores positivos na minha convivência com os japoneses. É claro que o povo japonês é ainda cheio de preconceitos e convenções , mas ao mesmo tempo eles adoram pessoas que são originais e comunicativas. Talvez seja porque é uma coisa que falta neles.Coragem de ser quem é.
O povo japonês é muito timido ,rigido e desconfiado, portanto, é muito difícil conquistar a confiança deles, parece que eles colocam uma muralha na nossa frente pra se protegerem não sei do quê. Eu como não estou me importando muito com as convenções japonesas sempre dou um jeito de passar por cima dessa "muralha". E não é que eles gostam?
Os japas que se relacionam comigo sempre me dizem : - "Se é você pode."Tipo, não é que eles permitem logo de cara tamanha aproximação e intimidade , mas se sou eu não tem problema.
Contrariando mais ainda as convicções primatas de meu dignissimo genitor japonês, eu tenho um fã japonês que é sei lá....uns 15 anos mais novo do que eu e nem tá ligando muito se eu já passei dos 30 anos. Aliás, faz um tempinho que já passei dessa fase...:-)
Ironia da vida?Sei lá! Eu sempre digo que na vida não existem verdades absolutas. Tá aí a confirmação.
As pessoas poderiam ser mais felizes (menos infelizes) se não se atassem a preconceitos e tradições ultrapassadas. Aquilo que aprendemos e vivenciamos na infância nos serve como um parâmetro (por um tempo) mas com o passar do tempo só atrapalha a nossa busca . Ter bom senso e saber separar "o joio do trigo" é obrigação nossa.

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