terça-feira, 1 de outubro de 2013

As senhoras risadinha


Não dá para descrever o Japão como a um país alegre e de gente otimista, muito pelo contrário , os índices de suicídios no país dos comedores de miojo lamen são alarmantes. 

Um entre cada 10 japoneses tem pelo menos um conhecido , ou familiar que cometeu suicídio por inúmeras razões.Desde adolescentes que sofrem bulling nas escolas , personalidades da mídia , empresários falidos e idosos. 

Se eu for pesquisar a árvore genealógica dos meus antepassados com certeza irei encontrar alguém que cometeu tal ato. 

Apesar desta " cultura" japonesa de se suicidar por " honra" , ou seja, a honra perdida em alguma esfera da vida, existe uma porção de japoneses , muito mais frequente nas senhoras japonesas , uma característica no mínimo curiosa : elas riem de tudo. Às vezes eu fico meio sem ação nestas horas porque a impressão que tenho é totalmente inversa. E pior, elas continuam rindo mesmo que você esteja falando sério e a conversa não tem um prosseguimento normal. Fica só na risadinha. 

Dà vontade de perguntar: - Tá rindo do que?

Talvez seja uma forma , na cultura local, de demonstrar interesse mesmo sem estar interessado. Para mim que vivi muito mais a cultura brasileira do que a japonesa, e agora  estou fazendo o caminho inverso, por vezes tenho a impressão de que japonês é uma raça falsa. Riem o tempo todo para você, mas pelas costas estão sempre fazendo algum comentário crítico, ou planejando um suicídio. 

A questão deste comportamento japonês está no conceito japonês de que nunca devemos demonstrar nossas emoções em público. A partir do ponto de vista ocidental, uma pessoa não pode ser tão dissimulada assim sem ser desmascarada no decorrer de algum relacionamento, porém, aqui no Japão é muito difícil desvendar a verdadeira personalidade de um japonês. Só convivendo entre quatro paredes. 

Existe um " exagero", no comportamento japonês de ser sempre cordial, principalmente com estranhos , ou colegas de trabalho. Bom, nem todos são assim, não dá para generalizar, mas a cultura existe, e para nós que tivemos uma orientação ou vivência mais ocidentalizada fica dificil saber quem é amigo de verdade e quem está apenas sendo cordial. 

Até hoje não sei dizer se as minhas amigas japonesas me aceitam somente pelo fato de eu ser filha de um japonês legítimo, ou se elas me aceitam assim como sou, uma estrangeira. Creio que vou morrer com esta dúvida. 

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