quarta-feira, 22 de junho de 2016

Lá em casa tem um poço...

 

"... Lá em casa tem um poço , 
mas a água é muito limpa..."
Há tempos - Renato Russo


" Lá em casa tem um poço sem fundo, mas a água é muito turva..." 

Talvez esta seria a minha versão para a letra da canção de Renato Russo. Falando de maneira analógica, eu sou um verdadeiro poço  sem fundo quando o assunto é satisfazer as minhas necessidades emocionais. Quero sempre muito mais do que aquilo que as pessoas tem a me oferecer.

 Quero provas, quero pactos de sangue, e mesmo assim parece que ainda falta  algo. Nem sempre as pessoas estão dispostas ,ou preparadas a se doarem tanto , e nem sempre eu mesma estou disposta a tanto, mas o meu "poço sem fundo" quer. 

Quando criança tinha sonhos frequentes  em que eu caia em um poço tão profundo que a minha queda nunca tinha fim. Ficava alí caindo em camera lenta como se eu flutuasse , desafiando a lei da gravidade. 

Hoje , passados anos ( bota anos nisto) , compreendo que aqueles sonhos eram a representação de meu estado emocional quando criança e a minha necessidade primordial de encontrar segurança emocional em algo, em alguém, em alguma coisa. 

Também poderia justificar este meu "poço" com a astrologia. Afinal, quem  possui o Sol na casa 8 , a casa de Hades o deus das  profundezas, não deixa de ter caracteristicas bem Escorpianas. Pior ainda quando temos também a Lua neste Signo. Tem vezes que me sinto muito mais Escorpiana do que Capricorniana, isto é fato. 

Assuntos ligados as profundezas da alma, emoções viscerais e sexo. Tudo isto é muito marcante na vida de pessoas com vários aspectos na casa 8 . No caso eu.

Como sou Capricorniana, tais emoções se contra-dizem com a racionalidade natural dos signos de terra. E então, está armada a confusão. Desconfiança, incredulidade, frieza , inflexibilidade , passionalidade e medos paranóicos. Tudo isto misturado em um poço profundo e sem fundo. Não dá pra flutuar nele. Ou você se joga e cai onde tem que cair , ou vai ficar a vida inteira flutuando sem chegar ao ponto. E o ponto é não temer a queda e parar de se segurar nas beiradas evitando o inevitável. O medo da queda tem que ser transmutado . 

Hoje posso compreender melhor  o meu fracasso nos relacionamentos.  Não  por falta de oportunidades. Que  aliás, foram inúmeras. Mas   a minha incapacidade de entrega total nos relacionamentos  . Ao mesmo tempo em que o medo paralisa a minha queda neste "poço sem fundo" das emoções , transfiro para o outro ( seja quem for) as minhas mais profundas carências e inseguranças. E isto, expressa-se frequentemente  em relacionamentos que tragam algum tipo de conforto : um parceiro emocionalmente submisso ou  materialmente poderoso. 

Menos  mal.  Já  sei das minhas falhas e de meus defeitos , agora o desafio maior é  parar de flutuar neste poço fundo e me jogar de cabeça. Missão quase que impossivel para uma Capricorniana da gema. O que não deixa de continuar sendo uma missão individual, para assim poder vivenciar relacionamentos mais profundos e verdadeiros. 

Quem sabe não dá para descer com uma corda , forrar o fundo do poço com um colchão , ou colocar uma catapulta no fundo do poço que me arremesse para fora dele?

Capricornianos foram feitos para escalarem montanhas,  e não para se jogarem em um poço profundo e incerto . Talvez este seja o meu maior desafio individual nos relacionamentos: o meu poço sem fundo. 
 Ninguém é obrigado a se jogar no meu poço sem fundo  para suprir as minhas carências e os meus medos . A dona do poço sou eu. 


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