terça-feira, 5 de julho de 2016

Blindada contra chatos

                           Eu to escutando , mas não to ouvindo

Aqui em terras nipônicas è muito frequente cruzar com brasileiros descendentes de todas as regiões do Brasil. A ala mais jovem quase nunca trabalharam  no Brasil, não são poucos os jovens descendentes de japoneses que vieram ao paîs do Sol nascente ainda crianças , acompanhando os seus pais. Estes são os jovens brasileiros sem nenhuma vivência real brasileira , e nem japonesa. Ah , mas são jovens, oque é uma vantagem. 

Agora, a ala problemática na convivência aqui em terras nipônicas são as obatians brasileiras descendentes de japoneses,oriundas de todas as regiões do Brasil. Elas tem entre 40 e 60 anos , algumas são solteiras e sem filhos, outras separadas e tambèm sem filhos. É muito raro encontrar uma mulher com mais de 40 anos , descendente de japoneses , que seja solteira , viva sozinha , e esteja de bem com a vida por aqui. A solidão faz imensos estragos em pessoas que optaram por viverem  sozinhas sem a menor vocação para isso. 

Para viver sozinho (a) em terras estrangeiras é preciso ter vocação. É preciso apreciar o tempo em que se está só. É preciso gostar da propria companhia, pois ela serà a nossa unica opcção  por dias, meses, e anos. È preciso ter ideais sólidos, um hobby , muita atividade mental e principalmente , sonhos. 

Preencher o silencio e o vazio de uma vida solitária em terras nipônicas não é pra qualquer um. Tem que gostar destes espaços vazios e se recriar a todo instante. 

Infelizmente a grande maioria se deixa levar pelo vazio que a solidão nos causa. Ansiedade, mau- humor, desanimo e carência afetiva são apenas alguns dos problemas a serem enfrentados todos os dias. O perigo maior em viver uma vida solitária é a de sofrer influências de sí mesmo, ou seja , a falta de convivio social faz com que as pessoas sejam reflexo delas mesmas e não do mundo lá fora. Acaba-se criando um mundo que só interessa a elas mesmas. 

Ultimamente eu ando me esquivando de gente assim. Sinto um pouco de pena, mas a minha paciência é curta demais . Não dá pra suportar alguém que de dez palavras que fala , nove è só reclamação, ou aquelas pessoas que só falam sobre um unico e desinteressante assunto o tempo todo. Tipo, comida. Tem gente que tem a capacidade de te interromper no trabalho pra  falar sobre comida o tempo todo. Um refrigerante novo mais gaseificado ( eu não bebo refrigerantes) , uma receita de bolo de fubà, ou de sua vontade de devorar uma bandeja de sanduiches caseiros. 

O pior é gente fofoqueira que não sabe fazer outra coisa senão falar mal de alguém, aumentar , deturpar , e ainda ter a capacidade de argumentar por mais de 15 minutos . Eu odeio fofocas. Sempre tem alguém que deturpa tudo,  e quase sempre aquela história , que nem nos interessa , vem sempre com uma versão parcial do assunto. Ou seja, meu ouvido não è pinico. 

A vida não se resume ao nosso desgastante dia-a-dia. Podemos viver longas jornadas de trabalho ( comum aqui) , voltar sozinhos pra casa cansados e ainda ter tempo pra ler um bom livro, um video vlogger no youtube, notícias do Brasil e do mundo. Ou até mesmo acompanhar uma novela japonesa ou os programas de variedades japoneses. Aprende-se muito da lingua e da cultura. 

Abordar uma pessoa para conversar sem ter um assunto que interesse a outra pessoa è no mínimo falta de educação. Saber interagir com as pessoas é uma arte. Despejar nas pessoas apenas aquilo que leva dentro de si (reclamações e receitas da vovozinha) está mais pra um monólogo do que um dialogo. Melhor pegar um espelho e falar sozinho. Aliàs, tecnica perfeita para os ansiosos. 

Graças a Deus eu estou blindada contra estas situações. São muitas as vezes em que pessoas solitárias se identificam comigo pelo fato de eu viver sozinha aqui em terras nipônicas. Como se todo solitário sofresse do mesmo mal. A minha solidão é ocasional e muito, muito seletiva. 

"Não sou antissocial, só penso ser desnecessário interagir com certas pessoas" . 

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