Por vezes me sinto uma grande observadora do mundo. Sento- me diante ao meu computador e começo a ler as notícias do Brasil e do mundo. Alguns sites portugueses ( euronews) são mais informativos, falam sobre aquilo que ocorre no mundo e não apenas aquilo que ocorre em territorio nacional. Eu prefiro.
Entre uma notícia e outra , vejo fotos de algumas amigas que regressaram ao Brasil. Uma se casou e teve um belo filho, outra rejuvenesceu com uma dieta e um novo corte de cabelo, outra ingressou firme em uma Universidade, outra segue curtindo muito a família, e assim vai.
Todas estas pessoas tiveram que recriar suas vidas ao regressarem ao Brasil, com muita coragem e determinação. Se estão felizes ou não, se o salàrio do mês é compatível com toda esta recriação, não sei dizer. São detalhes íntimos da vida e das escolhas de cada um. Porém, aquilo que difere tremendamente entre aqueles que se foram e aqueles que aqui ficaram, ou voltaram ( meu caso) , é o brilho no olhar.
A segurança de estar proximo a família, amigos e velhos conhecidos, e a liberdade de poder escolher por onde recomeçar a vida com certeza são fatores que nos impulsionam a caminhar em frente com determinação e alegria.
E aqueles que restaram aqui?
Bem,eu não conto porque já fui e voltei tantas vezes que já nem sei mais em que estagio da vida estou . Acho que estou na berlinda... nem lá e nem cá.
A vida no Japão para os estrangeiros é muito limitante, são poucos os estrangeiros que vieram com um ideal de vida e conquistaram os seus objetivos em outras áreas . É preciso ter muita determinação e saber para onde se está caminhando.
A maioria dos brasileiros que vivem em terras nipônicas ( após a crise) não tem mais grandes ideais financeiros. Cada um vive a sua realidade como pode. Com a instabilidade economica e as mudanças frequentes na política econômica japonesa , o Japão deixou de ser interessante sob um aspecto financeiro.
Ok, e o resto?
Para aqueles que decidiram ficar em terras nipônicas , ou regressar ( como eu) , sem grandes expectativas financeiras , a vida se torna uma grande rotina , por vezes insuportável.
Nestas ocasiões é preciso também reinventar a vida, apesar de todos os limites do cotidiano . Uma reclamação frequente de todos os meus amigos que vivem ou viveram aqui no Japão é a falta do que fazer. Tudo no país é muito certinho e padronizado, e até mesmo sair por lazer são atividades muito parecidas e quase metódicas. Isto enche o saco de qualquer ser humano.
A necessidade de fazer algo diferente e abrir novos horizontes se torna algo sufocante pelo excesso de tradicionalismo e nacionalismo japonês. Talvez até para eles ( os japoneses nativos) a vida seja assim, limitante sob alguns aspectos.
Nada de grandes planos para o momento. Algumas idéias na cabeça , muita prudência e pés no chão retratam o meu momento atual. Nada de me rebelar contra os limites e o tradicionalismo japonês, seria prejudicial. O momento pede tranquilidade e seriedade para aproveitar aquilo de melhor que o país tem a nos oferecer: o tradicionalismo.
Quem diria? Eu falando em tradicionalismo! Não deixa de ser um momento de recriação e aceitação.
Será que meu karma está mudando?
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