sábado, 3 de maio de 2014

relacionamentos virtuais



Como todo mundo já sabe, eu quando estou aqui no Japão não tenho o mínimo " tesão" de conhecer ninguém . Os japoneses na sua grande maioria são muito parecidos, não  só na aparência como no comportamento. É como se eles fossem feitos todos numa forma só, na mesma  linha de produção. Salvo , raríssimas exceções. 

Minhas amigas japonesas também são assim, por mais que elas tenham um caráter diferente, elas são muito iguais no comportamento. É o tal do comportamento padrão. Isso cansa a minha beleza. 

Tenho evitado estar com os meus amigos e amigas japas , que são poucos, mas o suficiente para me deixarem entediada. São muito previsíveis e isto me dá um nervoso. 

Para sair deste circulo vicioso de comportamentos padrões do Japão e não ficar igual a eles, eu procuro conversar com gente diferente sempre que posso, e a saida tem sido a internet. 

Se fosse a alguns anos atrás, as pessoas diriam que eu estou louca por estar perdendo o meu tempo na net com pessoas virtuais. Pèra là! Estas pessoas tem vida, tem um corpo físico e cérebro, apenas estão distantes. Eu acredito que aprendi muito mais sobre " pessoas" neste mundo virtual do que no nosso mundo  real. 

As minhas primeiras aulas de italiano eu fiz com a ajuda de um brasileiro que vivia no Rio Grande do Sul, ele me ajudou muito todas as vezes que eu tinha alguma dificuldade em formas frases em italiano.   Depois que aprendi o italiano, perdi contato com ele, mas que ele foi muito ùtil isso foi. 

Meus ultimos relacionamentos afetivos também nasceram no mundo virtual e partiram para o mundo real. Alguns não deram certo de cara, no desembarque do aeroporto, outros duraram mais do que eu poderia imaginar, e outros foram apenas aventuras. Assim como na vida real. Senti as mesmas dificuldades dos encontros e desencontros da vida real, a unica questão que esfriava mesmo os relacionamentos era a distância e a falta de tempo e dinheiro ( da minha parte) para estar vivendo um romance intercultural. 

Nos relacionamentos interculturais que começam pela internet a dificuldade maior que passamos é a distância e a disposičão de tempo para ultrapassar aquela fase do conhecimento. Um dos dois  tem que viajar muito, e um dos dois tem que se arriscar mais em prol da relação. Por estes motivos muitos relacionamentos virtuais não dão certo quando a distância é muito grande. Quem dirá a diferença  cultural no comportamento de cada um. 

Esta semana me inscrevi em um outro site português para pessoas mais maduras. O chato desse site é que só tem purtuguéissss bigodudo com mais de 60 anos on-line. Uma minoria está em torno dos 30 e pouco , 40 e 50 anos. 

Quando uma pessoa se aventura a conhecer pessoas em sites assim deve estar preparado para encontrar de tudo, absolutamente tudo. Desde pessoas que realmente se descrevem tal qual são , a aquelas pessoas que omitem informações e as que inventam um perfil. 

Encontrar uma pessoa séria  com um perfil 100% verdadeiro é como jogar na loteria. O mais engraçado é ler a pagina de apresentação da mulherada , quase todas com mais de 40 anos, divorciadas ou viuvas . Todas se apresentam como mulheres de bem com a vida, alegres e simpáticas. Será? 

Nos chats quando me chamam eu procuro pelo menos cumprimentar quem me chamou, mesmo que não seja o meu tipo e depois bye,bye. 

Em um desses chats um português com uma aparência terrível me chamou, e eu por educação conversei com ele, pensando que além daquela aparencia existia alguém interessante. No perfil dele estava escrito profissional de marketing, mas logo de cara ele disse que não era publicitário e trabalhava com carros. Motorista de taxi? Caminhoneiro , ou mecânico? 

O tal português não foi muito claro com relação ao seu trabalho, mas confessou que nunca se casou (56 anos) por ter uma doença neurovegetativa. E pelo visto é verdade, ele vive até hoje com a maē. Fiquei com pena e conversei com ele por longas horas. No dia seguinte lá vem o portuga querer conversar de novo. Meu Deus do céu , como esse povo anda carente de atenção. 

Um outro francês que eu pensava ter 37 anos não era francês e sim um português de 44 anos. Meu Deus do cèu! Mas porque será  que esse povo tem que se esconder atrás de um perfil falso só para ter a atenção de alguém?

Segundo o francês que não era francês , ele não quer se mostrar na net porque o fato de se mostrar demais gera obstáculos, com relação a idade, a profissão, e toda e qualquer aproximação verdadeira se vê anulada por questões de estatus social. Em parte devo concordar com o português que se dizia francês e nasceu em Lisboa. Por que ele deveria se mostrar para alguém que não o conhece como ele é de verdade  se irão julga-lo ou classifica-lo por uma aparência, idade ou condição social ?

Eh, faz sentido o raciocínio do português que não era francês. 

Fiquei um pouco frustrada ao saber que eu nunca ouviria um francês falando português com aquele sotaque típico. Foi até engraçado porque ele até tentou distarçar o sotaque lusitano e não conseguiu. Aos poucos ele foi falando mais e o sotaque " portuga" ficando mais acentuado. Tinha horas que eu tinha que  pedir para repetir a frase duas vezes. 

Mesmo falando na Webcam com video , ele não quis de forma alguma falar absolutamente nada sobre a vida pessoal dele. E ainda se irritava o portuga. Só consegui pescar que ele aluga um estudio nas ferias perto de uma praia na França e que toca violão ou guitarra.

Mais nada, absolutamente nada. Foi aí que eu entendí porque ele não conseguia conversar com ninguém nos chats. Imagina um cara chato desses cheio de caprichos e ainda por cima excêntrico?
Ninguém vai dar atenção . Só a trouxa aqui. 

Ao mesmo tempo percebi o quanto ele era carente de relacionamentos verdadeiros. Relacionamentos que primeiro viesse ele e depois os rótulos da sociedade. É excentrico ou não é , o portuga?

Bom, ja analisei  o mapa natal dele e deu para entender um pouco o seu jeito excêntrico de pensar. Meio chatinho, mas é inteligênte. E o pior, o portuga não é feio não...;-)

Foi dificil eu entender a postura dele, além das diferenças comportamentais , mentais e de expressão que deve existir lá na terrinha da "batata aos murros ". Não é só porque ele fala português que não existam diferenças, Existem sim, e quando conhecemos pessoas de outras culturas através da net, é sempre aconselhavel estar atento a isso, as diferenças comportamentais de cada cultura.

Ele teve sorte. Eu tenho plena consciência das diferenças culturais entre as raças e nunca vou julga-lo a partir do meu ponto de vista brasileiro, antes de saber quem ele realmente é. Sorte dele mesmo, porque eu não tenho esta mesma paciência com a japonesada.

Bom, a amizade virtual continua, afinal temos alguma coisa em comum e o papo é inteligente ( meio chato) mas vamos dar uma chance ao português que não era francês ...







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