Convivendo entre os japoneses hà anos , pude perceber uma particularidade na raça. Não querendo generalizar, mas como todos os povos tem sempre uma certa tendência comportamental por sua cultura, localização e clima , eu ouso dizer que, os japoneses não entendem de nada.
Lhes falta aquela capacidade de perceber o que ocorre à sua volta. Palavras não ditas , olhares e gestos físicos também fazem parte da boa comunicação. E como todo mundo sabe, os japoneses não são muito de demonstrar as suas emoções em público, economizam em elogios e por aí vai.
Aqui no meu trabalho a situação vai de mal a pior. Desde que eu regressei ao meu trabalho, creio que mais de 60 pessoas foram demitidas. Se antes eramos em 30 inspetores na minha seção , hoje nos resumimos a 8 pessoas. Recentemente foram transferidos para outros setores mais 4 inspetores. Duas mulheres e dois homens . Os homens serão obrigados a por a mão na massa literalmente, e serão transferidos para o setor operacional de maquinas.
Ontem foi o último dia de um colega japonês como inspetor na minha seção, ele deverá trabalhar no corte de vidros e sem nem ter direito a uma hora de almoço apenas intervalos de 15 minutos porque as maquinas não podem parar.
É obvio que o japonês estava insatisfeito com esta mudança. Afinal, ele se candidatou a vaga de inspetor de lentes porque o trabalho era muito tranquilo . Função exercida apenas por mulheres . E ainda por cima ganhava mais só pelo fato de ser homem.
Hà dois dias eu vinha percebendo que ele estava muito agitado. Reclamava o tempo todo, como se estivesse desanimado , e ao mesmo tempo estava muito mais gentil do que de costume comigo. Logo imaginei que ele estava agitado porque eram os seus ultimos dias na seção e uma mistura de ansiedade por ter que começar um outro trabalho ( que ele não queria) e de deixar o convivio com os colegas de sempre o estavam perturbando. Fiquei com pena do japa. Um rapaz de 24 anos , muito inteligente, comunicativo , prestativo, ex- cabelereiro e filho de pais ricos que aliás , não vivem com ele porque ele odeia o pai.
Eu fui capaz de perceber o seu estado de ânimo por sua agitação. Quem disse que as outras japas perceberam algo?
Uma delas veio comentar comigo que ele estava reclamando demais por não saber se fazia hora extra ou se ia embora. Bem, não é tão simples assim. Na minha concepção ele estava desmotivado e não sabia mais se valia a pena se esforçar.
Quando chegou ao final de seu turno ele já chegou anunciando que ia embora em voz alta, como se quisesse ouvir um : Boa Sorte, ou coisa do gênero. Era o seu último dia na seção .
Como ninguém se pronunciou, eu me virei e me despedi dele lhe desejando boa sorte no novo trabalho . Ainda lhe disse que ele faria muita falta. E pior que é verdade, ele é muito comunicativo, coisa rara entre os japas.
Agora, as outras japas nem pra desejar boa sorte ?
A impressão que eu tenho com uma certa frequência é a de que aquilo que se passa dentro de nós não importa muito a esta raça. Apenas aquilo que está obvio , visível e intendível. Claro que nem todos são insensíveis assim, mas para se fazer entender aqui no Japão é preciso falar claramente e abertamente, caso contrário , eles sempre vão imaginar as situaçōes apenas pelo seu próprio ponto de vista.
Aquele velho ditado: Para um bom entendedor, meia -palavra basta. Não serve em terras nipônicas. Eles nunca conseguirão captar mensagens nas entre-linhas. Este fato se deve a mania de padronizar tudo, até comportamento.
Aos poucos vou percebendo e compreendendo esta raça . Não é que sejam frios, são contidos, e não é que sejam preconceituosos, eles temem o novo e o desconhecido. E por fim, não é que sejam insensíveis, apenas não usam todos os seus sentidos, são fracos em percepção.
Vivendo , aprendendo e mais que isso, impondo aos japoneses a minha percepção.
Quem sabe assim, ao menos uma meia- duzia que convive comigo todos os dias , aprendam a necessidade de se comunicar também sem palavras...
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