domingo, 6 de julho de 2014

Uma palavra basta


Com as últimas notícias da Copa e a saida de Neymar da semi-final, circulam pela net depoimentos de seus familiares que são no mínimo comoventes. 

Sua relação com o pai , a vejo fantástica. Sem dúvida alguma o nosso astro do futebol é o que é hoje por ter recebido muito apoio da familia . Claro que não vamos negar o seu talento nato. Algumas pessoas já nascem com isso, assim fica até mais fácil receber apoio de quem quer que seja. Mas vamos admitir. Não é facil se tornar e se manter um astro , que seja em qualquer profissão. É preciso muita disciplina e dedicação.

Muitas pessoas nascem com dons, que por vezes passam desapercebidos, não recebem estímulo e assim a vida vai passando e aquilo que era talento nato se transforma em um mero hobby.

Quando digo estímulo, não me refiro a ajuda financeira, me refiro a palavras de incentivo. Uma palavra basta para estimular um adolescente , e uma palavra basta para desestimular igualmente. 

Na fase da adolescência somos cheios de medos, dúvidas, inseguranças que nos norteam a mente. Um comentário, uma crítica , uma simples palavra pode nos sentenciar pelo resto de nossas vidas de forma inconsciente na vida adulta. Por  mais que nos esforçemos com as nossas conquistas vem sempre em mente aquela palavrinha , aquela frase inconsequênte que seu pai ou sua maē proferiram sem nenhuma intenção. 

- Vai trabalhar de qualquer coisa , mas não fique em casa sem fazer nada. Esta era a frase que eu ouvia de minha maē com uma certa frequência quando eu era ainda adolescente. 

"Qualquer coisa" , além de ser muito vasto é depreciativo demais. 

Analisando a minha vida profissional ,os meus dons natos e as recordações da infância e da adolescência percebo que segui a risca os conselhos de minha maē. As àreas onde atuei e as empresas que trabalhei ao longo da minha vida demonstram o quanto eu me perdi em meio a " qualquer coisa". 

Vendedora de loja, assistente de dentista, auxiliar administrativa,operadora  de micro,  depiladora, microempresária, gerente loja e tantas outras funções que me atribuiam por eu ser capaz de fazer " qualquer coisa". Não tinha medo e abraçava " qualquer coisa". 

Em algumas empresas onde trabalhei me chamavam de " A Coringa" , servia em qualquer função. Por um lado é òtimo ser assim tão versátil, mas por um outro lado, uma pessoa assim se perde em funções não qualificadas. 

Dons natos, tenho aos montes, mas algo dentro de mim ainda diz: Isto é " qualquer coisa", e assim tais talentos não se desenvolvem , não amadurecem e não se concretizam de forma prática . 

Libertar-se de tais lembranças da infância e da adolescência requer uma verdadeira lavagem cerebral. Esquecer aquilo que nos foi ensinado na infância é tarefa árdua. Podemos agir sempre contra, mas a informação colhida na època se manterá em alguma parte da nossa memória , nos levando a repetir sempre os mesmos erros . 

Ter consciência do nosso "todo" já é um bom começo. Somos feitos daquilo que vivênciamos, das experiências que tivemos ao longo de nossas vidas e das " palavras" que ouvimos de pessoas que nos são caras . 

Uma palavra, uma única palavra de estimulo ou desestimulo pode marcar uma criança para sempre. Somos feitos de emoções e aquilo que mais nos emociona ( positivamente , ou negativamente) é aquilo que restará dentro de nós. 

Reflexão do dia: Não economize elogios em relação ao seu filho e jamais o faça se sentir " qualquer coisa". 




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