domingo, 9 de março de 2014

Realidade virtual



Se eu estudasse sociologia , com certeza eu teria já acumulado muita materia  e informação para fazer uma tese  sobre o comportamento das pessoas ( no mundo) nas redes sociais. 

Desde mais ou menos 2004 , eu conhecí inúmeras pessoas através de sites de relacionamentos. Não sei dizer com precisão  quantas pessoas eu conheci virtualmente através do Skype e do Messenger. 

No começo eu chatava com norte americanos , que conheci em sites do tipo Match.com, para passar o tempo e praticar o inglês.  Não gostei muito do contato frio e direto dos americanos e partí para os portugueses e espanhois , pela facilidade da língua. Também não gostei muito. Portugueses são muito frios ( virtualmente) e espanhóis são blá , blá , blá demais , com pouco conteúdo, ou são tímidos demais. Sei lá! os diálogos não davam em nada. 

Tentei então um site brasileiro mesmo, o Par perfeito. Também não conheci ninguęm interessante , talvez um ou dois contatos que cheguei atę a conhecer quando estive no Brasil. O problema de alguns brasileiros é que   só ao saberem que  você mora do outro lado do mundo, já imaginam que um contato físico é impossível e nem te dão bola.

 Fiquei com a impressão de que o contato físico  e a proximidade física era algo muito mais importante do que conhecer realmente a pessoa. Afinal, a distāncia nos favorece com contatos mais verbais do que outro. 

Os italianos foram sem dúvida alguma a única raça que me fez muita companhia em todos estes anos de vida solitária no Japão.  Tanto em chats do messenger como no Skype, e por algumas vezes  até pessoalmente. 

 Dois deles vieram me conhecer no Japão , para um relacionamento afetivo e mais uns três apenas por amizade e intercâmbio cultural. Porém, com todos eles , tive um contato de no mínimo 3 mêses  virtualmente antes de conhece-los pessoalmente.  Troca de  números telefônicos , investigações sobre a formação, o trabalho e qualquer outra informação contida na net eram uma garantia para a minha segurança. 

No total devo ter conhecido virtualmente umas 100 ou 200 pessoas ( não tenho certeza, talvez mais)  , com quem eu mantive um certo contato , nem que fosse apenas amizade virtual. A maioria era de italianos . De tanto blá,blá, blá inútil, aprendi a falar italiano. Não foi tão inútil assim. 

Italianos são muito mais persistentes e pacientes quando o assunto é uma " donna"  interessante. Eles tem uma coisa que nenhuma outra raça tem, a lábia. Ainda bem que já conheço os tipos e nem me iludo com tanto " Ciao Bella". 

 Destas 200 pessoas , cheguei a falar por telefone com apenas 5, o resto era via Skype com video camera. Normalmente eram eles que me pediam o meu telefone, talvez por uma forma de segurança para eles , ou simplesmente para sair um pouco da virtualidade, que por vezes enche o saco de qualquer um. 

Sabe o que é você ligar o computador , conectar automaticamente no Skype e no messenger e em questão de segundos pular umas 5 pessoas te chamando no chat só para ficar de blá, blá, blá? 

Por mais que vocē queira ser educado e diplomático sempre vai ter aquela hora que é inadequada para tais contatos virtuais e você simplesmente não responde. Não é má vontade ou má educação, mas chats prendem muito o nosso tempo . 

As pessoas deveriam ser reeducadas virtualmente para compreenderem que mandar mensagem virtual  é  uma coisa, e ficar de conversa fiada no chat é outra bem diferente. Ninguém respeita horários quando o contato é virtual. Pior ainda quando o seu contato mora do outro lado do planeta e tem uma vida e uma rotina que você desconhece.  

Nestes casos é sempre aconselhável manter o bom senso e imaginar que a pessoa do outro lado está dormindo, ou acompanhada, ou trabalhando, ou apenas não está com disposição para estar digitando naquele momento e se prendendo na frente do computador para assuntos que não são urgentes. 

Eu sempre digo que a virtualidade cria uma intimidade que na realidade ainda não existe, e isto é uma grande verdade. Não é o fato de ver uma pessoa on-line todos os dias no seu facebook que vai faze-la mais íntima, ou que a pessoa está a sua disposição 24 horas. 

Conhecer a uma pessoa virtualmente , que seja para amizade, troca de informações, intercâmbio cultural, ou para um futuro relacionamento afetivo requer uma boa dose de bom senso. 

Aquilo que tenho observado nos meus quase 9 ou 10 anos de virtualidade , é que as pessoas costumam se perder em assuntos que por muitas vezes nem fazem parte da realidade de cada um.

Até mesmo no mundo virtual é preciso saber o quê se está buscando ao utilizar esta nova ferramenta , que aliás, nem é tão  nova assim. 

Eu, particularmente uso a internet frequentemente para escrever, ler notícias, ter notícias de amigos e familiares distantes e intercâmbio cultural. Só adiciono no meu facebook pessoas que tenham algum interesse em comum. Se não são amigos ( reais) , são pessoas que me interessam por algum motivo. Praticar línguas é uma delas. Blogueiros e vlogueiros também  são pessoas bem interessantes. 

Confesso que já conheci algumas pessoas virtualmente com a intenção de viver algum relacionamento afetivo, mas na prática ( pelo menos para mim) todas as vezes ( sem exceção) que me dispus a conhecer alguém de verdade tinha mais a ver com uma conotação puramente cultural, ou seja, a curiosidade de conhecer novos mundos . 

À partir desta motivação , se o relacionamento em sí vai dar certo ou não,  se renderá uma boa amizade , ou uma frustrante experiência pessoal, vai depender muito de outros fatores que nem interessam se é virtual ou não. A tal da afinidade de pensamentos, como em qualquer outro tipo de  relacionamento.  Seja ele virtual ,ou não. 



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