Estando no Brasil viver uma " vida louca" é sinônimo de festas, baladas e muitos imprevistos festivos sem data nem hora certa pra acontecer. Agora, imagina a vida louca aqui na terrinha fos comedores de carne de baleia?
Aqui " vida louca" é ir trabalhar das 8:00 da noite até as 8:00 da manhã e ainda voltar no mesmo dia as 3 da tarde pra fazer outro turno . Coisa tão normal!
Outro dia eu estava comentando com uma amiga japa sobre esta " vida louca" dos japoneses que priorizam sempre o trabalho. Não importa se você está fingindo trabalhar , mas é muito nobre estar no trabalho enquanto outros estão em casa. É a mentalidade local, não tem jeito.
Por mais que você queira sair desta tendência japonesa, até mesmo em época de crise , nós acabamos tomados por esta cultura local e qualquer " hora extra" no trabalho acaba sendo sempre prioridade.
Difícil para nós estrangeiros que estamos habituados a ter finais de semana remunerados pra sair e encher a cara com os amigos, dançar, ficar, paquerar , ir ao cinema. Enfim, coisas normais e necessárias para uma vida saudável. Aqui no Japão tempo é dinheiro.
Eu estou tentando me encontrar com um amigo italiano hà meses. Ele é o único que me entende e talvez eu seja a única alma humana que entenda as suas aflições também.
Quando nos encontramos é um tal de se lamentar da vida. Italianos gostam de reclamar da vida. Mas nestas condições, encontrar alguém que nos entenda e seja neutro ( não japonês) e nos entenda e nos ouça , é realmente uma terapia.
O nosso maior problema é a falta de tempo. Ele trabalha direto , sei lá quantas horas em um restaurante italiano e folga no meio da semana. Eu folgo de domingo e segunda. Difícil nos encontrarmos. A última vez que nos encontramos eu creio que foi no ano passado , nem me lembro mais.
Pra mim ele é o meu " fratellino del cuore" ( irmãozinho do coração) , ele é mais novo que o meu irmão , que no passado era o meu protegido. Gosto de ter a sensação de ter amigos que são del cuore. Bom, pelo menos pra mim é assim que eu o vejo, posso estar enganada. Espero que não, seria uma desilusão romanesca muito grande.
Quando eu o conhecí ele era cheio de sonhos. Queria viver no Japão o seu sonho adolescente. Ele se casou com uma japonesa aqui de Shizuoka neste meio tempo e já tem até uma bella bambina. Mesmo com uma vida que deveria ser " normal" aqui em terras nipônicas, afinal ele concretizou o seu sonho, ele ainda se lamenta da falta que lhe faz a sua bella Italia .
Eu o entendo muito bem. Não que me faça falta o meu Brasil, acho que perdi o " tesão" pelo Brasil desde a última vez que retornei ao meu país, mas entendo muito bem a " falta" que ele sente da Itália, um país que simplesmente nos apaixona . É diferente de estar habituado com o nosso país de origem( no meu caso o Brasil), a Itália é um país que nos inspira tantas coisas, tantas emoções.
Existe vida e emoção em cada esquina, em cada parede pintada ( afrescos) , em cada ponte, em cada monumento histórico, em cada estátua esculpida por mãos geniosas.
Existe paixão.
Tá aí uma coisa que me faz muita falta na terrinha dos comedores de miojo lamen com carne fresca de baleia... a paixão...
Voltando do trabalho às 4 da manhã , coisa normal por aqui, o que me resta é encher uma taça de vinho tinto e levantar um brinde a esta " vida louca" japonesa.
Salute!! tim tim !
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