domingo, 5 de outubro de 2014

As voltas que a vida dá

      


Domingão chuvoso, com risco de chegar um tufão , o tal do tufão número 18. Muitas notícias na tv japonesa, e infelizmente notícias tristes. Como sempre, notícias de desastres naturais que levam muitas vidas. 

Minha amicissima peruana/japonesa, dorme . Daqui hã poucas horas ela deverá se levantar para sair ao trabalho as 4:00 da manhã. Ela trabalha em turnos alternados como a muitos por aqui. 

Aproveitei o domingo e o silêncio para tirar um cochilo e para ler. Começei a ler meus antigos posts  que escrevi antes de ir para a Suiça hà uns 3 anos atrás. Haviam relatos , feitos por mim mesma, que eu nem me lembrava mais. Como é bom poder guardar tudo aqui no meu diário de bordo. 

Ontem estive com uma amiga japonesa, a mesma que descrevi em um breve texto hà 3 anos atrás. Fomos ao super mercado, ao shopping , lanchar juntas e ainda saímos atrás de uma bicicleta para mim as 11:30 da noite. Esta mesma amiga japonesa que sempre me " FU" no trabalho , é a mesma que tirou um dia de folga ( coisa rara ) hà 3 anos atrás para estar comigo por ultima vez e se despedir de mim. Esta mesma amiga que na época,  fez questão em sair do trabalho ( de madrugada) e me levar ao ponto de ônibus de carro para que eu não gastasse com taxi até o ponto do ônibus  executivo  que me levaria ao aeroporto de Narita em Toquio. 

Esta mesma amiga japonesa que hà 2 anos atràs foi  me buscar de carro na estação de trem quando decidi regressar para Shizuoka no meu antigo trabalho , que aliàs, eu havia literalmente abandonado quando houve o tsunami de 2011. 

Relendo o meu antigo post, pude perceber o quanto esta minha amiga japonesa me protege e me quer bem. E olha que eu nunca fiz nada demais para merecer tanta consideração. 

Ela sempre foi uma pessoa muito ùtil para mim em terras nipônicas e talvez porisso mesmo segui sendo sua amiga apesar de ter muitas divergências com ela no ambiente de trabalho. Por vezes, não suportava nem a sua presença e me escapava dela com muita frequência. 

Hoje, passados quase 7 anos , percebo o quanto esta amiga me quer bem, apesar de todas as diferenças culturais e de mentalidade. Aliás, ela é bem preconceituosa com relação aos estrangeiros. Ela é daquelas japonesas que sempre foi contra a contratação de brasileiros no setor onde trabalhavamos juntas e ainda por cima despejava todo o seu preconceito em palavras ríspidas mesmo na minha presença. 

Aos poucos ela foi aprendendo a controlar as suas críticas e a compreender que o seu preconceito com relação aos estrangeiros me afetava também. Afinal, eu também sou estrangeira aqui. 

Posso dizer que tal amizade tem sido pra lá de cármica, porque nos fez aceitar uma a outra apesar das diferenças, e apesar de todo o preconceito que rondava a nossa relação. 

Com esta amiga japonesa estou aprendendo a aceitar aos japoneses como são, e a respeitar a forma como vivem e compreendem o mundo. Não cabem mais comparações aqui. Ela é uma típica japonesa , não  posso querer  que ela seja diferente. 

E quanto a mim, sou apenas uma viajante...

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