terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Absorvendo a filosofia local

A cada programa de tv japonesa que eu assisto, aprendo um pouco mais sobre esta gente. Os japoneses, apesar dos pesares, são o povo mais sábio que eu já conheci. Mesmo em programas de Baraiti, que são os programas de auditório japonês, muitas vezes estes programas são meio idiotas, mas a base destes programas de tv é a de unir várias personalidades famosas e menos famosas também e fazer uma verdadeira salada animada onde se fala sobre tudo. Dá até a impressão de que não existe um roteiro para este tipo de programa, tamanha é a descontração dos participantes. Coisa rara de se ver entre os japoneses no dia-á-dia.Ou , sou eu que ainda não tive a oportunidade de conhecer este lado japonês...
Em um dos programas de Baraiti, uma meia dúzia de participantes do programa, entre cantores que fizeram fama nos anos 80, jovens que ainda não tem um papel definido na tv, ex-modelos, comediantes e atores famosos, fizeram uma visita à residência de um conhecido cantor japonês que fez muito sucesso nos anos 80. Tipo o Gugu vai a sua casa.
Nestas visitas os japas invadem a residência de famosos para mostrar um pouco como eles vivem. A maioria vive muito bem obrigado, em casas espaçosas cheias de luxo com os seus bichinhos de estimação. Todo japonês famoso tem pelo menos um cão em casa que é tratado melhor do que os proprios filhos, com muito amor e regalias. Aqui no Japão é muito melhor ser um cão do que gente. Não existem caes de rua, mas em compensação tem vários gatos largados pelas ruas, que eles chamam de "Nora", ou seja, vira-latas. Mesmo assim, os japoneses amam os seus bichinhos de estimação, entre gatos e caes. Todo mundo tem um pet. Eu estou louca por ter um poodle aqui, mas deixa-los sozinhos em casa é uma preocupação muito grande. Falta de espaço para eles, o calor do verão japonês e principalmente a falta de tempo . É preciso pensar duas vezes antes de te-los a casa.
Mas voltando à casa do famoso personagem japones , um tal de Makoto ou Mokoto, sei lá. Já esqueci o nome dele. É um senhor já com seus 60 anos ou 50, não sei dizer. Ele se casou pela segunda vez, a pouco tempo (2 anos) com uma senhora mais jovem do que ele, de uns 45 anos que não é do meio artistico e tem uma filha de 23 anos. No meio da entrevista perguntaram a ele porque ele tinha se casado novamente nesta fase da vida. Achei a resposta dele muito contundente e cheia de sabedoria.
Segundo ele, a única forma de protege-las (mae e filha), era casando-se, e então ele fez a proposta de casamento. Simples não? Aqui no Japão o povo se casa ainda , muito mais por respeito ao seu parceiro do que outra coisa., mas se divorciam em um passe de mágica também. Parece que eles , os japas são lentos, mas são rapidinhos em certas coisas.
O japonês passa sempre a impressão de ser extremamente frio e materialista, porque vive em função do trabalho (esta é uma das filosofias japonesas), e pouquissimas vezes demonstram os seus verdadeiros sentimentos (herdei esta parte japonesa), mas se formos fazer uma pequena comparação entre os japoneses e os outros povos que eu conheci (só posso falar daquilo que conheço), os japoneses demonstram o seu afeto através de "atitudes" e não de "palavras", como o fazem os italianos por exemplo. A frieza japonesa é apenas introspecção e não frieza de sentimentos como percebemos nos alemaes e nos suiços por exemplo. O japonês nunca demonstra os seus sentimentos, mas chora por qualquer coisa , e em público. Não que eles queiram demonstrar esta fraqueza, mas não conseguem conter as lágrimas por coisas que  nós brasileiros considerariamos meio idiotas, ou de pouca importância. Ah, os brasileiros. Como descreve-los? É sempre difícil descrever o brasileiro quando estamos aqui do outro lado. Fazer comparações então, piorou. São povos muito distintos.Mas a característica do brasileiro é para mim (comparando com outras raças), um pouco oba-oba. Não existe uma filosofia de vida ou uma tendência. Se pode dizer apenas que é um povo mais livre e alegre que adora estar andando em bandos, no meio de uma multidão barulhenta. Coisa que os asiáticos não curtem muito e nem os europeus. Aliás, o europeu (fora os italianos), são muito mais silenciosos do que os japoneses. Não se ouve uma buzina, nem um rumor quando enfileirados nas estradas principais da europa. Vários carros de vários países parados  em uma auto-estrada e um silencio quase assustador. Imagina se fosse no Brasil.
Em fim, depois deste bla´,blá,blá todo. Aquilo que quero ressaltar é, que sem dúvida alguma, é mais fácil conviver em sociedade quando sabemos oque esperar das pessoas. Cada qual com o seu papel social bem definido, uma filosofia de vida local, ou simplesmente parâmetros para viver e conviver .
Não que seja a melhor forma de se levar a vida, é apenas o ponto de vista de alguém que conheceu algumas culturas . Como sempre digo: Não existem verdades absolutas. Aquilo que serve para mim hoje, pode não servir para outros. Resta sempre apenas o respeito pelas culturas locais quando vivemos inseridas nelas. Nenhuma cultura é melhor do que a outra, elas simplesmente servem ou não servem.


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