Vó Benta e tia Anastàcia - Sitio do pica-pau amarelo.
Conversando ao telefone com a minha queridissima "titia" , contei a ela que havia conhecido um tipo muito interessante de uma outra cultura. Ela logo disse: - Mas outra vez?
Titia é uma mulher de 62 anos , super pra frente ,inteligente e realizadissima financeiramente, as custas do seu próprio trabalho. Enviuvou aos 33 anos com dois filhos pequenos para criar. No meio do desespero de ficar sozinha e mal vista como a "viuva" da família ela se apressou a unir-se a um outro companheiro, mas lá pelos 50 e tantos anos ela decidiu que se virava bem melhor sozinha e se tornou adepta da seita : "Antes só do que mal acompanhada".
Hoje, ela vive bem sozinha ( em termos) , mas sempre reclama de não ter uma companhia para viajar. Ela já viajou o mundo e só não viajou mais por falta de tempo e companhia. Para mim, titia é um exemplo de mulher independente e determinada.
Voltando ao assunto dos meus "conhecimentos" interculturais, titia já não se surpreende mais quando eu digo a ela que conhecí um árabe, um turco, um alemão ou qualquer outro pretendente a intercambista cultural afetivo. Porém ela sempre questiona as intenções dos meus futuros pretendentes a "intercambistas culturais".
- Mas ele não se importa com a diferença de idade porque não quer casar, se quisesse casar teria problemas. Assim retrucou- me titia.
Mas cá entre nós! Eu nunca fui uma casamenteira, vamos admitir. E não há mal algum em não ter uma inclinação ao matrimônio. Não somos melhores ou piores por não ter este " ideal" como prioridade na vida.
Existem relacionamentos e relacionamentos, e cada qual tem o seu valor. Não quero afirmar que eu sou uma " ficante" compulsiva. Nem gosto deste modismo brasileiro do "ficar". Aposto em relacionamentos sem rotular ou determinar o tempo de validade. O importante para mim é a qualidade da relação, a boa comunicação , o respeito e o momento. Se o momento pede apenas aventuras, assim será, e se o momento pede maior comprometimento assim deve ser. Simples assim.
Mas titia, apesar de ser uma mulher já idosa e super pra frente, é conservadora em questões afetivas. Creio que a grande maioria dos brasileiros também é. O brasileiro vive dividido entre a liberdade ( por vezes libertinagem) e um certo conservadorismo .
Ficar para titia por exemplo, nunca ter se casado ou apesar de já estar na casa dos trinta não ter nenhum pretendente fixo ainda causa um certo embaraço para muitas brasileiras. As pessoas cobram. Pior para a ala masculina que logo são rotulados de frouxos ou boiolas. No Brasil tudo é coisa de boiola. Incrível!
Eu particularmente não vejo mal algum em viver a solteirisse prolongada, só penso ser uma pena que muitos jovens dos seus 20 aos seus 30 e poucos anos continuem sozinhos sem aproveitar a melhor fase da vida sob um aspecto sexual. Sexo é bom e faz bem a saúde , a pele e a auto-estima, e ter um namorado que é a perfeição da combinação quimica vale muito mais do que 20 anos de matrimônio convencional. Eu disse um namorado, não ficante e nem pretendente a suposto futuro marido.
A vida tem muito mais a oferecer do que um matrimônio convencional com filhos, marido, sogra, cunhadas e toda aquela parafernália que vem junto. Criar as nossas próprias opções de relacionamentos deveria ser uma coisa natural, sem cobranças e nem rótulos.
Não há vergonha nenhuma em estar solterissima por anos, ou viver um caso fogoso e apaixonante por anos à fio sem fins de compromisso. O mais importante, sob o meu ponto de vista, é não se privar jamais das nossas necessidades mais bàsicas em nome dos bons costumes e do conservadorismo de nossas titias, pais ou avós.
O importante é ser sempre discreto com a própria vida , porque em qualquer cultura, seja no Brasil, na Europa ou no Japão, puta é puta.
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